“A Espiritualidade e a Medicina” Reiki e Covid na pratica clinica
Rosângela dá Cruz
Terapeuta Holísticas
Ac de Farmácia
Como incluir a espiritualidade na prática clínica
A medicina compreende os conhecimentos e técnicas relativos à manutenção da saúde. Nesse contexto, doenças, traumatismos e afecções são as principais ameaças à vida humana, no entanto, a complexidade de cada indivíduo vai além do funcionamento biológico, afinal, a saúde diz respeito não apenas à condição física, mas ao bem-estar mental, social e cultural, dessa forma, a espiritualidade pode ser inserida na prática médica como um direito do paciente e que, comprovadamente, exerce um papel de potencializador da saúde global, entre os benefícios mais aceitos está o controle de estresse, ansiedade e depressão, menor incidência de uso de substâncias maléficas e tentativas de suicídio, além de melhorar a qualidade de vida e o prognóstico psiquiátrico. Estudos dessa natureza comprovam, há décadas, que pessoas mais religiosas e espiritualizadas alcançam com mais frequência a longevidade, em uma pesquisa publicada em 2016 na Jama Network, pesquisadores da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, indicam a relevância da espiritualidade na prática clínica, os cientistas destacam a doença como “significado final, propósito e transcendência e na relação com o eu, a família, outros, a comunidade, a sociedade, a natureza e o significativo ou sagrado” da mesma forma, a ciência médica considera a doença como uma alteração no estado de saúde e no estado de espírito associada a diversos fatores – entre eles, o ambiente. Está provado que as casuísticas ambientais carregam fatores como hábitos e comportamentos ligados a cultura e espiritualidade, entre outros fatores, ou seja, não é possível dissociar por completo a medicina e a saúde das crenças pessoais.
Práticas Integrativas
Parece natural que a medicina compreenda e trabalhe em conjunto com a espiritualidade para a recuperação do paciente, entretanto questões relacionadas à espiritualidade, como religiosidade, fé e crenças pessoais em geral, são aceitas inclusive pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A entidade recomenda aos estados-membros a formulação de políticas visando a integração de sistemas médicos complexos e recursos terapêuticos – também chamados de Medicina Tradicional e Complementar/Alternativa MT/MCA. Segundo a OMS, esse “amplo conjunto de práticas de atenção à saúde baseado em teorias e experiências de diferentes culturas utilizadas para promoção da saúde, prevenção e recuperação, levando em consideração o ser integral em todas as suas dimensões” em muitos países, tais práticas aparecem como a principal oferta de serviços de saúde à população, em locais como o Brasil, as abordagens alternativas são inseridas de maneira complementar ao sistema convencional, por aqui, cabe ao Ministério da Saúde a promoção de ações assim a partir das Práticas Integrativas e Complementares (PICs). Desde 2006, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) regulariza técnicas como acupuntura, reiki, meditação e medicina antroposófica (baseada no ocultismo e filosofia espiritual) no Sistema Único de Saúde (SUS) – principalmente a partir da atenção básica. A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), por exemplo, mantém o Grupo de Estudos em Espiritualidade e Medicina Cardiovascular (Gemca), a partir desses conhecimentos, a entidade publicou em 2019 novas diretrizes que incluem a espiritualidade como recurso de enfrentamento das doenças, o documento é considerado inovador inclusive por se aplicar à compreensão da espiritualidade, “para alguns, tanto os ateus quanto os agnósticos, embora não acreditando ou sendo incertos sobre a existência de Deus, ainda assim possuem uma forma de espiritualidade baseada na filosofia existencial, encontrando significado, propósito e realização na própria vida. A espiritualidade evoca preocupações, compaixão e uma sensação de conexão com algo maior além de nós mesmos”
Espiritualidade e Medicina
Foi a partir dos anos 1980, com o conceito de Larson de que a espiritualidade “é o fator esquecido na saúde física e mental”, que o tema ganhou novas perspectivas na medicina. Em 1994, o manual diagnóstico de transtornos mentais DSM-IV passa a admitir que a espiritualidade pode ser foco de tratamento psíquico, “A partir dessa avalanche de evidências físicas, o agente de saúde fica mais confortável para lidar nesse campo. É importante lembrar que a medicina baseada em evidências não confronta a espiritualidade, pois comprova que isso existe e são complementares”, explica Frederico Leão, coordenador do Programa de Saúde, Espiritualidade e Religiosidade (ProSER) da Universidade de São Paulo (USP). O pesquisador enfatiza que o Brasil, por ser um país diverso e possuir as mais diversas manifestações culturais e religiosas, é natural que os médicos também sejam pessoas espiritualizados. O problema é que nem sempre eles se sentem seguros ou preparados para abordar o tema junto aos pacientes. “Mesmo médicos jovens, residentes, demonstram insegurança em fugir do escopo ou tocar em assunto delicado”, explica. Ainda que sua relevância já esteja comprovada, a espiritualidade não é assunto comum nos currículos de graduação em medicina. A ausência de práticas integrativas vai na contramão dos benefícios. Pacientes crônicos que demonstram algum grau de espiritualidade respondem melhor a tratamentos para hipertensão, diabetes e até câncer. Em alguns hospitais, o reiki é oferecido como terapia complementar à aplicação das sessões de quimioterapia.
Como promover a Espiritualidade na Saúde
A abordagem da espiritualidade do paciente deve ser algo natural durante a anamnese. É possível, por exemplo, questionar o paciente sobre suas prioridades na vida, seus valores e, com isso, identificar o impacto da sua fé no quadro clínico, nesse caso, é importante que o médico identifique se a pessoa levaria a espiritualidade em conta na tomada de decisão, algumas religiões não permitem procedimentos como transfusão de sangue, o debate acaba inserido na judicialização da saúde, pois envolve o direito à vida, a ética médica e o direito de expressar a fé, no ambiente hospitalar é mais comum e viável a introdução da espiritualidade, principalmente em abordagens de cuidados paliativos, é possível sondar o paciente sobre suas preferências espirituais e seu desejo de contato com líderes religiosos ou práticas que possam oferecer maior conforto. Um estudo brasileiro com idosos em reabilitação demonstrou que 87% gostariam que seus médicos abordassem sua espiritualidade durante os cuidados clínicos, um caminho seguro, segundo Leão, do ProSER, são os protocolos e questionários de anamnese, entre eles, o FICA (Fé, Importância, Comunidade e Abordagem no tratamento), aplicado em apenas cinco minutos e útil na prática clínica de forma geral.
Referências: 1 -
secad.artemed.com.br