Já se passaram 126 anos, mas a população negra ainda vive aprisionada em todo o pais pelo racismo
A Lei Áurea, assinada em 13 de maio de 1888 pela princesa Isabel, marcou a extinção da escravidão no Brasil ao autorizar a libertação de milhares de escravos. Já se passaram 126 anos, mas a população negra ainda vive aprisionada em todo o País, seja pelo racismo, seja pelo preconceito que ainda persistem. Será que a data celebra, de fato, o início da liberdade?
Ainda são noticiados casos de trabalho escravo no Brasil, em que mulheres, crianças e homens de todas as idades são explorados. As desigualdades persistem e comprovam que o processo de abolição não foi concluído com uma simples assinatura da realeza. A discriminação não chegou ao fim e ainda há um longo caminho para que a igualdade seja firmada na sociedade.
Recentemente, o jogador Daniel Alves, lateral do time espanhol Barcelona, foi ofendido durante uma partida pela torcida rival, que jogou bananas no campo, associando-o a um macaco. O atleta comeu a fruta, respondendo ao insulto de forma inusitada. “Estou na Espanha há 11 anos e há 11 anos é dessa maneira. Temos de rir dessa gente atrasada”, disse ao final do jogo. O caso aconteceu fora do Brasil, mas muitos brasileiros declararam repúdio ao ato em diversas redes sociais.
Esse não é o primeiro caso de atleta brasileiro a sofrer preconceito em outro país. O volante Tinga, do Cruzeiro (MG), foi insultado com sons que imitavam o guinchar de um macaco, na partida contra o Real Garcilaso, em março, no Peru. A Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) multou o time peruano em US$ 12 mil. Tão importante quanto lembrar que o racismo precisa ser combatido é reconhecer a importância da denúncia e colocá-la em prática.
Dados do Censo de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelaram que a população negra (que inclui pretos e pardos) superou a branca naquele ano. Os negros são maioria no País e representam cerca de 51% do total de brasileiros. Ainda assim, ganham salários menores e são mais expostos à violência.
As disparidades ainda são exorbitantes e o grau de escolaridade está longe de ser equiparado – na verdade, falta educação de qualidade para todos. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE, 13% dos negros com idade a partir de 15 anos ainda são analfabetos. Quantas abolições serão necessárias para que o negro seja respeitado na sociedade?
fonte: Folha Universal