Aliados admitem que protestos fortalecem impeachment
O Globo
Lideranças dos partidos que dão
sustentação para o governo da presidente Dilma Rousseff, como PMDB, PSD e
PR, acreditam que as manifestações de ontem terão forte impacto sobre o
processo de afastamento da presidente no Congresso. Se o apoio à
manutenção do mandato dela ainda é quase total entre os partidos de
esquerda, as bancadas do chamado “Centrão”, que dão sustentação a todos
os governos, estão divididas a respeito do impeachment.
O líder do PSD, Rogério Rosso (DF),
acredita que o impeachment ganhou força com os protestos, tendo em vista
que ainda esta semana o Supremo Tribunal Federal (STF) deve dar a
palavra final sobre o rito do processo, e a Câmara pode criar a comissão
especial que o analisará:
— A semana será decisiva, pois o Supremo
libera o rito, e a Câmara deve dar continuidade. Os partidos levarão as
manifestações em consideração, e o impeachment ganha força.
O deputado diz que, antes das
manifestações, cerca de 60% da bancada do PSD eram favoráveis ao
impeachment. Mas o partido voltará a se reunir para um balanço após as
manifestações.
A presidente se pronunciou apenas por meio de uma nota, em que ressaltou o caráter pacifico dos protestos e também a liberdade de manifestação. Na manhã desta segunda-feira, Dilma participa de uma reunião de
coordenação política com ministros no Palácio do Planalto, na qual deve
traçar uma estratégia de resposta aos atos de domingo.
Líder do PR na Câmara, Maurício
Quintella Lessa (AL), disse que os deputados de seu partido estão muito
divididos quanto ao impeachment e as manifestações de ontem terão
impacto relevante na opinião dos parlamentares. Segundo Lessa, com o
andamento do processo de impeachment no Congresso, os deputados se
reunirão nos próximos dias:
— Não se pode menosprezar a força das
ruas. O PR sempre foi muito leal ao governo, mas está dividido quanto à
CPMF e ao impeachment. A realidade há um mês era muito diferente da de
hoje. Vamos discutir e não deixaremos ninguém no partido num beco sem
saída. Qualquer pedido do governo, no momento, pesa muito pouco.
No PMDB, a divisão da bancada é
flagrante e, segundo a cúpula partidária, os deputados são independentes
para votar o afastamento da presidente. A convenção do último sábado,
em que foi proibida a indicação de filiados para cargos no governo pelos
próximos 30 dias ou até que a direção decida pela ruptura ou não com
Dilma, reforça o entendimento de “independência”.
Ao lado de Dilma, está o PT, PCdoB e
PDT. Apesar de já ter anunciado que desembarcará do governo até 2018
para ter candidatura presidencial, o presidente do PDT, Carlos Lupi,
disse que fazer o impeachment avançar, é “golpe”:
— O PDT vai continuar onde está, vai
lutar pelo princípio democrático. Não podemos aceitar impeachment sem um
fato. Não é com quantidade de manifestante que vai se decidir isso.