Vizinho do CDP de Pedrinhas revela desejo de deixar a casa: 'Assustado'
do G1/MA
Janela da casa de Clodomir tem vista para a guarita do CDP - foto Imirante |
Após o ataque que deu fuga a quatro presos do Centro de Detenção Provisória (CDP) do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, o aposentado Clodomir dos Santos revelou ao G1 que tem vontade de abandonar a própria casa. Vizinho da unidade prisional, ele disse que já morava no local antes do complexo ser inaugurado e que só ainda não saiu do bairro porque não tem condições financeiras.
"Se eu tivesse condição, já não tava hoje aqui. Já tinha ido embora, deixava tudo aí, mas eu não tenho condição. Se eu sair, eu vou pro meio do tempo, do inverno. Minha mulher tá se tremendo aí o tempo todinho", revela.
O aposentado conta que, na madrugada do último domingo, quando aconteceu o ataque ao presídio, ele e a esposa acordaram assustados pelo tiroteio entre criminosos e policiais.
"Era quatro horas da manhã quando nós acordamos aqui. Nós caímos da cama, deitamos no chão. Com o tanto de tiro daqueles, quem é que não fica assustado? Assustado morrer das balas e assustado morrer porque tem que cair no chão por causa das balas. Saiu pra muito mais de trezentos tiros", contou.
Clodomir diz que o bairro era tranquilo antes da instalação do complexo penitenciário. Segundo ele, na época, as "autoridades" teriam visitado os moradores e prometido que eles ficariam seguros no local. O presídio foi instalado há 50 anos, durante o governo de Newton Belo.
"Fizemos essas casinhas pra morar. Quando essa cadeia chegou, nós já morávamos aqui há dez anos. Garantiram mundos e fundos pra nós, que aqui nós íamos ser muito bem seguros. Nós vivíamos bem sossegados aqui. A gente dormia até de porta aberta. Agora, nós não podemos dormir nem de porta fechada porque quando não é o ladrão, é essas coisas que acontecem", disse, referindo-se ao tiroteio do último domingo.
Ele afirmou que os moradores nunca foram contrários à instalação do presídio nem à presença dos presos. "Eu não sou contra os presos porque todo mundo erra. E se ele tá preso, ele tá pagando a missão dele, nós não temos nada que ver contra eles. Agora, o que eu peço para as autoridades grandes é que se eles puderem, deem um jeito de ajudar nós. Nós temos uma casinha dessa. Faz a casa, fica num sufoco desse, como é que nós vamos fazer?", lamenta.