Presidente da Câmara comemora decisão que mantém votação da PEC da Maioridade
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
comemorou a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso
de Mello, que negou pedido de liminar para suspender a votação da
proposta de emenda à Constituição (PEC) que reduz a maioridade penal de
18 para 16 anos. Em seu perfil na rede social Facebook, Cunha disse que a vontade da população venceu “a vontade de uma minoria política”.
Eduardo
Cunha tem reiterado, em entrevistas, que adotou um procedimento regular
e legal durante a votação da matéria. O pedido de liminar foi levado à
Corte Suprema por 102 parlamentares de 14 partidos – PMDB, PSB, PDT, PT,
PC do B, PPS, PROS, PSOL, PSDB, PV, DEM, PR, PSC e PTC –, que
criticaram o procedimento de Cunha durante a votação, por ter levado
para apreciação uma pauta mais branda sobre redução da maioridade menos
de 24 horas depois de a Casa ter rejeitado projeto semelhante.
Há
mais de uma semana, o plenário da Câmara rejeitou uma proposta de
redução da idade mínima penal e, após acordo com líderes, no dia
seguinte, um texto semelhante foi colocado em votação com algumas
alterações. Cunha defendeu que, com a rejeição do texto que foi
apresentado como substitutivo, uma emenda aglutinativa – que funde
textos de outras emendas ou do teor do texto de proposição principal –
poderia ser apreciada.
“Conforme eu já havia dito, a votação
respeitou o Regimento Interno da casa de forma cristalina. Não era a
mesma matéria, era uma matéria da qual foi rejeitado o substitutivo. A
proposta original ficou resguardada”, reforçou Cunha na publicação feita
neste sábado.
Ontem (10), o presidente da Câmara enviou uma
manifestação ao STF destacando que os parlamentares tentam “minar” o
andamento legislativo e explicou que não houve irregularidades no
processo, destacando que o Artigo 60 da Constituição Federal – que
proíbe que uma matéria seja votada mais de uma vez na mesma legislatura –
não pode ser aplicado ao caso de emendas aglutinativas. No documento
enviado à Corte, Cunha disse que o segundo turno de discussão e votação
exigidos para a aprovação de PECs será em agosto, depois do recesso
parlamentar que começa no próximo dia 18.
O ministro Celso de
Mello, que ocupa a presidência do STF durante o período do recesso
judiciário, explicou que negou a liminar que travaria a continuidade da
votação pelo “inexistente risco de irreversibilidade”. Segundo o
ministro, como a matéria ainda será votada em segundo turno e isso só
ocorrerá depois do recesso, “parece afastada a possibilidade de o
procedimento ritual concluir-se de imediato na Câmara dos Deputados,
ainda que o segundo turno de discussão (não, porém, de votação) possa
ter lugar nesta última semana do primeiro semestre legislativo”.
Para
o deputado Alessandro Molon (PT-RJ) a garantia de que o texto não será
colocado em votação na próxima semana foi um recuo do presidente da Casa
e o que motivou a decisão de Celso de Mello. “Conseguimos a primeira
vitória, que é impedir a votação da proposta em segundo turno na próxima
semana. Embora o Regimento [Interno da Câmara] permitisse [colocar em
votação], o presidente da Câmara teve que se comprometer a não votar
para evitar a liminar. Foi um recuo do presidente da Casa, que percebeu
que o Supremo tendia a frear a situação”, avaliou Molon.
Em
conversa com a reportagem da Agência Brasil, Molon explicou que os
deputados vão continuar mobilizados para tentar convencer parlamentares
que votaram a favor da matéria a mudar de posição até o segundo turno.
Caso não tenham sucesso e a matéria seja mantida como foi aprovada na
semana passada, o grupo vai insistir na briga judicial.
“Vamos
insistir com o Supremo [para] que, no momento oportuno, se pronuncie
sobre a questão que estamos levando, que é extremamente grave. O
comportamento do presidente, passando por cima do Regimento e da
Constituição, é uma medida grave para o Congresso, para a democracia e
para as minorias. A menos que a proposta seja rejeitada e, por si só,
morra”, afirmou o parlamentar fluminense.