segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Zé Reinaldo revela que Lula lhe pediu para "acabar briga com Sarney"


Num artigo em que justifica o seu voto pró-Temer na semana passada – e rebate a tese de que votou contra Lula -, o deputado federal Zé Reinaldo (PSB) elenca os motivos pelos quais se posicionou contra a denúncia.

Segundo ele, o “país não aguentaria outra troca de presidente”.
“Além do mais, ninguém deu um perdão a Temer e nem o julgou, pois quando ele deixar de ser presidente, no final do ano que vem, o processo contra ele terá prosseguimento na justiça de primeiro grau”, destacou.
O parlamentar desmistifica o boato de que emendas parlamentares foram usadas pelo presidente da República para comprar apoio – “As emendas dos parlamentares, desde o governo de Dilma, são impositivas. É obrigação liberar, não existe favor nenhum”.
E faz uma revelação interessante: diz que quando ainda era governador, Lula o procurou para que  ele “acabasse a briga com Sarney”.
Leia a íntegra do artigo.
VERDADE E PÓS VERDADE
A reunião de quarta-feira última que decidiu se a Câmara daria o aval para que o presidente Temer fosse processado alvoroçou os fazedores de “pós-verdade” aqui no Maranhão. Estes partiram para queimar todos os que consideram adversários, certamente a serviço de causas inconfessáveis, remunerados ou não.
Na verdade, foi a reunião dessa gravidade – tirar ou não um presidente do exercício do cargo – mais calma e sem tensão da qual jamais participara. E estive presente nas três vezes em que eventos dessa natureza ocorreram: os impeachments de Collor, Dilma e o aval para processar Temer.
Dentro da Câmara não havia nenhum grupo de pressão atuando, nem nas galerias, tampouco na esplanada. Não apareceu um único petista naquele imenso espaço em frente ao Congresso. Ninguém. Esquisito, não?
É claro que no recinto da sessão, a oposição bradava contra Temer. Fez o que devia fazer, ou seja, política.
Mas estranho ainda, não? Porém, uma entrevista de Luciana Genro, filha de Tasso Genro, grão-duque petista, deu luz ao que acontecia: ela declarou que Lula preferia manter Temer no poder, sangrando (nas palavras dela) pois assim seria mais fácil derrotá-lo no próximo ano.
Lula é pragmático. A decisão de quarta-feira não era Temer contra ele. Só aqui no Maranhão alguns espertos tentaram fazer essa vinculação em seu próprio benefícios.
Lula sabe que, se o presidente saísse, Rodrigo Maia assumiria: um político novo, experiente, competente, uma incógnita. Melhor deixar Temer.
Se vai ser assim mesmo, não sei. Mas é o que parece para muitos…
Foi então que inventaram que os deputados foram comprados para votar a favor de Temer. A Folha de São Paulo de sexta-feira passada mostra a verdade. As emendas dos parlamentares, desde o governo de Dilma, são impositivas. É obrigação liberar, não existe favor nenhum. E os dados? Na média cada parlamentar que votou em Temer obteve a liberação de 3,4 milhões de reais. Já os contrários tiveram 3,2 milhões. A comunista Alice Portugal, por exemplo, que em seu voto denunciou a compra indiscriminada de deputados, recebeu – pasmem – 10,5 milhões de reais oriundos das mesmas emendas. Compra de deputados destrambelhada essa, não?
E tem mais: é possível afirmar que – em média – petistas receberam mais do que os deputados do PSDB que votaram contra Temer.
Eu conheço Lula melhor que muitos petistas daqui do estado, pois convivi muito com ele quando eu governava o Maranhão e ele era presidente. Um dia, em plena semana santa, ele me tirou de um repouso em Barreirinhas para me pedir que acabasse a briga com Sarney, demonstrando seu pragmatismo e o apreço pelo ex-presidente.
Nunca me chamou para fortalecer o PT aqui. Só recebi um pedido nessa direção: foi o de Zé Dirceu, que me pediu para nomear Remi Trinta como secretário de estado, para que Washington Oliveira assumisse a Câmara como deputado no lugar daquele. E o pedido foi atendido.
Não desconheço que o Bolsa Família alcança quase sessenta por cento das famílias maranhenses e que, por isso, os maranhenses são gratos a Lula.
Portanto, “amigos”, não tentem confundir mais ainda a cabeça do cidadão. Um pouco de verdade não faria mal. Lula não perdeu nada e nem eu votei contra ele.
Votei na estabilidade, no emprego, na recuperação econômica, que, a meu ver, é a única maneira de melhorar a vida da população e combater a miséria. Estou absolutamente convicto de que o país não aguentaria outra troca de presidente, o que, sem dúvidas, paralisaria o país. E ainda o fato de que no ano que vem teremos eleição presidencial. É muita irresponsabilidade concorrer para isso, é virar as costas para o povo brasileiro e seus problemas. Uma estratégia como essa parece coisa de gente que é favorável ao cenário do “o quanto pior, melhor”, mas isso o Brasil não tem como aguentar.
Além do mais, ninguém deu um perdão a Temer e nem o julgou, pois quando ele deixar de ser presidente, no final do ano que vem, o processo contra ele terá prosseguimento na justiça de primeiro grau.
O povo pode não gostar de Temer, como mostram as pesquisas. Contudo, definitivamente não quer tirá-lo da presidência. As ruas estão vazias e o “Fora Temer” não vingou.
Essa é a verdade, que independe da vontade de candidatos ou seus acólitos.
E a Câmara cometeu alguma ilegalidade ou fez alguma coisa vergonhosa? Não, definitivamente não. A Câmara seguiu, estritamente, a Constituição. Nem um abuso, nenhum golpe. E moralmente? Também, pois inclusive vários ministros do Supremo elogiaram a decisão daquela Casa sobre a denúncia, afirmando que o arquivamento traz estabilidade ao país.
Eu votei com a minha consciência. Votei pelo país. Estou tranquilo.
E para encerrar, o presidente Temer, a pedido da bancada, resolveu o desastre que poderia acontecer com as administrações municipais, decorrente de um erro na liberação de recursos do FUNDEB (a mais), em dezembro do ano passado, que teriam que ser descontados em uma única parcela das novas administrações municipais. Essa atitude faria com que as prefeituras corressem o risco de não poder pagar professores, desorganizando a economia de todas elas, um caos iminente.
Com grande sensibilidade, vários deputados e o presidente da FAMEM, o prefeito Tema, compareceram em audiência marcada por mim e felizmente encontramos a solução do problema, já resolvido em definitivo.
Para concluir, tenho a honra de informar que no próximo dia 15 de agosto, no Centro de Lançamento de Alcântara, será assinado o Convênio entre o ITA e a UFMA, com os termos do acordo definidos, o que vai possibilitar o início das aulas do curso de Engenharia Aeroespacial. Um importantíssimo passo para o desenvolvimento do Centro Espacial de Alcântara e para o desenvolvimento do nosso estado.
Avante, Maranhão!