"Trairagem" do senador Roberto Rocha é detonada em artigo por Chico Leitoa
por Chico Leitoa
Em 2014, aconteceu algo inusitado no Maranhão, a oposiçāo elegeu o Governador e o senador. Vitória espetacular. O Maranhâo dava um passo importante para sair da situaçāo vexatória que ostentara durante as últimas décadas.
Com os Mandatários imbuídos dos mesmos propósitos, exercendo as forças dos mandatos na mesma direção e mesmo sentido, em favor do povo que fez uma aposta nos novos eleitos, e em novos métodos, com certeza estariam criadas as condições para que fossem enfrentadas e revertidas as situações de milhões de Marahenses.
Nosso grupo em particular, teoricamente saíra forte: Governador eleito, Deputado Federal eleito, Deputado Estadual mais votado no Município e o Senador eleito. Este último com quem eu tinha mais ligação política do que com os outros eleitos, há muitos anos.
Terminadas as eleições, fui conversar com o amigo Senador eleito. Imaginava que, o que conversamos ao longo dos anos, aguardando aquele momento fosse verdadeiro.
Não lhe pedi nada, a não ser sua intervenção em algo que não achava justo, mas talvez pudesse resolver com um simples telefonema. Qual foi minha surpresa ouvi uma reação ríspida do irreconhecível Senador. Foi taxativo ao dizer que cada um usa as armas que tem. Que ele estava usando a sua que era o seu Mandato. Fiquei sem querer acreditar, apesar de já ter vivido situações parecidas, nunca se espera que possa acontecer novamente. Roberto, depois de proferir tais indelicadezas, foi pra sala do lado atender uma pessoa e segundo ele assinar a renúncia de Vice Prefeito de São Luís. Resolvi me retirar. Na passagem, Roberto, disparou: tava perguntando aqui o que é que vale mais, Vice Prefeito ou um saco de merda, e emendou: falei aqui que vale mais um saco de merda….Pensei: não é a mesma pessoa!!! Na saída encontrei com o Deputado Deoclides Macedo e o coloquei a par do que tinha ocorrido. Deoclides subiu pra falar com o poderoso Senador e eu me retirei dali com uma terrível sensação de ingratidão e com a decisão de mais ali retornar. Antes até fruta tinha ….
Lembrei de minha conversa com Conceição Andrade numa ala do Senado 24 anos atrás, sobre nosso apoio à candidatura de Jackson Lago ao governo do Maranhão. Agora, via sinais da repetição da história em frente à um Senador que ainda nem tinha tomado posse. Pensei: “Será o Benedito???”
A partir daquele dia, não fiz e nem recebi qualquer contato com o Senador. Até que no final de janeiro, recebi um Whatzap, daqueles que se manda para números registrados, convidando para sua posse. Respondi que não iria e me reportei a forma como fui tratado em seu escritório no Marcos Center. Registrei meu desapontamento, pois minha ligação com ele era maior inclusive do que com Flavio Dino e tinha esperança que seu Mandato de Senador fosse tido como uma conquista nossa, um ponto de equilibrio, e teríamos um parceiro em seu representante. Desejei boa sorte e tive o cuidado de pedir que ele não remetesse ao Município de Timon, ou ao Prefeito Luciano, qualquer represália. Que a relação litigiosa ficasse como ocorrera apenas entre nós dois. Era o mínimo que ele podia fazer. A final, Timon, numa eleição dura, através do nosso grupo, sob a liderança do Prefeito Luciano, lhe deu quase 60%.
Como não misturo as coisas, em algumas idas a Brasilia, procurei o gabinete do Senador, claro, com seu conhecimento, mas muito mais pela ligação com seu então chefe de gabinete. Mas concretamente, o único gesto positivo do Senador para com Timon, foi assinar um oficio em conjunto com o Senador Elmano Ferrer, solicitando do DNIT, estudo de viabilidade econômico/ambiental, para a construçāo da quarta ponte ligando Timon a Teresina.( näo concretizado ). No mais, todos os movimentos de Roberto, sāo de colocar o mandato que nós o ajudamos a conseguir, contra nós e o nosso municipio.
Primeiro juntou a bancada de 6 senadores do PSB e exigiu, junto à direção nacional do Partido, a destituição do Luciano da Presidência do PSB estadual, eleito democraticamente em congresso do Partido. Não tendo obtido êxito, se utilizou de um filiado para propor a intervenção no diretório maranhense. Também não conseguiu, mas fez e conseguiu algumas exigência$ colocando o filho como Presidente do Diretório Municipal de São Luis.
