sexta-feira, 19 de junho de 2015

Maranhão lidera financiamento de motos na região Nordeste 

do G1/MA

O Maranhão é quarto lugar no Brasil – atrás apenas de São Paulo, Minas Gerais e Pará – em número de financiamento de veículos automotores: em maio 10,8 mil veículos novos e usados foram financiados no Estado. Os dados – que incluem automóveis leves, motos e pesados – são de maio e foram levantados pela unidade de financiamentos da integradora do mercado financeiro Cetip. As motocicletas formam a maior parte dos veículos financiados (6,2 mil) e colocam o Maranhão no topo do ranking da região Nordeste.

De janeiro e maio de 2015, os financiamentos de veículos no Maranhão somaram 53,9 mil unidades, entre novas e usadas. No acumulado, volume representa registra queda de 7,3%, comprado a 2014. Na comparação entre maio e abril de 2015, entretanto, houve aumento de 6,4%.

Os dados se refletem no trânsito: segundo o Departamento Estadual de Trânsito (Detran), no Maranhão, do total de 1,4 milhão de veículos, pouco mais da metade (50,81%) é formada por motocicletas (711,9 mil) – somadas mais 117,7 mil motonetas (8,4%); bem à frente do número de automóveis: 372,8 mil (26,61%). Grande parte dessas motocicletas se concentra no interior do Estado, já que, na capital maranhense, elas são apenas 24,88% do total de 355,3 mil veículos. No Estado, 361.420 condutores são habilitados a pilotar motocicletas, segundo o Detran.

O economista, professor licenciado da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e presidente do Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos (Imesc), Felipe de Holanda, acredita que, em grande parte, os dados são resultado das condições de financiamento, que, com amplo prazo de pagamento, torna as parcelas relativamente baratas.

O dado preocupa, no entanto, com o número de acidentes, com condutores não habilitados e veículos não emplacados, que constituem um problema para o sistema público de saúde. “O resultado estampa que a moto se tornou muito popular no Maranhão, e uma solução popular para o problema da mobilidade urbana no país, mas constitui um problema de saúde pública no Estado”, disse o economista.


Acidentes

Dados do Ministério da Saúde comprovam essa preocupação: de 2002 a 2012, o número de mortes por acidentes com motocicletas cresceu 436,6% no Maranhão, colocando o Estado na 6ª posição do ranking nacional. Enquanto no país o índice de mortes por acidentes com motocicletas é de 6,3 para cada 100 mil habitantes, no Maranhão o índice é de 11,7 para cada 100 mil habitantes.

Ainda segundo o Ministério da Saúde, em 2014 foram 2.578 internações no Sistema Único de Saúde (SUS) por causa de acidentes com motocicletas. O número representa um gasto total de de R$ 1,4 milhão ao SUS.

Já um levantamento feito pelo Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), de 2013, mostram que o índice de mortes no trânsito é maior no público masculino: 83,82%. Pelo relatório do ONSV, as maiores vítimas do trânsito são motociclistas (681), com 43,21% do total de casos no Estado.

Endividamento
 
O economista consultado  diz que o resultado aponta para um movimento na economia mesmo num cenário de crise, mas ressalta que as facilidades não devem levar os consumidores a um cenário de endividamento crítico. “Estar endividado não é ruim, porque move a economia. O problema é quando se está muito endividado, quando não há educação financeira”, ressalta.

Para manter a prudência nas finanças, o economista dá uma dica valiosa: o custo-benefício deve ser calculado na relação ‘transporte público x veículo’. Se compensar, vale pensar no investimento. O comprometimento com parcelas de financiamentos – somadas prestações de veículo, casa, escola, etc. –, no entanto, não podem superar os 30% da renda líquida do trabalhador.