Editorial - Jornal Pequeno
Mais ônibus foram
incendiados, ontem, na capital maranhense, em plena luz do dia. A impressão que se tem é
de que alguém teve a idéia de reconvocar facções criminosas ou pagar vândalos
para aterrorizar o eleitor nestes quatro dias que antecedem as eleições. E o
objetivo só pode ser um: que esse terror afaste a população das ruas provocando
a mais monumental evasão eleitoral da história de São Luís.
Já é hora das Polícias
Civil, Militar e Federal e da Justiça se perguntarem quem tem interesse em
manter a grande maioria do eleitorado em casa até a próxima segunda-feira, quem
são os interessados em provocar uma grande abstenção no Estado, quem,
tresloucadamente, é capaz de tudo; não para forçar um segundo turno, a essa
altura do campeonato praticamente impossível, mas para diminuir o vexame.
Os sindicatos já ameaçam
o recolhimento imediato dos transportes coletivos da capital. E a quem serve
isso?
A pista principal é a
campanha suja, a campanha dos que nesse tempo todo se mantiveram bem abaixo de
todas as baixarias. Assistimos de tudo, inclusive o ex-juiz federal Flávio Dino
ser apresentado num programa eleitoral como sendo “um perigo para a sociedade”.
Assistimos a um canal de televisão, desrespeitando decisão judicial, veicular
insistentemente um vídeo apócrifo cujo principal entrevistado é um reconhecido
membro de uma facção criminosa. Vimos uma moça, Kátia Maranhão, destilar ódio
no programa eleitoral gratuito como se fora uma fera ensandecida.
O Maranhão jamais
assistiu a tão grave caso de desrespeito a um povo que não está obrigado a
pagar impostos para suportar esse mau cheiro de fezes com sangue em frente à
sua televisão, nas salas de casa. É uma barbárie cívica inominável, o espatifar
de todas as nossas tradições de cultura e civilidade. E, agora, os que atacavam
a sociedade durante a noite estão fazendo isso à luz do dia, como se aqui não
existisse Justiça, não existisse Polícia, como se completamente inúteis fossem
as instituições públicas.
É impossível que não
exista força pública no Maranhão capaz de conter o pânico, o ódio, o “estado de
guerra” que emerge dessa campanha política de desespero. É impossível continuar
entregues ao desvario dos que aqui, qual membros de um Estado Islâmico,
sentem-se “eleitos de Deus”, nunca para o bem, sempre para o mal.
Não podemos mais
acreditar que o Estado esteja sendo governado de dentro de uma Penitenciária.
Porque o cheiro do mal é onipresente, está no ar, nas praças, está nos olhos
apavorados da população, nas palavras não ditas, nos protestos contidos, no
medo na porta da boca, como se de repente essa terra se transmutasse em
sucursal do inferno e não fosse mais o Maranhão.