Dilma e Michel Temer conversam pouco no desfile de 7 de setembro
O Globo
Um beijinho ao chegar no palanque e poucas palavras. O encontro da
presidente Dilma Rousseff com o vice Michel Temer durante o desfile do 7
de Setembro foi protocolar. O clima meramente formal entre a petista e o
presidente do PMDB ficou evidente não apenas pela linguagem corporal
dos dois, ao longo das quase duas horas em que permaneceram lado a lado
assistindo à apresentação militar, mas também pela ausência de ministros
peemedebistas. Dos sete ministros da legenda, apenas um compareceu:
Hélder Barbalho, da Pesca.
Até sexta-feira, Michel Temer não havia definido se iria ao 7 de
Setembro. Durante o fim de semana, no entanto, o vice decidiu comparecer
para explicitar a imagem de que não está rompido com a presidente. Ele
chegou a Brasília no fim da tarde de domingo. Ontem, depois de
acompanhar o desfile ao lado de Dilma, o vice foi para o Palácio do
Jaburu, sua residência oficial, e não falou mais com a presidente.
Ministros petistas tentaram minimizar as ausências de peemedebistas e
o distanciamento da presidente e seu vice durante o evento. Temer foi o
primeiro a beijá-la, logo que Dilma desceu do Rolls-Royce que a levou
ao palanque. Mas, depois disso, os dois só conversaram duas vezes ao
longo do desfile, ambas rapidamente. Primeiro, Dilma dividiu com ele o
programa da apresentação e eles trocaram algumas palavras. Depois, ela
comentou com o vice algo sobre a pirâmide humana que o batalhão de
polícia do Exército de Brasília formava sob a arquibancada onde estavam.
Ao lado de Temer, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, intercedeu
algumas vezes, puxando os dois para uma conversa. Dilma, no entanto,
parecendo ignorar o vice, passou o braço por cima dele e cutucou Wagner
para comentar algo.
Após o desfile, o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, não
quis polemizar sobre a relação de Dilma com Temer, afirmando que o vice é
leal e comprometido com o governo.
— A relação é boa. O vice soltou uma nota muito firme, muito
explícita de qual é a sua postura em relação ao governo e à presidente
Dilma e o respeito que o presidente Temer tem à institucionalidade do
país. Tem tido ao longo de todos esses anos a postura de compromisso,
lealdade e diálogo com o conjunto das forças políticas que integram o
governo — declarou.
Ao lado da presidente estavam também dois ministros que estão sendo
investigados pelo Supremo Tribunal Federal: Edinho Silva (Comunicação
Social) e Aloizio Mercadante (Casa Civil). Edinho disse que Temer é o
símbolo da união do PT com o PMDB e que a relação do governo com o seu
maior aliado é honesta e transparente.
— (Temer) tem sido muito correto com a presidente Dilma, muito leal e
tem trabalhado muito para a construção de um ambiente político para que
o Brasil supere as dificuldades e que a gente volte a fazer a economia
crescer o mais rapidamente possível — afirmou Edinho.
Dos sete ministros do PMDB, não compareceram Katia Abreu
(Agricultura), Eduardo Braga (Minas e Energia), Henrique Eduardo Alves
(Turismo), Eliseu Padilha (Aviação Civil), Mangabeira Unger (Secretaria
de Assuntos Estratégicos) e Edinho Araújo (Portos). Também não estavam
presentes os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).