Marcio Lobão: Presidente da BrasilCap, homem dos bons vinhos e amante de obras de arte
O filho do senador Edison Lobão (PMDB-MA) é um dos alvos de operação sobre esquema de propina na construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, como revela O GLOBO.
Filho e irmão de senadores, Márcio Lobão passou a última década na presidência da Brasilcap, braço dos planos de capitalização do Banco do Brasil. Em 2008, foi promovido à chefia da empresa justamente quando o pai, Edison Lobão, negociava a saída do DEM, partido de oposição, para o PMDB, então base aliada do governo petista. O advogado tomou posse em 24 de setembro de 2007 no que foi considerado à época uma clara indicação do senador ao posto na empresa, que, embora privada, guardava forte influência do BB — 49,99% de seu capital.
Na ocasião da escolha de Márcio, a Brasilcap negou a interferência política na presidência. O argumento era de que o filho do senador havia sido indicado pelo Conselho de Administração da companhia. O critério seria a atuação dele no grupo de seguridade do banco, durante oito anos, e na diretoria da empresa coligada Brasilveículos. Ainda assim, o sobrenome pesava na promoção: o pai assumiria dali a meses o Ministério de Minas e Energia.
A nova fase da Lava-Jato, batizada de “Leviatã”, mira desvios e pagamentos de propina em contratos da Hidrelétrica de Belo Monte. Márcio Lobão, um dos alvos da operação nesta quinta-feira, apareceu ligado aos malfeitos do pai pela primeira vez em junho de 2016, na delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Mas os detalhes quanto à participação da família Lobão na partilha de propina da hidrelétrica couberam ao ex-executivo da Andrade Gutierrez Flávio Barra. Segundo ele, Edison Lobão indicou o filho como o contato para receber dinheiro destinado ao PMDB.
Vinhos e obras de arte
Amante de vinhos franceses e colecionador de obras de arte, Márcio Lobão, um dos alvos de hoje da Lava-Jato, apareceu pela primeira vez nos malfeitos ligados ao pai senador em junho de 2016, quando tornou-se pública a delação de Sérgio Machado.
Era Marcio quem recebia, em mãos, um mensalão de R$ 300 mil, conforme Machado.
Márcio Lobão é conhecido por ser amante de bons vinhos tintos franceses (dá preferência aos de Bordeaux). Participa de várias confrarias de amantes de boas safras. É dono de uma adega de qualidade.
Notabilizou-se também, desde que foi morar no Rio de Janeiro, há pouco mais de uma década, por colecionar obras de arte. Tem um excelente acervo. Parte deles adorna paredes até dos banheiros e lavabos do seu apartamento de frente para o mar do Leme.
Grande comprador de obras de arte, casou-se com a filha de um dos maiores colecionadores do país e empregou-a no gabinete do pai.
Ele foi sócio de um ruinoso presidente do fundo Postalis numa importadora de BMWs, mas sempre manteve-se discreto.