Dilma Rousseff X Aécio Neves: algumas comparações
Dilma Rousseff e Aécio Neves nasceram em Belo Horizonte, Minas Gerais. Dilma em 1947. Aécio em 1960.
O pai de Dilma era um imigrante búlgaro,
Pedro Rousseff, advogado e empresário. Aécio vem de uma família de
políticos. Seu avô materno era Tancredo Neves, que foi ministro da
Justiça de Getúlio Vargas, governador de Minas Gerais e primeiro
presidente civil eleito, ainda no colégio eleitoral, pelo MDB. O pai de
Aécio, Aécio Cunha, foi deputado federal pela Arena, partido que apoiava
a ditadura militar.
A jovem Dilma lutou como guerrilheira
contra a ditadura militar, foi presa e barbaramente torturada. Aécio era
criança no período.
Dilma e Aécio se formaram em economia. Dilma pela UFRGS e Aécio pela PUC-MG.
O primeiro emprego de Dilma foi aos 28
anos, como funcionária da FEE (Fundação de Economia e Estatística), de
onde seria demitida pela ditadura. Torna-se assessora da bancada do PDT,
partido no qual militava junto com o então marido, Carlos Araújo. Em
1986, é indicada secretária municipal da Fazenda do prefeito Alceu
Collares, de cuja campanha participara ativamente. Em 1989, indicada
pelo PDT, torna-se diretora-geral da Câmara de Vereadores.
Retorna à FEE em 1991 como sua
presidente, nomeada por Collares, agora governador do Rio Grande do Sul.
Em 1993, torna-se Secretária de Minas, Energia e Comunicações do
governo gaúcho. Em 1999, indicada pelo PDT, é nomeada Secretária das
Minas e Energia do governo Olívio Dutra. Em 2001, Dilma filia-se ao PT e
em 2002 integra a equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio
Lula da Silva. É indicada por Lula ministra das Minas e Energia e, em
2005, para a Casa Civil. Lula a lança candidata a presidente da
República e, em 2010, ela é eleita.
Aos 17 anos, enquanto estudava no Rio,
Aécio foi nomeado para seu primeiro emprego: oficial de gabinete do
Cade, orgão do ministério da Justiça, com sede na capital federal. Aos
19 anos, ainda estudando e morando no Rio, se tornou assessor do
gabinete do próprio pai, deputado federal, em Brasília. Em 1983, se
torna secretário particular do avô, o governador Tancredo Neves. Ao se
eleger presidente, Tancredo nomeou o neto como secretário de Assuntos
Especiais da Presidência –só em 1990 a prática de manter parentes sob a
chefia imediata foi proibida. Após a morte de Tancredo, recém-formado em
Economia, aos 25 anos, Aécio é nomeado diretor de loterias da Caixa
Econômica pelo presidente
José Sarney e por seu primo, o ministro
da Fazenda Francisco Dornelles. Em 1986, é eleito deputado federal e
reeleito em 1990, 1994 e 1998. Em 2002 foi eleito governador de Minas e
em 2006, reeleito.
Dilma é odiada pelos militares que participaram ou aprovam a ditadura. Aécio recebeu o apoio deles.
Dilma chama o golpe militar de “golpe”. Aécio chama o golpe de “revolução”.
O padrinho político de Dilma é o
ex-presidente Lula, do PT, cujo governo foi marcado pelo crescimento,
pela valorização das empresas e bancos públicos, pela diminuição da
desigualdade e da pobreza, pelo salário mínimo em alta, pelo fim da
dívida externa, pelo respeito à soberania nacional, pelo baixo
desemprego, pela valorização do ensino superior, pela abertura de novas
universidades e pela política externa voltada para a América do Sul,
para os países emergentes e para a África.
O padrinho político de Aécio (além de
seu avô Tancredo) é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB,
cujo governo foi marcado pelas privatizações de empresas públicas, pela
recessão, pelo desemprego, pela desigualdade, pela fome no Nordeste,
pelo salário mínimo em queda, pela dependência do FMI (Fundo Monetário
Internacional), pelo sucateamento do ensino superior e pela política
externa de subserviência aos Estados Unidos.
Entre os artistas que apoiam Dilma,
estão Chico Buarque, Luis Fernando Verissimo e Gilberto Gil. Aécio tem o
apoio de Chitãozinho & Xororó, Dado Dolabella e Luciano Huck.
Dilma recebeu o apoio do deputado
federal e militante da causa LGBT Jean Wyllys. Aécio tem o apoio dos
homofóbicos Marco Feliciano, Pastor Malafaia e Bolsonaro.
No primeiro turno, Dilma teve mais votos entre os mais pobres e negros. Aécio teve mais votos entre os mais ricos e brancos.
Quando Dilma sobe nas pesquisas, os
especuladores não gostam e a bolsa cai. Quando Aécio sobe nas pesquisas,
os especuladores comemoram e a bolsa sobe.
Dilma é rejeitada pelas multinacionais
do petróleo. A possibilidade de Aécio ser eleito já virou motivo de
comemoração para as multinacionais do petróleo.
Machistas odeiam Dilma. Machistas adoram Aécio e enumeram suas façanhas amorosas.
Dilma é contra a redução da maioridade penal. Aécio é a favor.
Dilma sofreu oposição ferrenha da
imprensa durante a maior parte do seu governo, mas nunca censurou nem
perseguiu ninguém, embora o PT seja acusado seguidas vezes pela mesma
imprensa de “atentar” contra a liberdade de expressão.
Aécio foi blindado pela imprensa local e
nacional durante toda a sua carreira política, mas é acusado de
censurar e perseguir jornalistas.
Nos governos do partido de Dilma, o PT,
todas as denúncias foram investigadas, permitindo que membros de seu
partido fossem punidos. Nos governos do partido de Aécio, o PSDB, todas
as denúncias foram engavetadas e ninguém jamais foi punido.
Dilma é a favor das cotas por raça e
renda. O vice de Aécio, Aloysio Nunes (PSDB), foi o único senador
brasileiro que votou contra as cotas.
O projeto econômico de Dilma é conhecido
e prioriza a justiça social. O projeto econômico de Aécio é obscuro e
prioriza o sistema financeiro.
Existem diferenças fundamentais entre Dilma e Aécio. É preciso ter olhos para ver