sexta-feira, 20 de maio de 2016

Operação Janus: Lula diz que 'sempre atuou dentro da lei' 

O Globo 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou nota, no início da tarde desta sexta-feira, sobre a “Operação Janus” da Polícia Federal, que tem como alvo Taiguara Rodrigues dos Santos, sobrinho de sua primeira mulher. O petista afirmou que foi alvo de uma “devassa” por parte dos procuradores da República e que nada contra ele foi encontrado.


“Há mais de um ano alguns procuradores da República no Distrito Federal tentam, sem nenhum resultado, apontar ilegalidades na conduta do ex-presidente Lula”, afirma nota assinada pelo Instituto Lula.


A nota diz ainda que a investigação foi aberta a partir de “ilações fantasiosas” e “transformou-se em verdadeira devassa sobre a contabilidade do Instituto Lula, da empresa LILS Palestras e sobre as contas do ex-presidente”.

“Os procuradores vasculharam as viagens internacionais de Lula, quem o acompanhou, os hotéis em que se hospedou, com quem ele conversou no exterior”, alega o Instituto Lula.

De acordo com Lula, os procuradores não encontraram nenhum indício contra ele. “O resultado (da investigação) apenas comprova que Lula sempre atuou dentro da lei, em defesa do Brasil, como fazem ex-presidentes em todo o mundo.”

A nota também acrescenta que o ex-presidente não foi alvo da operação. “Lula não é parte da operação policial desta manhã, nem poderia ser.”

SUSPEITA DE TRÁFICO DE INFLUÊNCIA

A partir dos depoimentos e documentos apreendidos nesta sexta-feira pela “Operação Janus”, que investiga se contratos da Odebrecht com uma empresa do ramo de construção civil foram utilizados para o pagamento de vantagens indevidas, a Polícia Federal tenta esclarecer se Lula teve alguma influência indevida na liberação de financiamentos do BDNES para a construção da hidrelétrica em Angola pela Odebrecht. O inquérito foi aberto em 23 de dezembro e, desde então, a polícia vem fazendo cruzamento das viagens de Lula à Africa e de reuniões que ele teria tido no BNDES.

Estamos tentando materializar a possibilidade de tráfico de influência e tráfico de influência envolvendo ex-agentes públicos, Odebrecht e BNDES. Envolve grandes contratos, essa fase em particular a construção de uma hidrelétrica em Angola, com um repasse de mais de US$ 400 milhões — disse a delegada Fernanda Costa de Oliveira, que está à frente da operação.

Para a delegada, tudo indica que o financiamento do banco estatal para a empreiteira seguiu os trâmites burocráticos normais. Ou seja, não haveria irregularidades nos documentos. As suspeitas recaem sobre as negociações que levaram o banco a abrir os cofres para a Odebrecht que, depois de receber a ajuda, contratou uma empresa aparentemente sem qualificação.