sexta-feira, 16 de novembro de 2018

"Mais Médicos", a primeira grande crise social de um governo que ainda nem começou 

Nas mesmas condições, a medicina cubana atua com sucesso em 67 países. Com a presença dos médicos cubanos no Brasil, o numero de consultas em áreas aumentou de 1000 a 2000 % 


Foram 113 milhões de atendimentos feitos pelos cubanos desde que o programa Mais Médicos se instalou no Brasil. A Confederação dos Municípios calcula que 28 milhões de pessoas serão prejudicadas diretamente com a saída dos médicos cubanos. Esses profissionais eram responsáveis pelo atendimento direto a 63 milhões de brasileiros.

Quando fala, o presidente eleito Jair Bolsonaro costuma golfar asneiras como a de que iria usar o Revalida para “expulsar” os cubanos do Brasil, além de fazer exigências que implicam em intromissão na soberania de Cuba e colocar em dúvidas a competência de profissionais que vinham atuando no país desde 2013. Expulsou mesmo.

Assim, todas as análises sérias sobre o assunto indicam que a saúde pública no Brasil passará por momentos muito difíceis. O caos, como frisou o governador Flávio Dino. No site Uol Notícias, Leandro Sakamoto disse que esta é a primeira grande crise social de um governo que ainda nem começou. E criar mal estar social parece ser uma das prioridades do futuro governo. 

É de se esperar que o Brasil tenha a capacidade de vencer os entraves burocráticos e econômicos para substituir a tempo os médicos instalados nos mais distantes rincões do país, inclusive municípios que até antes não tinham notícia do que fosse assistência médica. Aliás, nas mesmas condições, a medicina cubana atua com sucesso em 67 países.

Os arrotos de Bolsonaro podem, portanto, trazer sérios prejuízos à já combalida saúde pública brasileira. Ele sim, age por um viés ideológico e tenta imitar seu ídolo máximo, o cacique da direita radical Donald Trump que, por sinal, se esforça para acabar com o eficiente programa de saúde do ex-presidente dos EUA, Barak Obama. É a natureza de quem, como macaco, procura imitar tudo o que não presta.

Os cubanos estão nos lugares mais inóspitos, inclusive onde a medicina nunca chegou, porque são os únicos dentro do programa obrigados a aceitar a indicação do local de trabalho. Em áreas indígena, por exemplo, o número de consultas aumentou de 1000 a 2000 %. Deduz-se daí que não será tão fácil substituí-los por médicos brasileiros e europeus.

E fica a lição de que não é possível governar um país a patadas, sem pensar nas consequências econômicas e sociais que delas poderão advir.

Blog do Cunha Santos