Certos de quê Michel Temer cairá, Flavio Dino e Roseana Sarney se movimentam para ocupar espaço
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Uma liderada pelo governador Flávio Dino (PCdoB), outra pela ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), as duas forças políticas em confronto aberto no Maranhão recolhem parte do seu arsenal de guerra e iniciam uma tensa contagem regressiva para o dia 6 de junho, quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) retomará o julgamento da ação em que o PSDB pede a cassação da chapa Dilma Rousseff (PT) – Michel Temer (PMDB), que venceu a eleição presidencial de 2014. O governador Flávio Dino aposta na cassação, que terá como desfecho imediato a derrubada do presidente Michel Temer e seu cambaleante Governo, enquanto a ex-governadora Roseana Sarney alimenta, mesmo sabendo que, se sobreviver ao cutelo afiado da Justiça Eleitoral, o Governo pemedebista será mandado para o espaço pela via impeachment. Perfeitamente cientes desse desfecho, os dois líderes trabalham na surdina com vistas à eleição presidencial indireta, certos de que a escolha do novo presidente – provavelmente em julho ou, no máximo, em agosto – terá influência decisiva no cenário político e eleitoral de 2018.
O governador Flávio Dino mantém o discurso em que defende eleição direta já para escolher o presidente que comandará País para as eleições gerais do ano que vem, alimentando a possibilidade de o ex-presidente Lula da Silva (PT) aproveite esse vazio de lideranças e volte ao Palácio do Planalto. Sabe que a possibilidade é remota, a começar pelo fato de que deputados federais e senadores não deixará passar a oportunidade de eles próprios fazer a escolha. Movido por esse cenário, o governador articula discretamente nos bastidores, via PCdoB, o nome que, eleito presidente, será um bom interlocutor e lhe abrirá as portas do Palácio do Planalto e da Esplanada dos Ministérios. Dos nomes postos até aqui – o gaúcho Nelson Jobim (PMDB), o cearense Tasso Jereissati (PSDB), o fluminense Rodrigo Maia (DEM), o paulista Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e o goiano Henrique Meirelles (PSD) – corre nos bastidores que Flávio Dino torceria pelo ex-deputado federal e ex-ministro do Supremo Nelson Jobim. a quem admira e com quem cultiva boas relações. A segunda hipótese seria o presidente da Câmara Federal, deputado Rodrigo Maia, com quem cultiva sólida relação de amizade, apesar das diferenças políticas.
A ex-governadora Roseana Sarney não quer nem ouvir falar em diretas já, e, segundo fontes a ela ligadas, defende com firmeza a eleição indireta pelo Congresso nacional para eleger o substituto do presidente Michel Temer, cuja queda, avalia, é apenas uma questão de tempo. Roseana vinha apostando todas as suas fichas na permanência e num eventual sucesso do pemedebista, certa de que esse cenário a fortaleceria a ponto de encarar uma disputa do o governador Flávio Dino. A derrocada de Michel Temer está funcionando como um revés avassalador, com poder até de mandar para o arquivo o projeto de candidatura, que ainda não foi admitido oficialmente, mas que existe de fato, segundo fonte do Grupo Sarney. No caso da eleição indireta pelo Congresso, Roseana Sarney vai quebrar lança por Nelson Jobim, que seria a escolha do ex-presidente José Sarney (PMDB), tendo o deputado Rodrigo Maia como segunda opção e, em terceiro plano, o senador Tasso Jereissati.
Chama atenção o fato de que – segundo fontes ligadas aos dois -, Flávio Dino e Roseana Sarney coincidem nas duas primeiras opções em caso de eleição indireta e se não surgir um nome de consenso. Ambos quebram lanças por Nelson Jobim em primeiro plano, e por Rodrigo Maia, em segundo. Os dois querem distância de FHC e de Henrique Meireles. A coincidência nas duas escolhas, se efetivada, criará uma situação atípica no Maranhão: o futuro presidente da República, seja Jobim ou Maia, será cobrado para ficar de fora da disputa pelo Governo do Maranhão, deixando que as bandeiras dinistas e sarneysistas por Flávio Dino e provavelmente Lula da Silva, e Roseana Sarney e o candidato que o PMDB abraçar na corrida ao Palácio do Planalto.
No contexto dos acontecimentos já registrado e dos que estão por vir, governador Flávio Dino tem uma situação menos complicada do que Roseana Sarney. Ele tem um lado, um pré-candidato quase assumido e um discurso forte contra o atual governo, o que lhe uma sólida plataforma de campanha. Ela, ao contrário, ainda não tem inda um discurso, mas poderá escrevê-lo no momento em que a situação do presidente Michel Temer for definida.
do Repórter Tempo