segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Lula é denunciado sob acusação de lavagem de dinheiro 


A força-tarefa da Operação Lava Jato em São Paulo apresentou à Justiça Federal nesta segunda-feira, 26, denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sob a acusação de lavagem de dinheiro no recebimento de 1 milhão de reais em uma doação do grupo ARG ao Instituto Lula. Segundo os procuradores, o valor foi repassado à instituição após o petista influenciar decisões do presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Obiang, que favoreceram a empresa no país africano.
A acusação será analisada pela 2ª Vara Federal de São Paulo, especializada em crimes financeiros e lavagem de dinheiro. Os procuradores do Ministério Público Federal em São Paulo denunciaram também o empresário Rodolfo Giannetti Geo, controlador do grupo ARG, pelos crimes de tráfico de influência em transação comercial internacional e lavagem de dinheiro. Lula também seria acusado de tráfico de influência, mas como os supostos crimes ocorreram entre setembro de 2011 e junho de 2012 e o petista tem mais de 70 anos, o delito prescreveu em relação a ele.
As principais provas apresentadas pelo MPF na denúncia são e-mails entre Geo e representantes do Instituto Lula, localizados na 24ª fase da Lava Jato, batizada de Aletheia, que mirou o ex-presidente em março de 2016. Também foram apreendidos na ocasião o registro da transferência bancária de 1 milhão de reais da ARG para o Instituto Lula, com data de 18 de junho de 2012, e um recibo da suposta doação.
Segundo o MPF, entre setembro e outubro de 2011, Rodolfo Geo procurou o instituto e pediu que Lula auxiliasse a ARG junto a Teodoro Obiang para que o governo local mantivesse os negócios com a empresa, sobretudo na construção de rodovias.
Com a suposta atuação do petista em favor da empresa junto a Teodoro Obiang, os procuradores do MPF consideram que o dinheiro repassado ao Instituto Lula não é uma doação, mas pagamento de uma vantagem ao ex-presidente. O registro do valor como doação, para os investigadores, é ideologicamente falso e dissimula o que seria a origem ilícita do dinheiro, o que configura lavagem de dinheiro.
Caso a 2ª Vara Federal de São Paulo aceite a denúncia do MPF, uma ação penal será aberta contra Lula e Rodolfo Geo. Neste caso, chegará a nove o número de processos criminais a que o ex-presidente responde na Justiça a partir de investigações das operações Lava Jato, Zelotes e Janus. Ele já foi condenado em segunda instância a 12 anos e 1 mês de prisão no caso do tríplex do Guarujá (SP), sentença que o levou à prisão em abril de 2018.
A reportagem entrou em contato com a defesa do ex-presidente Lula, que ainda não tem um posicionamento sobre a denúncia.
De Veja com edição.***