Flora Dolores / O Estado (arquivo)
Apenas 3% dos resíduos sólidos produzidos nas cidades brasileiras são reciclados, apesar de um terço de todo o lixo urbano ser potencialmente reciclável. E mesmo o reaproveitamento desse pequeno volume só é viabilizado pelo esforço de catadores, que enfrentam a falta de apoio do poder público e o desconhecimento da população quanto à separação do lixo. A situação foi apresentada em debate nessa quarta-feira (23) na Subcomissão Temporária de Resíduos Sólidos, ligada à Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA) do Senado Federal.
De acordo com o diretor da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), Carlos Roberto Vieira Filho, o país produz 63 milhões de toneladas de resíduos sólidos por ano, sendo o quinto maior gerador de lixo urbano. O brasileiro produz 383 quilos de lixo per capta por ano, volume que cresceu 21% nos últimos dez anos, enquanto a população brasileira aumentou 9,6% no mesmo período. Ao menos 60% dos municípios brasileiros têm "alguma iniciativa" de coleta seletiva. "No entanto, isso não significa que tenham coleta seletiva em todo o território ou que tenham programa formalizado porta a porta, mas apenas que o município está aberto ao tema", observou.
A distância entre a teoria e a prática foi exemplificada por Roney Alves da Silva, representante do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR). "Coleta seletiva não é só pintar o caminhão de verde. É a população separar seus resíduos em casa e, em dias alternados, recolher os secos e os orgânicos, destinar os perigosos para pontos de coleta específicos e assim por diante. Infelizmente isso não aconteceu. Hoje a coleta seletiva vai para o Lixão da Estrutural, onde o material é separado pelos catadores, se houver chuva, na chuva, e se houver sol, é no sol", completa.
Agência Senado