domingo, 25 de agosto de 2019

A saga do povo Rom ou Roma em Caxias, mais conhecido por ciganos


Residencia dos ciganos na Vila Arias 
As origens dos povos ciganos têm em volta grandes mistérios. Não existe registros precisos de onde se originaram. Alguns especialistas acreditam que tenham se originado na Índia, por causa da sua fala. No século XVII, os ciganos já haviam se espalhado por todos os países da Europa, América e África. O documento mais antigo referente à presença dos ciganos no Brasil é datada de 1574. Além de alguns migrarem voluntariamente outros foram submetidos a processos de deportação, subdividindo-se em vários clãs denominados segundo antigas profissões e procedência geográfica, que falam línguas ou dialetos diferentes. Dessa forma nos meados de 1698 se registra a chegada da primeira leva de pessoas da etnia Calon ou Kalé ao Maranhão, de onde foram degredados de Portugal.

A chegada do povo Rom, na cidade de Caxias. Foi por volta da metade da década de 70, precisamente os ciganos chegaram na Rua Sesorte Pereira, oriundo de diversas partes do Maranhão e outros lugares do Brasil. Sendo maioria desses ciganos vieram da cidade de Codó – MA. No início ficaram arranchados no terreno da própria vila Arias. E logo compraram alguns lotes e lá construíram suas residências de forma precárias.

Por omissão do poder público municipal, à área que pertencimento do município sofreu um processo invasão e ocupação tanto por ciganos e não-ciganos. Em seguida a grilagem toma conta da área pertencente ao município. Reduzindo consideravelmente o terreno da escola Maria Luíza.

Professor Arnaldo Rodrigues ladeado pelo cigano Raimundo 
A maior parte dos ciganos de Caxias encontram-se instalados na Vila Arias. E estão divididos espacialmente nas rua e travessa: Gilberto Barbosa, Rua Deputado Alexandre Medeiros, João Paulo II, Rua São José, Santo Expedito. É como a população de Caxias, associar a Vila Arias, como um lugar de ciganos. Existem outros nichos ciganos em Caxias, como os bairros Seriema, Antenor Viana e Eugênio Coutinho

A nossa pesquisa procurou saber como os ciganos apropriaram do espaço, já que estes representam um grupo étnico com comportamentos e práticas peculiares, que são naturalizados e ao mesmo tempo menosprezados pela cultura dominante, sendo chamada de subcultura alternativa ou excluída, por representarem maneiras próprias de lidarem com a realidade, deste modo as ações emanadas por grupos culturais que representam minorias, são depreciadas em função de padrões culturais, predominantemente etnocêntricos, que hierarquizam o que é diferente, criando estigmas e preconceitos.

Com ênfase no exposto, foi perguntado há um Morador Cigano como estes são vistos no bairro Vila Arias por moradores não ciganos onde responderam que são vistos na maioria de modo positivo. Já por parte da sociedade caxiense nos veem de forma negativa. Percebe-se que no bairro os moradores mesmo atribuindo a identidade própria dos ciganos, a algumas características de ações ilícitas procuram manter uma relação sem conflitos. As diferenciadas práticas culturais da comunidade étnica cigana e o seu desconhecimento pela sociedade em geral criam imagens que tendem, de modo cíclico, a criar e a reforçar estereótipos negativos.

Por muito tempo, os ciganos se habituaram a lidar com situações de discriminação, perseguição e violência. Neste âmbito percebeu-se que há falta de respeito quanto a identidade do Povo Cigano no Bairro Vila Aria.  No início da nossa chegada aqui na Vila, foi complicado, hoje em dia, já somos aceitos. É tanto que alguns ciganos, casaram-se com pessoas não-ciganas, “gadjô” (homem não-cigano e “gadji” mulher não-cigana). Afirmou um dos ciganos entrevistado.

Poucos ciganos possuem uma vida financeira estável. Isto é perceptível , devido ao estilo de vida, possuem casas de padrão confortável, carro de luxo no estilo pick-up hilux, corolla, entre outros, mas na sua maioria levam uma vida simples, sem muita perspectivas, moram em casa de taipa com chão batido, sem instalações sanitárias, vivem de pequenos bicos, mendicância, pude identificar também que quatro ciganos são servidores público municipal, sendo lotados na secretaria de educação e um lotado no departamento de limpeza urbana, esta condições especial dessas pessoas que estão inseridas no serviços público.

Apesar de estarem semi-sedentários, pois mesmo possuindo uma residência fixa, eles apresentam indícios da característica nômade, como o povo cigano do bairro investigado pois, Sobre os costumes tradição do povo ciganos prezam ainda pela sua cultura, sendo que a cultura cigana se revela como sendo bastante complexa, por se tratar de um grupo nômade com tradições e costumes peculiares. Na Vila Arias há uma grande movimentação de pessoas em busca de fazer algum negócio com os ciganos, seja comprando, vendendo ou trocando. As relações são bem amistosas e vantajosas. Uma espécie de mercado paralelo, aonde são comercializados vários produtos, muitas das vezes de origens duvidosas.

