Zé e Fábio Gentil quer dizer que quem não votar no pai do prefeito tá lascado ? |
Nem todo mundo está preparado para o exercício do poder. O poder é uma arma perigosa, que sempre atrai bajuladores e aproveitadores de plantão, sobretudo num ambiente onde a oposição não tenha onde externar suas opiniões e expor as mazelas da comunidade. É o caso do prefeito de Caxias, Fábio Gentil.
Jovem que ascendeu ao cargo por força do acaso – mais por conta dos erros de seu adversário durante o processo eleitoral do que propriamente dos seus acertos – o mandatário municipal caxiense conhece como poucos a história recente da cidade, porque influenciou os bastidores do poder durante 20 anos, tempo em que exerceu cinco mandatos consecutivos de vereador. Fora o fato de o “Cabeludo” ter nascido na órbita do poder – o pai, Zé Gentil, foi influente político durante as décadas de 60, 70 e 80.
Portanto, Fábio Gentil já viu de tudo na vida pública, inclusive erros político-administrativos que resultaram – ou no mínimo tiveram forte influência – na derrocada de muitos prefeitos, mesmo de alguns que se achavam donos da cidade.
Os casos da Escola Tia Joana, no início dos anos 2000, durante o governo Márcia Marinho, e mais recentemente o da Clínica Santa Terezinha, na gestão Leo Coutinho, são emblemáticos e entraram para os registros da municipalidade caxiense, sobretudo pela influência que tiveram na derrota eleitoral dos respectivos mandatários, na época à frente de grupos políticos bem mais consolidados, aliás, que o hoje liderado pelo “Cabeludo”.
Agora, que estar prefeito, Fábio Gentil esquece a História e persegue uma professora que dedicou a vida a uma importante escola comunitária que atende a cerca de 600 crianças de famílias humildes, moradoras de um populoso e carente bairro da cidade. E tudo, simplesmente, porque Marlizete não aceitou sujeitar-se à imposição de votar no pai do “Cabeludo”.
Os Gentil já foram vítimas
A própria família do “Cabeludo” já foi vítima desse tipo de perseguição insana, no começo dos anos 90, quando o então prefeito Paulo Marinho cortou recursos e obrigou a família Gentil a fechar o Hospital Gentil Filho – na época privado, mas que fazia atendimento público.
Os Gentil sentiram na pele
Naquela época, amparados por uma multidão sensibilizada pela situação que prejudicava a comunidade, os Gentil foram às ruas. Houve confronto na porta da Prefeitura. Empurrada pelo prefeito Maracutaia, a mãe de Fábio, Dona Rosário, caiu e quebrou um braço.
Foi um dos acontecimentos mais trágicos na história político-administrativa do município.
Tempo para o bom senso
Ainda há tempo de o “Cabeludo” refletir melhor e voltar atrás, seria até enxergado como um gesto nobre, carregado de humildade e prudência – que nem aquele, dele mesmo, inclusive, na questão da imagem da santa que seria erguida no Mirante da Balaiada.
Vozes da razão
No círculo íntimo de interlocução do poder gentiliano não existem somente bajuladores incendiários, há também valorosos conselheiros. O problema é que, como registrado na história, o mandatário de plantão não costuma dar ouvidos àquelas vozes mais sensatas, ainda que estejam carregadas de razão.