sábado, 8 de março de 2014

Dia Internacional da Mulher: data resgata a luta por direitos


Relatos dão conta de que a data teria surgido depois de um incêndio em uma fábrica têxtil de Nova York, em 1911, quando, aproximadamente, 130 operárias morreram carbonizadas. A história mostra, porém, que já no fim do século 19, as movimentações feministas eclodiam nos Estados Unidos e em países da Europa.
A professora e pesquisadora de gênero da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Meire Ferreira, conta, em entrevista a um Portal de noticias que, na época, as mulheres sofreram repressão, mas o fato em Nova York contribuiu para o fortalecimento da discussão. “Ganhou força a luta pelo direito à cidadania, pelo direito de voto. De lá para cá, o mundo começou a intensificar essa manifestação política. Daí, os países foram legalizando esses direitos”, explicou a pesquisadora que, também, está à frente do Fórum maranhense de Mulheres, responsável pela articulação de todos os grupos de feministas de São Luís.
No Brasil, os primeiros movimentos em prol dos direitos das mulheres começaram por volta da década de 1920. Conquistando aos poucos cada vez mais espaço, em 1932, as brasileiras conseguiram o direito de votar. Mas, de acordo com a pesquisadora, foi somente com a promulgação da Constituição de 1988 que “as mulheres foram, efetivamente, ouvidas”.
A data 8 de março foi reconhecida, oficialmente, pela Organização das Nações Unidas (ONU) somente em 1977. Para a Meire, é uma data histórica e simbólica. “Retrata a luta por direito das mulheres”, destaca.
A pesquisadora ressalta que apesar do todo o caminho de vitórias já percorrido, muito ainda pode ser conquistado pelas mulheres. “Vive-se um momento de implementação. Temos um plano avançado, mas existem lacunas e entraves que dificultam os trabalhos”, diz.
Segundo ela, mais importante que a estrutura criada para amparar as vítimas de violência doméstica, por exemplo, é preciso que exista um ousado programa de cultura. “Nós temos vários organismos para punir, mas continua a violência. É preciso políticas de educação e cultura, que formem uma nova mentalidade nas escolas e nas famílias”, acrescenta.
Ela lamenta, também, a distribuição do poder no país. “Apenas 12% do poder está nas mãos das mulheres. O poder ainda é, extremamente, masculino. Isso contribui para que as mudanças não aconteçam”, conclui.