Segurança
volta a ser a pauta mais discutida
no legislativo municipal
O
anúncio de que a Câmara Municipal de Caxias (CMC) recepcionará a Assembleia
Legislativa do Maranhão (ALEMA) na sexta-feira 5 de maio, transmitido aos
pares, nesta segunda-feira (24), pelo presidente do legislativo, vereador
Ricardo Rodrigues, foi sem dúvida o tema mais relevante na reunião parlamentar
do início da semana na Casa do Povo.
Contudo, com a presença de 16 dos 19
vereadores, o encontro permitiu também argumentações no plenário da CMC sobre a
deficiência do sistema de segurança da cidade, em que pese o esforço das
autoridades locais para lidar com o problema, manifestação de ponto de vista
sobre o momento vivenciado pelo agronegócio e a agricultura familiar no
município, e torcida para a gestão municipal levar logo a sua frota de máquinas
para iniciar a recuperação as estradas da zona rural prejudicadas pelas fortes
chuvas que têm caído em Caxias.
Refletindo sobre a segurança, o
vereador Gentil Oliveira (PV), cujo parente, o advogado Ronaldo de Oliveira
Sousa Rego, de 27 anos, foi assassinado no último dia 19, no bairro São
Francisco, sem qualquer discussão, por um matador de aluguel que se fez passar
por entregador de fast food no
próprio local de trabalho do pai, foi o primeiro a se manifestar sobre a
insegurança que parece dominar Caxias hoje. Segundo ele, Caxias está vivendo
momentos de terror e os cidadãos se mostram apavorados com a situação.
Para o vereador, o governo do estado
precisa urgentemente aumentar o contingente de policiais no município, e fazer
como fez em Timon, que hoje tem o dobro do efetivo policial de Caxias, mesmo
com um número muito menor de povoados. Lembrando do que aconteceu com o seu
parente, ele expressou que há necessidade da presença de um médico legista em
Caxias, pois não é possível que uma família, em pleno sofrimento, tenha que
esperar duas horas pela chegada de um profissional de Timon para atender uma
ocorrência, a exemplo do que aconteceu com o falecido advogado Ronaldo Rego.
Gentil frisou que a situação é tão
grave que um advogado não está mais podendo exercer a sua profissão em Caxias,
ameaçados por criminosos. “A classe está sendo perseguida, mas agradeço o
comparecimento da comitiva da AOB que veio de São Luís para confortar a
família, liderada pelo presidente Kaio Saraiva, juntamente com a presidente da Subseção
da OAB de Caxias, Amanda Glauca, que acompanharam a perícia e já agendaram
contatos com o Delegado Geral de Polícia, a Superintendência de Polícia do
Interior, e marcaram audiência com o Secretário de Estado da Segurança Maurício
Martins para esta terça-feira (25).
O vereador Darlan Almeida (PL), que
durante a sessão enalteceu o trabalho da secretária Ana Célia Damasceno, da
pasta de Educação, ao promover uma homenagem pelos 200 anos do nascimento do
poeta Gonçalves Dias no Colégio São José,
sequenciando o colega, não só endossou suas palavras como destacou que a problemática
da segurança em Caxias é uma questão que vem sendo reivindicada desde a
legislatura passada, quando o vereador Catulé (Republicanos) dirigiu a casa.
“Lembro que na ocasião conseguimos o
desmembramento do 2º Batalhão da Polícia Militar, sediado em Caxias, que à
época cobria vários municípios da região, e conseguimos que ficasse apenas com
a jurisdição de Caxias, Aldeias Altas e São João do Sóter, a fim de
preservarmos mais policiais para nossa área e melhorar o policiamento. Mesmo
assim, nosso índice de violência só vem aumentando. É preciso que o Governo do
Estado, a Secretaria de Estado da Segurança, ofereçam um maior esforço para a
região de Caxias, uma vez que todo dia é assaltante levando moto, é homicídio
de advogado, são os assaltos à luz do dia. Isso tem que parar, e nossa casa tem
de lutar para termos mais aparato policial, tanto na cidade como nos povoados
da zona rural”, ressaltou.
O vereador Antônio Ramos (Republicanos),
ao entrar na discussão e justificar os seus requerimentos do dia, falou também
da tragédia do advogado caxiense, um jovem que viu crescer por ser amigo da
família. “O estado em que seu pai ficou, você ter um filho e vê-lo naquela
situação, é coisa abala qualquer um de nós”, esfatizou, assinalando que espera
que todos os meios sejam utulizados e cheguem à pessoa que tirou a vida de
Ronaldo.
O vereador Neto do Sindicato também
hipotecou condolências ao vereador Gentil Oliveira e à família enlutada do advogado,
pedindo a união da casa em prol de uma busca maior por segurança em Caxias,
destacando que isso é fundamental para a cidade e a sociedade caxiense, porque
não é possível haver desenvolvimento sem segurança.
O parlamentar, porém, depois mudou
de assunto, e trouxe a plenário as últimas ocorrências no ambiente político do
Maranhão, quando cidades maranhenses foram citadas em rede nacional de
televisão como verdadeiros ambientes de corrupção, a partir de tratamentos
médicos realizados às sequelas dos acometidos pela Covid-19.
Neto, que faz questão de enfatizar
que, mais de que um sindicalista, acima de tudo, é um trabalhador rural,
observou a situação que está acontecendo com o meio ambiente do município de
Caxias, ora tomado por muitos investimentos do agronegócio.
