Redução da maioridade penal: não há que comemorar
* Por João Marcelo Souza
Não há o que comemorar!
Nem para aqueles que votaram SIM para a redução da maioridade penal e ganharam a votação do dia 01/07/2015, nem para aqueles que votaram NÃO para a redução da maioridade penal e “ganharam” a votação do dia 30/06/2015.
A possibilidade de um endurecimento da
punição para menores infratores seja ela através da redução da
maioridade penal, seja ela alterando o tempo de internação dos menores
previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, é tão somente a
solução encontrada para coibir a violência cometida por uma parcela
desses menores.
O endurecimento da
punição de longe é a solução para o problema. É como sereno para apagar
incêndio na floresta. Ninguém, realmente, quer saber o que está
acontecendo. Por que a juventude mostra uma faceta tão violenta?
Garotos(as) que perderam a noção dos seus próprios limites, da percepção
do outro, do viver em sociedade, em comunidade. Parece-me um pouco com o
fenômeno conhecido como bullying, que ocorre nas escolas, onde uma criança persegue a outra de forma cruel e desumana. Por quê?
Quais
são as reais origens dessas formas de se comportar? Falta de valores
familiares, incentivo ao consumo desenfreado, discrepância
socioeconômica, uma política sobre drogas falida… Nós não sabemos meus
amigos e parece que não queremos saber o que está acontecendo. E pior,
acabamos acreditando que a punição é a solução.
O
que se viu na sessão da Câmara dos Deputados no dia 01 de julho foi uma
discussão rasteira e baixa sobre um tema tão relevante para os
brasileiros. Onde os parlamentares com cartazes, faixas e botons gritavam palavras de ordem, querendo vencer uma guerra onde não há vencedores.
Votei
contra, por acreditar que mudar uma cláusula pétrea da Constituição é
um prejuízo irreparável para todos nós. É menor prejuízo alterar a lei
infraconstitucional, o ECA, aumentando o tempo de internação do menor,
do que diminuir a maioridade penal que poderá, inclusive, acarretar em
outras mudanças legais.
Esta batalha
está sendo perdida, dia a dia. Se não formos a fundo à questão revendo
nossas posições quanto à educação, saúde, participação política e social
pouco alterará a situação de insegurança e violência que estamos
vivendo.
Assim, repito, não há o que comemorar!
*João Marcelo Souza é deputado federal pelo PMDB-MA