terça-feira, 16 de março de 2021

Vereadores discutem pandemia, segurança e outras mazelas que afligem os caxienses 


A sessão remota da Câmara Municipal de Caxias (CMC), nessa segunda-feira (15), retomou as discussões desenvolvidas pelos parlamentares na semana passada sobre os problemas vivenciados pelos caxienses em relação à pandemia da covid-19, agora em estado crítico por falta de leitos para internação de pacientes infectados, e a segurança pública na região.

Ambos os assuntos já haviam sido abordados por vários ângulos pelos vereadores. Mas, desta vez, a aprovação do pedido do prefeito Fábio Gentil (Republicanos) para compra de vacinas, aprovado por unanimidade na Casa, e o convite feito pelo presidente Teódulo Aragão (PP), para o comandante do 2º Batalhão da Polícia Militar do Maranhão, major Ricardo Almeida de Carvalho, participar do encontro dos vereadores, oferecendo, como militar de campo, sua visão sobre o assunto, trouxe mais esperança a todos os parlamentares de que essas mazelas caxienses venham ser equacionadas em pouco tempo.

"A aquisição de vacinas para a cidade, que autorizamos, será sem dúvidas uma ação decisiva para controlarmos a pandemia na região de Caxias, reduzindo drasticamente os fatores negativos que ela está provocando à capacidade produtiva de nossa cidade, em todos os sentidos. Já o comandante, fez uma boa apresentação do nosso problema. Não vamos ficar parados. Essa foi uma conversa inicial em que ele mostrou o leque de dificuldades que a cidade enfrenta, a partir de estrutura logística de apoio e ausência de efetivo apropriado à nossa cidade. Foi um começo, e convido a todos para irmos à Cidade Judiciária de Caxias, na próxima quinta-feira, 18, para sabermos da oportunidade de termos veículos capturados pela justiça, junto a traficantes, que possam imediatamente ser utilizados pela força policial da cidade", informou o presidente da CMC..

Dentre outras dificuldades do setor, os vereadores souberam que a PMMA tem apenas 10 viaturas para cobrir a região de Caxias. "Por mais que haja esforço, é muito difícil alcançar toda a sede do município e mais de 800 povoados na zona rural com essa quantidade de viaturas", enfatizou Teódulo Aragão na ocasião, mostrando muita disposição para colocar toda a capacidade da CMC também no enfrentamento da violência que vem se impondo em Caxias.

Prevenção e resguardo

A sessão durou cerca de 2h45m e chegou a ser acompanhada, via internet, por mais de 3 mil pessoas, inclusive em outros países. O fato demonstra o acerto da presidência em divulgar as ações do legislativo caxiense por mídia digital, uma forma de compensação ao ser forçada a restringir a participação presencial ao plenário apenas a seleto grupo de servidores, além de poucos profissionais da imprensa nas galerias da Casa, para evitar aglomerações.

O poder tem se esmerado em respeitar os protocolos sanitários estabelecidos pelas autoridades de saúde desde o ano passado. Mas o vereador Teódulo Aragão, que no início de março mandou testar todos servidores e parlamentares, identificando 14 infectados, já adiantou que muito em breve haverá nova testagem para avaliar como está o quadro de saúde da Casa.

Nada menos do que 13 dos 18 parlamentares que participaram da sessão fizeram pronunciamentos ao longo do pequeno expediente. O assunto predominante, como no encontro passado, foi novamente os problemas gerados pela pandemia, sobretudo agora em que o atendimento para internações de infectados já está em estado crítico em todos os hospitais do sistema público de saúde de Caxias.

Ao usar da palavra, a vereadora Cynthia Lucena (PP), que é enfermeira, mostrou-se muito preocupada com o fato de 100% dos leitos estarem ocupados no momento e 149 pessoas já terem falecido em decorrência da enfermidade em Caxias. A parlamentar chamou a atenção para o atual caráter pouco seletivo da enfermidade no município, pedindo que as pessoas redobrem a atenção preventiva. Informando a seus pares, ela se disse surpreendida com o grande número de crianças infectadas. "Antes, presenciávamos que as pessoas mais velhas eram as que mais se infectavam. Agora, são jovens, adultos, crianças", explicou, dando a entender que a virose está em transformação e se adaptando para seguir infectando pessoas.

Outro parlamentar que também entrou na discussão sobre saúde foi o vereador Daniel Barros (PDT), líder da oposição. Ele é autor de outra indicação datada de 9 de março, reivindicando compra de vacinas pelo município, através do consórcio de prefeituras. O vereador falou das últimas medidas tomadas pelo governo do Estado para reforçar a estrutura de internação da cidade com cerca de 20 leitos no Hospital Macrorregional de Caxias, solicitação que teria partido para deputada estadual Cleide Coutinho (PDT). Barros lamentou que o hospital de campanha do Centro Médico tenha sido deslocado pela prefeitura para o Hospital Geral do Município, onde seus leitos agora não estão sendo atualizados, porque aguardam adaptação no prédio. Para ele o hospital não deveria ter sido desativado, até porque seu funcionamento no Hospital Geral acabará por levar contaminação a outros pacientes que estejam ou procurem aquela unidade hospitalar.

Ricardo Rodrigues (PT), abordando a questão, pediu o empenho dos colegas para a realização imediata de um trabalho de cooptação de parcerias junto às grandes empresas de Caxias, para que se associem também ao esforço de novas instalações de leitos na rede pública de saúde da cidade. "Existe uma pandemia, uma fila de espera, até os maiores hospitais não estão aguentando. Não é somente o poder público que deve bancar todos serviços. Em muitas cidades, as empresas estão ajudando também. Como presidente da Comissão Permanente de Saúde da CMC, afirmo que o que está em jogo é a vida das pessoas", ressaltou, citando depois que é vergonhosa a conduta dos bancos e financeiras da cidade, entidades que ganham muito dinheiro explorando pessoas, mas que em nada ajudam, e sequer fornecem proteção adequada para seus clientes.