Em Timon, apoiou nossos adversários na eleiçāo de 2016. Agiu junto ao EX presidente Lula, prometendo seu voto no Senado contra a cassação de Dilma e nos tirou o PT em plena campanha, onde tivemos que refazer programas do horário gratuito pois o tempo do Partido estava contabilizado. Na votação, votou pela cassação e a direção nacional do PT reconduziu a silga pra nossa coligação, mas não tinha mais muito tempo. Prejudicou inclusive os candidatos a Vereador do Partido.
Roberto costuma dizer que não deve nada a ninguém pelo seu mandato, aí incluído Flavio Dino. E sem mais nem menos, achando-se o mais importantes dos políticos e que o mandato de senador é eterno, partiu pra cima dos que mais lhe ajudaram na campanha. Não quis conversa com quem votou nele. Criou uma psicose contra seus ex aliados e se faz acompanhar apenas e tão somente de quem lhe combateu, pois aí na convivência do dia a dia, ao invés de aliados, a relação passa a ser a de Patrão. Começou com Clodomir Paz que foi coordenador de campanha do seu concorrente, hoje seu braço direito. Pouco tempo depois de assumir, nomeou como seu chefe de gabinete um ex secretário de Roseana ( Fábio Gondim ). Emplacou o filho de Clodomir Paz num cargo em comissão na oitava regional da Codevasf, sediada em São Luis.
Nas eleições municipais começando por São Luis, trabalhou para derrotar seu ex companheiro de chapa na eleição anterior e que lhe ajudou muito na campanha. Em Imperatriz, se juntou e apoiou Ildon Marques contra quem lhe apoiou na campanha de Senador ( Madeira, Rosangela e todos ligados à Flávio ). Em Timon, apoiou Alexandre e Socorro Waquim, que se aliaram para tentar derrotar Luciano, que foi o responsável direto pela pacificação do PSB Ma criando as condições para que Roberto fosse candidato único da oposição ao Senado e consequentemente sua eleição.
Voltando um pouco mais no tempo ( leia: a história se repete, parte 1 ), em 2006, o então governador Zé Reinaldo, deu todas as condições na campanha de Deputado Federal de Roberto e ele foi o mais votado. No final desse mandato, com as candidaturas ao Senado de Zé Reinaldo e o Ex Ministro Vidigal, esse último convidado por Roberto para disputar o Senado pelo partido que ele presidia, o PSDB, eis que no final do prazo que antecedia as convenções, Roberto se lançou candidato ao Senado de forma irredutível. Fomos com 3 candidatos para duas vagas. Duda Mendonça amarrou João Alberto e Lobão e levaram as duas vagas, onde com dois candidatos, poderíamos ter eleito os dois, além de prejudicar as Candidaturas ao governo de Flávio e Jackson, passando para a população a ideia da disputa interna, impedindo uma maior dinâmica nas campanhas. Roseana levou no primeiro turno. Roberto poderia ter retribuído o que Zé Reinaldo fez por ele na eleição anterior. Mas fez o contrário, e sua candidatura foi responsável direta pela não eleição de Ze Reinaldo e deixou de ser correto com Vidigal, que também teria chances com apenas duas candidaturas.
Quantos planos fizemos em longas conversas, ao longo dos anos, sempre remetendo ao espírito de grupo, em prol da população, caso viesse acontecer o que acabou acontecendo. Num determinado momento da campanha vimos que tava muito difícil a eleição para o Senado.
Flávio, favorito, com sua eleição definida, passou a fazer campanha priorizando Roberto. Em Timon Fizemos uma reunião específica pedindo empenho dobrado dos companheiros e a justificativa era que, Roberto eleito, teríamos um parceiro no Senado.
Mas a história se repete e assistimos hoje a forma até grosseira e desrespeitosa como Roberto se refere à praticamente todos os seus ex aliados.
Trata Flávio, em muitas publicações como se fosse eterno inimigo, mas deixa transparecer inveja pois considera que Ele “furou a fila” … Sentimento que conseguiu guardar até ser eleito Senador.
E dispara todos os movimentos contra nós: dia desses numa entrevista de rádio em Timon, onde chegou a afirmar que o Luciano tinha vendido o PSB para o Flávio por 3 quilômetros de asfalto. Esqueceu de quantas afirmações elogiosas fez da nossa família ( e tenho quase tudo gravado ), sendo ele sabedor da nossa índole, que não nos permite o jogo da política rasteira.
Alguém pode dizer: mas Chico, o Roberto pode vir a ser Governador. Primeiro, quase sempre enfrentei Governadores, e outra, Roberto nos deu a senha: quem quiser ser seu aliado depois de eleito, vote e faça campanha contra ele na eleição…
… Então tá !!
*engenheiro, ex-deputado estadual e ex-prefeito de Timon. É uma das principais lideranças políticas do Leste maranhense