“Assisto que o agronegócio é muito
incentivado, coisa que não acontece com a agricultura familiar. É flagrante a
ausência de técnicos agrícolas nas escolas da zona rural, política que não está
sendo bem aplicada no município de Caxias. O agronegócio é que tem o desconto
dos impostos, enquanto a agricultura familiar mal tem os recursos do PRONAF”,
disse, exortando a sensibilidade dos colegas para uma situação que vê como
muito grave e está acontecendo no meio rural de Caxias.
O vereador Charles James
(Solidariedade) também se manifestou no pequeno expediente, reforçando que o
papel do vereador é sempre trabalhar cada vez mais para melhorar a educação e a
saúde da população. Ele também lamentou o assassinato do advogado Ronaldo Rego,
e revelou o caso de um jovem evangélico baleado recentemente por assaltantes na
zona rural do município.
“Temos
que ir a São Luís cobrar um contingente maior, armas, equipamentos e veículos,
para melhorarmos a segurança na cidade e na zona rural, porque Caxias hoje está à mercê da bandidagem”, declarou,
agradecendo depois o trabalho que a Secretaria Municipal de Educação, Ciência e
Tecnologia vem realizando para melhorar sua estrutura, dentro do qual várias
escolas estão sendo concluídas para oferecerem o maior conforto aos alunos e
professores.
Confronto entre oposição e
situação
Os dois vereadores de oposição, Luís
Lacerda (PCdoB) e Daniel Barros (PDT), mostraram mais uma vez no grande
expediente esforço para criticarem a administração do prefeito Fábio Gentil
(Republicanos). Ambos se posicionar no grande expediente.
Lacerda, revelando que o prefeito
prefere viajar mais do que cuidar dos problemas da cidade, deixando à própria
sorte bairros como o Residencial Vila Paraíso, onde um ônibus escolar caiu em
um grande buraco e por pouco não feriu os alunos que transportava, e o
Cangalheiro, que até agora só tem três ruas asfaltadas. E insistiu que nessas
viagens à capital do estado ele procurasse apoio para resolver a insegurança
que toma conta de Caxias.
Para
ele, a MA-034, à altura do bairro Itapecuruzinho, também deve cortar a qualquer
momento, por conta da falta de assistência do governo, enquanto os concursados
chamados pela prefeitura sonham ainda com o primeiro pagamento anunciado, ao
mesmo tempo em que pessoas afastadas, com mais de 23 anos de trabalho, sofrem
para voltarem a seus empregos.
O colega Thyago Vilanova (Avante),
em aparte, endossou suas palavras e destacou que a gestão não deve apenas
trocar seus assessores e os deixarem sem os reursos para fazerem alguma coisa.
Para ele, por conta de tal atitude, as reivindicações que são levadas pelos
parlamentares não são atendidas.
O vereador do PCdoB lamentou que os
vereadores da base insistam em continuar apoiando a gestão municipal, apesar de
eles mesmos estarem sofrendo as consequências, ao assistirem seus pedidos sendo
protelados, ao mesmo tempo que, levando em conta as eleições de 2024, suas
bases eleitorais já são visitadas por membros da assessoria do prefeito
interessados no lugar deles. Daniel
Barros, que hipotecou solidariedade ao colega Gentil Oliveira pela morte do
primo advogado, um crime que, segundo ele, deixa toda a classe na qual se
inclui muito abalada, seguiu o exemplo
de Lacerda e classificou a gestão como inoperante na questão da segurança da
cidade, ressaltando que, embora todos saibam que a segurança é da esfera do
governo estadual, não custava nada preparar a guarda municipal para ajudar na
segurança da cidade.
“Nos últimos sete anos, entretanto,
só assisti o prefeito maltratando os guardas municipais de Caxias, enquanto em
outras cidades eles são prestigiados, melhor remunerados e já foram até
preparados para agirem com armamento”, disse. Para o parlamentar, os descasos
vão se acumulando: “São as pessoas que estão se ferindo caindo em valas na Vila
Paraíso; trabalhadores trabalhando sem receber, que, se cobram, os parentes são
perseguidos; as escolas que continuam sem aulas, por falta de
cuidadores e de merendeiras; e os concursados que ainda não receberam o salário
de março e, também, o de abril; e o prefeito jogando um contra o outro,
enganando todo mundo e, depois, saindo ganhando e se dando bem”, protestou.
O líder do governo na CMC, vereador
Charles James (Solidariedade), fez contraponto ao que os dois oposicionistas
disseram, mas o fez de forma diferente, sem deixar margem para argumentações
mais delicadas ou ofensivas ao modo de atuação provocativa dos parlamentares do
PCdoB e do PDT.
Cientificando a bancada do início
dos trabalhos de recuperação das estradas rurais do 3º Distrito, inclusive com
revitalização de pontes, Charles evidenciou que respeitava a argumentação dos
colegas, por entender que esse era o papel que tinham que representar no atual
momento, já que eram agentes experientes de outros momentos passados da vida do
município, onde chegaram até a ser protagonistas na administração, como foi o
caso do vereador Daniel Barros, que respondeu pela Secretaria Adjunta da Saúde
na gestão do ex-prefeito Léo Coutinho.
“Entendo que nós, como vereadores,
de alguma forma, maneira, temos é a obrigação de trabalhar pelo povo. Eu,
prefiro fazer assim, indo conversar com o prefeito, com os secretários, mas não
condeno quem ache que está fazendo isso a seu jeito. Assisti os colegas, aqui,
falando dos que não foram contratados, e me lembro também que antes eles
reclamavam que os concursados não era chamados. Ora, os contratados não foram
recontratados porque cerca de 300 concursados foram chamados. Quizera eu que
tivesse vaga para todos. A gestão cumpriu o que foi estabelecido como
obrigatoriedade no concurso público. Não foi uma questão de vontade,
simplesmente”, explicou.(Ascom/CMC)