Os 160 anos de Teixeira Mendes - 1855-2015
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Raimundo Teixeira Mendes foi autor da Bandeira Republicana |
Raimundo Teixeira Mendes (é caxiense nascido no dia 05 de janeiro de 1855 e faleceu em 1927, aos 72 anos de idade na cidade do Rio de Janeiro) foi um filosofo, matemático brasileiro e autor da bandeira nacional republicana.
A importância de Teixeira Mendes reside na sua vigorosa e contínua
atuação política, filosófica, social e religiosa, baseada nos princípios
propostos pelo filósofo francês Augusto Comte, isto é, no Positivismo, em sua versão religiosa (a Religião da Humanidade). Assim como o companheiro, amigo e, a partir de certa altura, cunhado Miguel Lemos, Teixeira Mendes inicialmente aderiu à obra estritamente filosófica de Comte, ou seja,
ao "Sistema de Filosofia Positiva", recusando o "Sistema de Política
Positiva". Todavia, a partir de uma viagem de estudos que Miguel Lemos
empreendeu a Paris, em que se converteu à Religião da Humanidade,
Teixeira Mendes foi convencido pelo amigo da correção da obra religiosa
de Comte e a partir daí iniciou uma longa e importante carreira
apostólica e política, influenciando os eventos sociais no Brasil, a
partir de sua atuação na Igreja Positivista do Brasil, sediada no Rio de Janeiro (então capital do Império e, depois, da
República). Enquanto Miguel Lemos era o Diretor da Igreja, Teixeira
Mendes tornou-se seu vice-Diretor.
Ao longo da década de 1880 Miguel Lemos e Teixeira Mendes
empreenderam uma atividade de propaganda do Positivismo e de
interpretação da realidade sócio político-econômico brasileira à luz da
doutrina comtiana, o que, em termos práticos, significou, naquele
momento, na defesa da abolição da escravatura, da proclamação da republica,
na separação entre a Igreja e o Estado e na instituição geral de
reformas que permitissem a "incorporação do proletariado à sociedade"
(ou seja, a inclusão social, no jargão comtiano).
Em 1888 a abolição da escravatura veio coroar de êxito parcial seus
esforços, juntamente com diversos outros líderes e agitadores
abolicionistas. Todavia, sua importância tornou-se realmente grande em
1889, quando o também positivista religioso Benjamim Constant liderou o movimento que destituiu o Gabinete do Visconde de Ouro Preto e proclamou a República, no amanhecer do dia 15 de novembro.
Imediatamente após a proclamação da República, Miguel Lemos e
Teixeira Mendes reuniram-se com Benjamin Constant para avaliar o
movimento e a situação e apoiar ou não o novo regime. Embora preferissem
outra direção para os acontecimentos, a nova república tinha o apoio da
Igreja Positivista.
Quatro dias após a proclamação, no dia 19 de novembro, Teixeira
Mendes apresentou ao governo provisório, por meio do Ministro da
Agricultura, o também positivista Demétrio Ribeiro um projeto de bandeira nacional republicana, em substituição ao projeto anterior, cópia servil da
bandeira estadunidense (apenas com as cores trocadas). Esse projeto
atualizou a bandeira imperial, mantendo o verde e o amarelo - indicando
com isso a permanência da sociedade brasileira - e substituindo o brasão
imperial pela esfera armilar com uma idealização do céu do dia 15 de
novembro e o dístico "Ordem e Progresso" (da autoria de Augusto Comte)
- indicando a evolução para um regime político aperfeiçoado e o
espírito que deveria animar esse novo regime. O projeto foi prontamente
aceito.
Nas décadas seguintes a atuação de Teixeira Mendes fez somente
crescer, com a participação nos mais importantes eventos políticos da
nova república: a separação entre a Igreja e o Estado, a revolta da
vacina, a negociação dos limites territorias (por obra do Barão do Rio Branco), a participação do Brasil na I Guerra Mundial a legislação trabalhista (então inexistente), o respeito às mulheres, a proteção dos animais e inúmeros outros.
Embora desde 1905 Teixeira Mendes tenha assumido a liderança da
Igreja Positivista, em substituição a Miguel Lemos, que se encontrava
enfermo, não abandonou o título de "vice-Diretor" do Apostolado, mesmo
em 1917, quando Lemos faleceu.
Sua morte, em 1927, parece pressagiar igualmente o fim de uma etapa
do regime que ajudou a criar: aquilo que os historiadores posteriores
chamariam de "Republica Velha"
deixaria de existir três anos depois. Enterrado no cemitério S. João
Batista, no Rio de Janeiro, seu cortejo fúnebre parou a cidade do Rio.