E por conta desse mercado paralelo, frequentemente a polícia militar, fazem batida com objetivo de averiguar a existência de produtos ilícitos, pois durante as abordagens policiais há denúncia de abusos cometidos por agentes policiais durante as operações . Tais fatores dificultam a identificação de aspectos culturais do grupo, pelo fato deste se situar um pouco externamente a outras culturas vigentes na sociedade e pela difícil interação com as mesmas

O estilo de vida cigano varia de sujeito para sujeito, de acordo com a realidade em que está inserido. Partes dos ciganos vem perdendo suas identidades sociocultural. Levando em consideração o processo de territorialização das famílias cigana há três décadas, em relações a outros ciganos podemos considerar que. Os mesmos, ainda não estão completamente integrados a sociedade caxiense.

 Mas mesmo assim, ao serem identificados como ciganos sofrem discriminação simplesmente pelo fato de serem ciganos. Prova disso é que uma cigana, por duas vezes foi eliminada de uma seleção de emprego, sendo que a última vez aconteceu numa Rede de Supermercado de Caxias. Numa tentativa, para evitar esse incômodo. A jovem cigana, tivera que retirar sua faceta de ouro que encobria seu dente.

Se fizermos uma simples busca do significado da palavra “cigano” em qualquer dicionário. Iremos nos deparar que com significados depreciativos, sobre essa etnia. O seu modo de vida se mostra como bastante diferente do dito “normal” da sociedade dominante ocidentalizada e, mesmo dentro da comunidade cigana podem existir diferentes realidades e estilos diversos de cotidiano, dependendo dos fatores relacionados às suas vivências ao longo da história, ao sedentarismo ou nomadismo, à diversidade das suas relações, dos ambientes explorados, da sua origem e dos diferentes contatos sociais estabelecidos com outros elementos.

Ao pesquisar o porque dos ciganos fixarem território na Vila Arias. Afirmaram que a geografia do lugar foi determinante, devido ser uma área que oferecia as condições favoráveis ao seu modo de vida, pois a o bairro se encontra na periferia de Caxias. A proximidade com Rio Itapecuru. Da qual os ciganos utilizavam para tomar banho e também levavam seus cavalos e gado para beber. E que havia uma diversidade de pastagem que servia para alimentar seus animais. Entretanto este lugar passou ser identificado como nicho do povo “Rom”

Na cidade de Caxias, os mesmos construíram identidade com o lugar, que abriga hoje cerca de aproximadamente 64 famílias de ciganos. Hoje o local é estigmatizado pela sociedade caxiense, ao se referir à Vila Arias, automaticamente boa parte dos cidadãos de Caxias relaciona o bairro com os ciganos que lá habitam, onde muitas das vezes é motivo de preconceito, pelo povo de Caxias, pois acham que na Vila Arias só moram ciganos. Pelo contrário a maioria da população que habita o bairro é composta de moradores não-ciganos.

Como foi dito que a geografia do lugar foi determinante para que os mesmos deixassem a vida nômade e fixaram seu território neste lugar, pois é na Vila Arias que as relações socioeconômicas acontecem. É aqui na Vila que atividades econômicas são realizadas pelo povo ciganos e de onde tiram seus sustentos de suas famílias. Às práticas comerciais feitas pelos os ciganos são praticados através de seus modus operandi milenar que é a marca da dessa etnia. Tendo como: a troca e vendas de produtos, criação de porcos, gado e galinha.

Com destaque especial para as atividades equinos. Tendo a cavalo como carro chefe nas operações comerciais. A relação dos ciganos com o cavalo, faz parte da vida de um traço marcante tanto da cultura “Rom”, praticamente inseparável, pois dificilmente veremos um cigano sem relação com cavalo.

A Vila Arias, hoje em dia é um local, aonde as relações de poder são exercidas pelos os ciganos, e que lá existe uma espécie de domínio territorial exercida pela comunidade cigana. A presença da etnia cigana na Vila Arias há quase três década. Foram responsáveis modificação espacial do lugar. Ruas foram abertas e casas foram construídas, alterando de forma significativa a paisagem e a dinâmica do lugar, pois alguns relatos de moradores do bairro a presença dos ciganos tem inibido algumas práticas delituosas, como assalto e roubou. Sendo que os conflitos existentes no bairro acontecem entre os próprios ciganos.

Devidos as atividades comerciais realizadas por eles. Estendendo estes conflitos com outros ciganos de municípios vizinhos. Apesar dos ciganos deixarem de ser nômade e fixarem moradia na cidade de Caxias. A religiosidade é um fator importante para os ciganos alguns professam a Fé Cristã, onde muitos são Católicos devotos de São Francisco e Nossa Sra. da Conceição, sendo que os mesmos construíram uma Capela. Um pequeno grupo são Evangélicos Umbandistas.

Por: Professor Arnaldo Rodrigues