16 de junho - Há 65 anos, Maracanã era inaugurado para a Copa do Mundo de 1950
O Globo
Um
dos mais célebres estádios do mundo, o Maracanã, oficialmente Estádio
Mário Filho, em homenagem ao jornalista que comandou a campanha por sua
construção, não é apenas o templo do futebol: é a própria representação
da paixão do brasileiro pelo esporte. Palco da final da Copa do Mundo de
2014, passou por uma reforma, na qual perdeu o tradicional anel e a
popular geral. Os ingressos ficaram mais caros e há quem diga que falta o
calor da torcida. O novo Maracanã assistiu ao Brasil vencer a Copa das
Confederações logo na primeira competição após a reabertura do estádio,
mas o vexame dos 7 a 1 contra a Alemanha, o "Mineirazo", deixou a
decisão do segundo Mundial em casa para argentinos e alemães, que
acabaram conquistando a taça.
Mas a história do Maracanã começa em
meados dos anos 40. Em 1946, o Brasil foi escolhido como sede da Copa
do Mundo. Dois anos depois, iniciou-se a construção. Até que a década
chegasse ao fim, o estádio funcionou como uma espécie de templo que se
erguia em nome da esperança de sermos campeões do mundo. Quem gosta de
futebol compreende o que representaram as obras do Maracanã na vida do
carioca e do brasileiro. Além de esperança (infelizmente não
confirmada), era a prova da capacidade de realização da engenharia e do
operário nacionais. Curiosamente, o estádio foi erguido em menos tempo e
com menos dinheiro do que a reforma recente.
Em 29 de outubro de
1947, a Câmara aprovou o projeto relativo à construção do estádio, de
autoria dos arquitetos Antônio Augusto Dias Carneiro, Orlando Azevedo,
Pedro Paulo Paiva e Rafael Galvão. Um mês depois o prefeito Mendes de
Moraes autorizou o início das obras. Para financiá-las, liberou a venda
de 30 mil títulos de cadeiras cativas. A pedra fundamental foi lançada
em 20 de janeiro de 1948. No ano seguinte, em visita ao Rio, o então
presidente da Fifa, Jules Rimet, um dos maiores incentivadores da
escolha do Brasil para sede da Copa, comparou a obra à construção do
Coliseu de Roma.
Com capacidade para 200 mil pessoas, 10% da
população do Rio em 1950, o Maracanã foi tudo que o Brasil fez para
organizar a Copa do Mundo. Nem era preciso mais. Não havia exigência da
Fifa em relação a transportes, hotéis, comunicações ou mesmo estádios.
Como a Segunda Guerra Mundial terminara há pouco tempo, Rimet defendera
ardorosamente a candidatura do Brasil, temendo que, por falta de
candidatos, o campeonato acabasse sendo esquecido.
Em parte por
causa da construção do Maracanã, o Brasil conseguiu adiar a Copa de 1949
para 1950. O estádio foi oficialmente inaugurado em 16 de junho de
1950, quando a seleção de São Paulo venceu a do Rio por 3 a 1. Didi, do
time carioca, marcou o primeiro gol do estádio. A Copa do Mundo, porém,
terminaria com a decepção de o Brasil perder a final para o Uruguai, por
2 a 1.
Do alto, é possível observar a construção do Maracanã, que ganha forma Arquivo/26-04-1949