Citações a Dilma e Aécio eram insuficientes para pedidos de investigação, diz Procuradoria Geral da Republica
O Globo
Ao receber o material da Operação Lava-Jato com as referências a
autoridades com foro privilegiado, a Procuradoria Geral da República
(PGR) se deparou com citações aos nomes dos dois candidatos que
disputaram o segundo turno das eleições presidenciais de 2014: a
presidente Dilma Rousseff (PT) e o senador Aécio Neves (PSDB). Durante a
análise do conteúdo, na fase que antecedeu aos pedidos de abertura de
inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF), a PGR considerou que as
menções aos dois não eram suficientes para pedidos de investigação. Não
se sabe, porém, se o procurador-geral da República, Rodrigo Janot,
efetivou o descarte da apuração formalizando as solicitações de
arquivamento ao Supremo. Integrantes do PSDB garantem, no entanto, que
houve arquivamento para o caso de Aécio. Os 28 pedidos de inquérito
protocolados no STF, onde são listados 54 nomes, e os sete de
arquivamento permanecem sob sigilo. A expectativa é de que o ministro
relator do caso, Teori Zavascki, derrube o sigilo até amanhã.
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Ao
longo do dia, parlamentares do PSDB informaram ter recebido a
informação de que Janot recomendou ao STF o arquivamento das citações a
Aécio na Operação Lava-Jato. O tucano, que é presidente do partido,
comemorou a decisão e disse que houve uma movimentação do governo para
tentar envolver a oposição no caso.
— Não tinha conhecimento, mas recebo como uma homenagem o
arquivamento. Houve uma tentativa de envolver a oposição. E, se o
procurador concluiu que não houve nada, ele tem a última palavra — disse
Aécio.
A reportagem do jornal O Globo apurou que, em determinado momento da análise das
citações ao tucano, chegou-se a cogitar a possibilidade de pedido de
abertura de inquérito contra o presidente do PSDB. O entendimento que
teria prevalecido foi de que as referências não dariam sustentação para o
Supremo atender ao pedido do Ministério Público, e determinar a
abertura de inquérito.
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YOUSSEF CITOU IRMÃ DE AÉCIO
Em um dos
depoimentos da delação premiada, o doleiro Youssef disse que soube que
Aécio recebeu dinheiro desviado de Furnas Centrais Elétricas no período
em que era deputado federal. Os pagamentos teriam sido feitos por
intermédio de uma das irmãs do senador. O relato da propina chegou a
Youssef por intermédio do ex-deputado José Janene (PP-PR), já morto.
Janene é apontado como um dos chefes dos desvios de dinheiro em
contratos da diretoria de Abastecimento da Petrobras.
— Em relação ao senador Aécio, ele falou que ouviu dizer. Não tem
prova nenhuma. Ele não conhece o senador. Nunca esteve com ele — disse
ao GLOBO o advogado Antônio Figueiredo Basto, coordenador da defesa do
doleiro nos processos relacionados à Operação Lava Jato.
Youssef mencionou a irmã do senador, mas não soube dizer qual delas. O
senador tem duas irmãs. Para Basto, a acusação é frágil. Esse teria
sido o motivo que levou Janot a não pedir abertura de inquérito contra
Aécio, segundo o advogado. Ele disse ainda que, se for chamado a depor
novamente, Youssef não voltará a falar sobre o assunto porque não teria
como provar as acusações.
PRESIDENTE SEM ENVOLVIMENTO NOS FATOS
No caso
de Dilma, a avaliação inicial foi de que as citações seriam apenas
referências ao nome da petista, sem um envolvimento direto nos fatos. A
citação a Aécio dizia respeito a fatos antigos, da década de 90. Além
disso, a referência não guardava relação com o esquema de desvios de
recursos da Petrobras, desbaratado na Operação Lava-Jato.
A base para as petições de Janot no STF foram os depoimentos dos dois
principais delatores do esquema, o doleiro Alberto Youssef e o
ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. O grupo de
apoio a Janot, montado no fim de janeiro para analisar as citações aos
políticos com foro privilegiado, aventou sobre o que fazer em relação às
citações a Dilma e Aécio.