Como disse... Fernando Sarney torna-se vidraça
blog do Domingos Costa
Como o blog antecipou no post “Fernando Sarney novamente como vidraça”… não deu outra, o filho mais velho do ex-senador Sarney, vira novamente vidraça da imprensa nacional. Fernando
José Macieira Sarney há quase duas décadas na Confederação Brasileira
de Futebol (CBF), um dos quatro vice-presidentes da CBF, ocupará a
cadeira de Marco Polo Del Nero que decidiu deixar o cargo.
O jornalista Vinícius Segalla, do UOL, em São Paulo, publicou nesta sexta-feira(27), matéria intitulada, “Conheça o histórico policial de Fernando Sarney, novo homem da CBF na Fifa”.
O empresário e vice-presidente da CBF
Fernando Sarney, que assume o lugar de Marco Polo del Nero como
representante da entidade junto a Fifa, tem em sua biografia passagens
policiais e investigações criminais que, se não levaram a nenhuma
condenação judicial definitiva, suscitaram perguntas que ainda carecem
de respostas.
Informações privilegiadas sobre
investigações policiais, evasões de divisas, cerceamento de liberdade de
imprensa e ilícitos eleitorais estão entre as denúncias desabonadoras
da vida do filho do ex-presidente da República José Sarney. Fernando
Sarney nega boa parte das acusações contra ele. As quais não negou, se
deu ao direito de se manifestar apenas no processo.
Veja, abaixo, um resumo dos principais casos envolvendo o mais novo membro do comitê executivo da Fifa.
O histórico de Fernando Sarney
O informante dentro da Polícia Federal
Entre 2007 e 2010, Fernando Sarney e
outros membros de sua família foram investigados dentro de um inquérito
da Polícia Federal que apurava evasão de divisas dos cofres públicos
maranhenses. O empresário chegou a ter seu telefone grampeado – com
autorização judicial – pela PF.
Uma série de conversas interceptadas
pelo grampo mostra que um policial federal utilizou seus contatos para
repassar a Fernando Sarney os detalhes das investigações. O empresário
era informado sobre diligências e campanas contra funcionários de suas
empresas e outras operações de busca e investigação dos policiais, para
que pudesse evitar flagrantes e apreensões de documentos importantes.
Na época, Sarney disse que se tratava de vazamento de informação sigilosa e que não iria se pronunciar a não ser no processo.
Veja, abaixo a transcrição de uma dessas
conversas entre Sarney e o policial Aluizio Guimarães Filho, que depois
veio a ocupar um cargo no governo estadual do Maranhão, quando este era
administrado pela irmã de Sarney, Roseana. No diálogo, os dois falavam
sobre uma campana da PF contra um funcionário de Fernando Sarney:
Fernando: Tu tens alguém nessa área lá?
Aluizio: Eu tô ligando pra um colega meu agora. (?) Tem um delegado amigo meu de lá, mas eu não tou conseguindo.(?)
Fernando: Então, vamos arrumar alguém.
Aluizio: Eu já botei alguém no circuito e vou ter informações do que está acontecendo.
Fernando: Ele tá lá entocado, tá? Ele não tem problema.
Aluizio: Não precisa ficar entocado. Eles não podem subir porque eles não têm mandado de busca. Querem pegar ele na rua pra dar uma pressão nele.
Aluizio: Eu tô ligando pra um colega meu agora. (?) Tem um delegado amigo meu de lá, mas eu não tou conseguindo.(?)
Fernando: Então, vamos arrumar alguém.
Aluizio: Eu já botei alguém no circuito e vou ter informações do que está acontecendo.
Fernando: Ele tá lá entocado, tá? Ele não tem problema.
Aluizio: Não precisa ficar entocado. Eles não podem subir porque eles não têm mandado de busca. Querem pegar ele na rua pra dar uma pressão nele.
Evasão de divisas e formação de quadrilha>
Em julho de 2007,
Fernando Sarney foi indiciado pela Polícia Federal sob a acusação, entre
outros crimes, de falsificar documentos para favorecer empresas em
contratos com estatais. Fernando foi o principal alvo da Operação Boi
Barrica (renomeada posteriomente para ‘Faktor’), criada em 2006 para
investigar suspeitas de caixa dois na campanha de Roseana Sarney ao
governo do Estado. Às vésperas da disputa, ele havia sacado R$ 2 milhões
em dinheiro.
O empresário foi
indiciado pelos crimes de formação de quadrilha, gestão de instituição
financeira irregular, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Pela
investigação, o órgão mais beneficiado pelos crimes foi o Ministério de
Minas e Energia — então controlado politicamente por seu pai, José
Sarney.
Fernando Sarney sempre alegou inocência no caso, e o processo segue até hoje, correndo sob segredo de Justiça.
O “Grupo Poli 1978”
Em 2008, a Polícia
Federal passou a investigar uma suposta quadrilha liderada por Fernando
Sarney, apelidada de “Grupo Poli 1978”. O nome era uma alusão ao ano e
ao local (Escola Politécnica da USP) em que seus membros haviam obtido o
diploma universitário de engenharia.
Segundo a PF, o
grupo, liderado por Fernando Sarney formava uma “organização criminosa”
instalada no interior da administração federal. Eles seriam responsáveis
pela manipulação de concorrências públicas, desvio de dinheiro de obras
estatais e “manutenção de negócios à sombra do Estado”.
Cópias de contratos,
e-mails e relatórios de conversas telefônicas obtidos pela PF dariam
detalhes sobre operações financeiras em paraísos fiscais do Caribe e na
China, envolvendo recursos não declarados ao Imposto de Renda.
Quando o caso veio à
tona, Fernando Sarney disse que as operações financeiras citadas pelos
policiais federais faziam parte de sua rotina comum de empresário, que
administrava um dos grandes grupos de comunicação do Nordeste
brasileiro, com uma emissora de TV, um jornal e cinco emissoras de
rádio.
O processo segue até hoje, em segredo de Justiça.
Censura no Estadão
Em 31 de julho de
2009, o jornal “O Estado de S.Paulo” foi proibido de publicar notícias
baseadas em investigações da Polícia Federal sobre denúncias de ilícitos
praticados pelo empresário maranhense Fernando Sarney. O filho do
ex-presidente conseguiu obter, na Justiça maranhense, uma ordem que
proibia o jornal paulista de publicar qualquer coisa sobre ele e sua
família que fossem relacionadas a investigações da PF sobre os Sarney.
O Estadão, então,
apelou contra a decisão. Quando o processo chegou ao STJ (Superior
Tribunal de Justiça), tendo deixado, portanto, a jurisdição do tribunal
do Maranhão, o empresário resolveu renunciar de seu pedido. A
justificativa foi a de que ele estava sendo mal interpretado, que havia
entrado com o pedido de restrição de publicação para preservar sua
intimidade e de sua família, mas que sua ação estava sendo vista como
censura, algo que ele considera “repugnante”.