quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Pobreza crônica no Brasil caiu para 1,1% da população 
A pobreza multidimensional crônica no Brasil passou de 8,3% para 1,1% da população, no período entre 2002 e 2013, anunciou a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, no painel “A experiência brasileira na superação da extrema pobreza”, durante o I Seminário Internacional WWP – Um Mundo sem Pobreza, em Brasília.
 
A pobreza, considerada em suas várias dimensões, além da baixa renda, teve uma redução mais acentuada entre negros, nas famílias com crianças e no Nordeste, onde estava mais concentrada.

Campello destacou o efeito mais forte das políticas nos grupos sociais considerados mais vulneráveis.

Antes do Plano Brasil Sem Miséria, o núcleo duro da pobreza era formado por 71% de negros, 60% concentrados no Nordeste e 40% crianças e adolescentes de 0 a 14 anos.

No Nordeste, a pobreza multidimensional crônica caiu de 17,9% para 1,9%. Entre os negros, a queda foi de 12,6% para 1,7%. E nas famílias com pelo menos um filho de seis anos ou menos de 13,4% para 2,1%.

Indicadores que medem a pobreza em suas várias dimensões – e não apenas a renda – são um dos temas do seminário internacional, que reúne especialistas, na capital federal, até esta quarta-feira (19).

Os números anunciados pela ministra foram baseados em metodologia do Banco Mundial, que considera em pobreza crônica os indivíduos com renda de até R$ 140 mensais e privações em pelo menos três de sete dimensões, como educação, saúde, habitação e acesso a bens e serviços.

Em sua fala, Tereza Campello reforçou que os números mostram que o combate à pobreza no Brasil enfrentou o problema não apenas do ponto de vista da renda, ainda que o principal critério de acesso ao Bolsa Família tenha sido a renda.

A ministra destacou que o programa, que beneficia atualmente 14 milhões de famílias, não é o único responsável pelos resultados obtidos pelo Brasil, visto como exemplo no combate à pobreza.

“Muita gente acaba atribuindo ao Bolsa Família, mas o programa é apenas parte de um modelo de desenvolvimento econômico inclusivo”, disse a ministra, ao ressaltar também políticas públicas que possibilitaram o aumento do salário mínimo, a geração de empregos e o fortalecimento da agricultura familiar.

A economista-chefe de Desenvolvimento Humano na América Latina e Caribe, do Banco Mundial, Margaret Grosh, também participou do painel “A experiência brasileira na superação da extrema pobreza”.

Ela parabenizou o país pelos programas sociais que “terão ainda mais resultados no futuro.”

“O Bolsa Família deveria ser conhecido no mundo todo para aprendermos. Eu gostaria de parabenizar o Brasil. Vocês avançaram nos esforços para o monitoramento de famílias pobres.

Grosh disse ainda que, depois do sucesso dos programas sociais brasileiros, há mais pressão para aperfeiçoá-los. “Os programas funcionam bem sozinhos e integrados também. O Brasil avançou muito e há espaço para aperfeiçoar.”

Durante o painel, a professora da Universidade de Tulane Nora Lustig observou que a América Latina está num bom caminho para a redução das desigualdades.

Na avaliação dela, o Brasil “está melhor do que outros países quando falamos de transferência de renda” e apresentou grande expansão na educação, o que gerou mudanças no mercado de trabalho. “O mercado de trabalho teve diminuição das lacunas, o gerou mais igualdade.”

com informações do Ministério do Desenvolvimento Social