Filho do ex-senador Lobão é preso por corrupção
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Tanto Marcio Lobão quanto seu pai, Lobão já são réus na Lava Jato por corrupção passiva e lavagem de dinheiro |
Márcio Lobão, filho do ex-senador e ex-ministro Edison Lobão, foi preso na manhã desta terça-feira (10) na 65ª fase da Lava Jato, de acordo com o Ministério Público Federal (MPF). A prisão é preventiva, ou seja, por tempo indeterminado e foi efetuada no Rio de Janeiro (RJ).
A nova etapa da operação investiga crimes de corrupção e lavagem de dinheiro proveniente de pagamento de vantagens indevidas relacionadas à Transpetro, que é subsidiária da Petrobras, e à Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.
Segundo o MPF, Márcio Lobão e Edison Lobão solicitaram e receberam propinas dos Grupos Estre e Odebrecht em R$ 50 milhões entre 2008 e 2014.
O mandado de prisão foi expedido contra Márcio Lobão porque, conforme o MPF, há indícios de que ele permanecia praticando o crime de lavagem de dinheiro em 2019.
Ao G1, a defesa de Márcio Lobão disse que ainda não obteve acesso aos autos – “de modo que resta prejudicado qualquer posicionamento neste momento”.
Edison Lobão não foi alvo desta fase da da Lava Jato.
Esta fase tem como objetivo, conforme o MPF, aprofundar as investigações sobre as operações de lavagem de dinheiro realizadas pelo filho do ex-ministro.
O MPF informou que há registros de lavagem de dinheiro em compras e vendas de obras de arte, vendas de imóveis, simulações de empréstimos familiares e movimentação em contas offshore.
Edison Lobão e o filho Márcio Lobão já são réus na Lava Jato por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia aceita pela Justiça trata de crimes cometidos, segundo o MPF, entre 2011 e 2014, no valor de R$ 2,8 milhões, por intermédio da Odebrecht.
Esta nova fase da Lava Jato foi batizada de Operação Galeria. Além do mandado de prisão, há 11 de busca e apreensão. As ordens judiciais são cumpridas em São Paulo (SP), no Rio de Janeiro e em Brasília (DF).
Entre os alvos de busca e apreensão, estão endereços de galeria de arte e de agentes financeiros que, de acordo com o MPF, administravam contas de Márcio Lobão no exterior.
O nome desta etapa, inclusive, remete às transações com obras de arte foram utilizadas para dar aparência lícita aos valores provenientes de vantagens indevidas, segundo a Polícia Federal (PF).
Transações com obras de arte
O procurador do MPF Roberson Pozzobon afirmou que dois valores relacionados às obras de arte chamaram a atenção.
Nos dois casos, obras foram compradas – um em 2009 e outra em 2010 – por R$ 45 mil e vendidas cinco anos depois por R$ 850 mil. Esses valores são referentes a cada uma delas.
Outras formas de lavagem de dinheiro
O delegado Luciano Flores, superintende regional da PF no Paraná, disse que a 65ª fase da Lava Jato “é uma aula de lavagem de dinheiro”.
Segundo os procuradores MPF, outras formas para lavar dinheiro foram usadas, como transações imobiliárias, empréstimo, offshores no exterior e depósito em espécie.
“Depósitos fracionados em espécie foram feito nas contas de Márcio Lobão e esposa: mais de R$ 2milhões por meio de 104 depósitos”, disse Pozzobon. Um deles, de acordo com o procurador, foi de R$ 998 mil.
Aumento ‘significativo’ de patrimônio
“Márcio Lobão apresentou uma evolução patrimonial muito significativa”, afirmou Pozzobon.
Em dez anos, de 2007 a 2017, o patrimônio de Márcio Lobão, conforme o MPF, aumentou de aproximadamente R$ 8 milhões para cerca de R$ 44 milhões.
Essa quantia é do que foi declarado à Receita Federal. Mas, de acordo com os procuradores, há contas e valores que não forma declarados.
O procurador Athayde Ribeiro Costa disse que, em 2018, Márcio Lobão fez retificação do Imposto de Renda de anos anteriores. Dessa maneira, segundo Costa, uma conta que tinha R$ 1,7 milhão “desapareceu”.
Conforme o MPF, além dos crimes de corrupção ligados à participação da Odebrecht no contrato de construção da Usina de Belo Monte, são investigados benefícios em mais de 40 contratos de quase R$ 1 bilhão.
Esses contratos, ainda de acordo com o MPF, foram firmados pelas empresas Estre Ambiental, Pollydutos Montagem e Construção, Consórcio NM Dutos e Estaleiro Rio Tietê.