Ao ter o celular roubado, a lutadora de jiu-jítsu do Maranhão correu atrás do assaltante e o imobilizou no chão com um golpe de luta. Até que a polícia chegasse, ela não deixou a multidão atacar o rapaz
Da revista Veja
Qual é a sensação de bater num bandido que fez mal a você?
De dever
cumprido. Minha reação foi motivada pela indignação. Foi a segunda vez
que me assaltaram e que reagi. Da primeira, também tive o celular
levado. Corri atrás de dois moleques e arranquei o aparelho da mão de
um deles.
O que acha de quem é contra o ato de fazer justiça com as próprias mãos?
Acho
correto. Não se deve pagar da mesma forma. Agi pelo instinto de defesa,
mas esperei a polícia. O rapaz era mais magro que você e não estava
armado. Se a situação não fosse essa, partiria para o ataque do mesmo
jeito? Não.
Como conseguiu pegá-lo?
Derrubei a
moto em que eles estavam; eram dois. Um conseguiu fugir, mas agarrei o
que estava pilotando. Levei o sujeito para a calçada e o imobilizei com
um estrangulamento. Depois, eu o derrubei no chão e apliquei um golpe do
jiu-jítsu, o triângulo invertido, que é quando o lutador joga as pernas
por cima do pescoço do oponente, trava o braço esquerdo dele e
pressiona com as pernas até quebrar o braço do cara ou causar um
desmaio.
Você estapeou o rosto dele várias vezes. Acha que se excedeu?
Só fiz isso porque ele estava rasgando minhas coxas com as unhas. Avisei que, se ele não parasse, eu o apagaria.
Por que não deixou a turba agredi-lo?
Quando vi
aquelas pessoas xingando, tentando chutá-lo e até com facão na mão,
fiquei com o coração mole para o lado do meliante.
Teve dó?
Não sou boa bisca; sempre bati nos moleques folgados da escola. Mas
não foi uma questão de ter dó: aquela situação só a polícia poderia
resolver. O que fiz foi segurá-lo por vinte minutos. Chamou Jesus, a
mãe, o pai e até a polícia.