Manhã
de terça-feira, 2 de janeiro, tristeza, lágrima e perplexidade povoavam
semblantes de crianças, jovens, adultos e idosos, que se reuniam nas portas das
casas para ver passar pelas ruas da cidade o cortejo do maior líder político da região do Cocais e
um dos mais importantes da história recente do Maranhão. Sentimento manifestado
também por todos que participaram do velório, no ginásio da Facema e no
cemitério Olaria, no município de Caxias.
Comportamento que dá a dimensão da
estatura política do ex-vereador, ex-prefeito, deputado estadual, presidente da
Assembleia Legislativa e ex-governador interino do Maranhão, Humberto Coutinho.
Amor e admiração dos caxienses que aumentaram a partir dos mandatos como
prefeito do município. Foram oito anos de crescimento jamais experimentado pela
cidade, entre 2004 e 2012. “ "Tive a sorte e o prazer de ser prefeito e ser
adotado pelo Flávio (Dino) como deputado ( federal) e fiz um excelente governo
em Caxias”, disse com simplicidade Humberto Coutinho, num dos últimos discursos feitos,
no Palácio Henrique de La Rocque, no ano passado.
Mas,
Humberto foi além e alcançou o respeito dos maranhenses ao participar
decisivamente do processo de mudança em curso no estado. Primeiro, quando
abraçou a candidatura vitoriosa do ex-governador Jackson Lago, em 2006. Ano em
que apoiou Flávio Dino em sua estreia exitosa na política como a candidato a
deputado federal.
Depois, quando a exemplo do
ex-vice-presidente da República empresário José Alencar, que apoiou a
candidatura do ex-presidente Lula, conferiu apoio importante na construção das
candidaturas de Flávio Dino ao governo do Estado, em 2010 e 2014.
Humberto Coutinho foi o primeiro e dos
poucos prefeitos a manifestarem apoio publicamente e trabalhar pela candidatura
comunista. Apoio revestido de elevado simbolismo. Entre as muitas razões por se
tratar de um líder político de um dos principais colégios eleitorais do Estado,
médico, de família tradicional e com grande poder econômico com atuação em
vários segmentos, como pecuária, construção civil, comunicação, educação e saúde.
Em
tese, seria mais cômodo render-se ao status que em vez de defender um projeto
político, cujo vértice é a defesa da justiça social e o combate ás desigualdades
existentes no Estado. Humberto optou pelo caminho teoricamente mais difícil.
Vencida a batalha eleitoral de 2014,
ele foi um dos pilares da governabilidade dos três primeiros anos de gestão
Flávio Dino, no Legislativo estadual.
Aos 71 anos, Humberto Coutinho estava
no ápice da carreira política. Em 2015, foi eleito presidente da Casa do Povo
com os votos de 40 dos 42 deputados estaduais e, dois anos depois, reeleito por
unanimidade. Em 2016, exerceu o cargo de governador do Estado.
Político leal, cordial, conciliador e
visionário, Humberto conduziu com competência e habilidade a Assembleia
Legislativa.
Na luta contra o câncer, Humberto
Coutinho deixou também exemplo de luta e superação. Praticou aquilo que o mais
ilustre caxiense, o poeta Gonçalves Dias descreveu na Canção do Tamoio: “A vida
é combate que os fracos abate, que os
fortes, os bravos só pode exaltar”.
Humberto Coutinho lutou o bom combate !
* Robson Paz é radialista, jornalista, secretário-ajunto de comunicação social e diretor geral da nova Rádio Timbiras 1.290 AM