Fantástico reconstitui momentos antes da queda da Ponte JK
Os últimos dias de 2024 são de buscas na divisa entre Tocantins e Maranhão, onde uma ponte colapsou.
Sete pessoas continuam desaparecidas no rio Tocantins e 10 morreram após a queda da estrutura, no domingo (22).
Negligência? Omissão? O que fez a ponte ruir? Reportagem do Fantástico reconstituiu a queda, acompanhou as buscas por vítimas e as investigações realizadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e pela Polícia Federal (PF).
As cenas da queda da ponte federal de uma BR de tamanha importância espantam, mas não surpreendem quem mora na região. A estrutura que colapsou fica entre as cidades de Aguiarnópolis, no Tocantins, e Estreito, no Maranhão.
A ponte JK foi construída em 1960. Na época, era dona de um recorde: o maior vão livre de ponte do Brasil. “Ela venceu um vão de 140 m”, diz o engenheiro civil Roberto Racanicchi, do Crea-SP. Mas de lá pra cá muita coisa mudou.
“O peso do tráfego que você tem sobre a ponte foi aumentando. Era projetada ali para 45 toneladas, né? E hoje a gente tem carreta que trafega pela essas pontes com 72 toneladas, 80 toneladas, né? Em 1998 foi feito um reforço por conta dessa necessidade de manutenção periódica”, complementa.
O Fantástico encontrou postagens nas redes sociais que mostram as condições precárias da ponte em 2015, 2018, 2019.
O governo federal já sabia que a ponte Juscelino Kubitschek tinha problemas – pelo menos desde de janeiro de 2020. Há quase cinco anos, o DNIT produziu um documento que já indicava danos e irregularidades e danos. O relatório indicava que havia fissuras em todas as colunas.
Cabos de aço – que sustentavam os vãos – estavam expostos, enferrujados
Havia também rachaduras.
O professor de engenharia consultado pelo Fantástico viu o relatório.
“Tem uma deformação que começa a crescer. Sobretudo, né, no meio do vão, onde é o ponto mais crítico de deformação. E ausência dos planos de manutenção, né? E de correção dos elementos estruturais.
Em maio de 2024, o DNIT abriu uma licitação para reparos. Mas o edital foi um fracasso. A empresa que venceu a concorrência não estava habilitada para o tipo de obra.
Em outubro, o Google Mapas passou pela ponte e registrou um pavimento com rachaduras.
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