Senador Edson Lobão nas listas dos grandes jornais
por Ribamar Corrêa
Senador Edson Lobão mantém sua rotina no Senado |
Não é oficial, mas no meio político e na imprensa não há mais dúvida
de que o senador maranhense Edison Lobão (PMDB), ex-ministro de Minas e
Energia, consta da relação de suspeitos de envolvimento no esquema de
corrupção na Petrobras, encaminhada ao Supremo Tribunal Federal (STF)
pelo procurador geral da República, Rodrigo Janot, e que inclui os
senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, Fernando
Collor (PMDB-AL), Ciro Nogueira (PP-PI), Lindbergh Farias (PT-RJ),
Romero Jucá (PMDB-RR) e Gleisi Hoffmann (PT-PR). De acordo com o chefe
da PRG, todos eles foram citados na delação premiada do doleiro Alberto
Yousseff e devem ser investigados com inquéritos a serem abertos pelo
STF.
O senador Edison Lobão foi informado por várias fontes de que seu
nome consta na lista, e essa informação foi confirmada ontem pelos
jornais Folha de S. Paulo – que publicou foto do ex-ministro na capa – e
O Estado de S. Paulo, que faz a mesma afirmação. Os dois jornais se
basearam em informações não oficiais, mas consistentes, de assessores da
PGE e do STF. Falta, no entanto, o relator do “pacote”, ministro Teori
Zawask, decidir se o caso será mantido ou não em segredo de justiça. No
meio judiciário de Brasília, prevalece o entendimento de quer o caso
deve ser público, como expresso, quarta-feira, o ministro Marco Aurélio
Mello, em manifestação no STF.
De acordo com informações obtidas pela coluna, até ontem à tarde o
senador Edison Lobão ainda não tinha conhecimento do inteiro teor dos
argumentos que levaram o procurador geral da República a sugerir ao STF a
abertura de inquérito para investigá-lo. Em conversas com senadores e
assessores, Lobão reafirmou que nada tem a ver com as falcatruas que
drenaram bilhões de reais da Petrobras e insistiu na suspeita de que sua
inclusão na lista se deve unicamente ao fato de ter sido ministro de
Minas e Energia – a quem a empresa é organicamente subordinada – no
período em que os diretores Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró
movimentaram o propinoduto.
No plano político, o senador está não está de braços cruzados. Ele
tem recebido manifestações de apoio do seu partido, e deve ser indicado
para presidir uma das comissões do Senado, provavelmente a mais
importante de todas, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania. O
argumento para que se mantenha em ação nas funções senatoriais é que o
que foi pedido pelo chefe da PGR ao STF é a abertura de inquérito, o
que, a rigor, é um pedido de investigação, que poderá levar a um
processo, ou simplesmente ser arquivado por falta de provas. Há quem
avalie que o procurador geral da República não faria esse pedido somente
pelo fato de Lobão ter sido o ministro de Minas e Energia. Tanto que
junto com a lista ele encaminhou ao STF uma pasta com documentos para
justificar o pedido de abertura dos inquéritos.
Um dos políticos mais experientes da República, com uma trajetória
invejável, Lobão sabe perfeitamente o tamanho do custo político da
simples inclusão do seu nome numa lista de suspeitos de protagonizar um
escândalo dessa magnitude. Sua preocupação agora tem dois vetores: se
preparar com todas as armas ao seu alcance para enfrentar uma provável
investigação a ser autorizada pelo STF – depoimentos à Polícia Federal,
devassa nos seus domínios sigilosos – telefone, conta bancária, Imposto
de Renda, patrimônio, etc. -, e enfrentar o desgaste inclemente político
nos últimos tempos de uma carreira vitoriosa.
No tocante à investigação – caso seja autorizada pelo STF -, ela será
mais ou menos traumática dependendo dos argumentos apresentados pelo
procurador geral da República. O senador poderá ser ouvido, apresentar
as contraprovas e sair do caso inocentado. Mas pode também enfrentar
argumentos os quais não terá como refutar, podendo enfrentar um processo
desgastante e de desfecho absolutamente imprevisível.
A coluna não ouviu o senador ontem, mas uma fonte a ele ligada
informou que ele se encontra mergulhado em expectativa, mas mantendo de
pé a declaração que fez na manhã de terça-feira numa conversa por
telefone: “Estou tranquilo. Não tenho nada a ver com isso”.