Livro citado por Bolsonaro no Jornal Nacional não foi distribuído em escola
Em entrevista ao Jornal Nacional, Bolsonaro mostra o livro: Aparelho sexual & cia (foto reprodução Jornal Nacional) |
O livro “Aparelho Sexual e Cia” não fez parte de qualquer kitescolar, ao contrário do que afirmou o candidato à Presidência JairBolsonaro (PSL) em entrevista concedida ao Jornal Nacional na noite de terça-feira. A informação foi desmentida pela editora e pelo Ministério da Educação. Além disso, diferentemente do apontado pelo deputado, o livro não fez parte do material contido no que ele chama de “kit gay”, que por sua vez era parte de um programa do governo chamado “Escola Sem Homofobia” e que nunca chegou a ser posto em prática.
O livro, publicado em 2007 no Brasil, foi escrito pela francesa Hélène Bruner e desenhado pelo seu então marido, o cartunista suíço Zep, que utilizou personagens de sua famosa série de quadrinhos “Titeuf”. Editado originalmente na França, a obra vendeu mais de 1,5 milhão de exemplares no mundo e chegou a ser base de uma exposição educativa no museu da Ciência e Indústria de Paris. Segundo a editora, ao contrário do afirmado por Bolsonaro, o volume nunca foi indicado ao público infantil, e sim a alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental, ou seja, adolescentes dos 11 aos 15 anos.
Ainda de acordo com a editora, o livro trata de assuntos como “paixão, as mudanças da puberdade, a contracepção, doenças sexualmente transmissíveis, pedofilia e incesto” com “sólida base pedagógica e rigor científico”. A Companhia das Letras também informou que está em negociação para renovação dos direitos da obra para “disponibilizá-la novamente ao público brasileiro”.
Já o Ministério da Educação, assim como a editora, negou que tenha comprado ou sugerido o livro em qualquer situação para as escolas brasileiras. Em nota, disse que “o livro não foi distribuído nem esteve em programas vinculados ao MEC”, Ao contrário do que afirmou Bolsonaro, o livro não foi enviado a nenhuma biblioteca de colégios públicos pelo Ministério. O MEC disse, porém, que não tem “como afirmar se uma obra qualquer foi ou não distribuída para escolas, alunos ou professores” pois a educação básica é de competência dos governos municipais e estaduais.
Na verdade, segundo a editora, 28 exemplares foram compradas em 2011 pelo Ministério da Cultura (Minc), e não pelo MEC, e colocadas à disposição da população em geral em bilbiotecas públicas.