Luís Lacerda (PCdoB), por sua vez, demonstrou preocupação com o tratamento dispensado com certos setores do funcionalismo público caxiense diante da pandemia. Ele lembrou que os garis que fazem a limpeza da cidade estão permanentemente com a saúde ameaçada, porque não dispõem de equipamentos de proteção. "Peço que as autoridades também veja a situação dos garis. Eles manuseiam todos os dias o lixo de nossas casas. No lixo também pode haver covid. Ele é uma grande fonte de contaminação", argumentou.

Mário Assunção e Antônio Ximenes, ambos do partido Republicanos, preferiram centrar suas colocações para o grande problema que as crianças de Caxias estão passando por causa da pandemia, principalmente por mais de um ano não estarem na sala de aula. Os dois defenderam a necessidade dos parlamentares se reunirem com o prefeito, com a secretaria de Educação, para que seja encontrada o mais rapidamente possível uma solução para a retomada das aulas, principalmente na zona rural. "Temos que achar uma solução. As crianças já estão sendo apelidadas de geração covid", salientou Mário Assunção, na oportunidade, enfatizando que o problema de representatividade de Caxias, tanto na assembleia estadual, como em Brasília, pode muito bem ser resolvido com a eleição de quadros do próprio legislativo caxiense.

O vereador Darlan Almeida (PL), preocupado com o perigo que, segundo ele, passam os funcionários do Mercado Central de Caxias, pediu à Secretaria Municipal de Agricultura e Pesca do município a adoção de medidas protetivas contra a covid-19 para o grupo e no local, alegando que o poder público tem a responsabilidade de preservar vidas. Para o parlamentar, a cidade está jogada às traças em muitas situações porque não conta com representatividade na Assembleia Legislativa do Maranhão e no Congresso Nacional. "O prefeito Fábio Gentil luta sozinho. Na última sexta-feira, fechou a agência do Banco do Brasil do Cangalheiro e estamos a mais de um ano sem agência do INSS", assinalou, pedindo que a Casa agende uma audiência com a cúpula do INSS do Maranhão, para discutir e equacionar a demanda. Para o vereador, ano que vem é ano de eleição, e será a hora em que a população não irá votar em candidatos que não ajudam Caxias.

Charles James (Solidariedade) elogiou as iniciativas dos vereadores Daniel Barros e Teódulo Aragão, por indicarem que o município precisa o quanto antes comprar imunizantes para vacinar a população contra a covid-19. Ele agradeceu o apoio dos colegas à aprovação de vários requerimentos que fez ao poder executivo, mas pontuou que um dos caminhos para solucionar muitos problemas caxienses seria resolvido com a contratação de concursando que foram aprovados no concurso do município. "São pais de família, aprovados para a área da saúde, para a área da educação, que nunca foram chamados para assumirem seus cargos. Assim como nós, vereadores, eles também foram eleitos, mas continuam sem contrato", denunciou.

Para o vereador Torneirinho (PV), os problemas ocasionados pela pandemia são tão prementes quanto os provocados pela falta de segurança da cidade. Como presidente da Comissão Permanente de Segurança da CMC, ele quer o quanto antes a realização de uma audiência pública para discutir o assunto com a sociedade organizada e todos os poderes constituídos.

Já o vereador Catulé (Republicanos), decano da casa, fez extenso pronunciamento louvando as decisões iniciais tomadas pelos colegas no início da legislatura. "Vejo que a Casa está renovada e mostra força e disposição para trabalhar pelo município. Mas é lamentável que estejamos ainda em distanciamento, nos últimos três meses. Sou daqueles que sempre me bati pela questão de Caxias ter a representatividade que merece. Hoje isso não existe. Não temos representatividade, força política, fora daqui. É uma situação prejudicial à cidade, pois há muito tempo estamos sendo desprestigiados. Não temos escritório da Equatorial Energia (antiga Cemar), que foi para Timon; não temos uma representação do Ministério do Trabalho para solucionar causas trabalhistas. Hoje, se o caxiense tem uma causa trabalhista, não resolve aqui. Tem que ir para Codó; a Receita Federal é a mesma coisa. A Delegacia local foi reduzida para posto e, qualquer problema mais sério, o cidadão tem que resolver em São Luís", disse em determinado momento da sessão.

Ação tem de começar em casa

Ao se posicionar no final da sessão, o vereador Teódulo Aragão fez a seguinte observação: "Quero agradecer a participação de todos os meus pares, todos os vereadores que se fizeram presentes, que puderam falar de seus assuntos, falar dos seus interesses e da população. Agradecer também por ter uma equipe trabalhando atrás das câmeras, que nos mostra ser possível fazer esta sessão remota. E agradeço a todos esses profissionais que estão aqui, pelo empenho, por que sem vocês a gente não estaria aqui conseguindo realizar esta sessão. O assunto mais falado hoje foi a respeito da recomendação que fizera no dia 04 de março, para que o Executivo possa adquirir as vacinas o mais rápido possível para Caxias. Acredito que logo depois dessa recomendação o prefeito Fábio Gentil (Republicanos) se sensibilizou, até porque qualquer pessoa se sensibilizaria com relação a isso, porque todos nós almejamos a chegada dessa vacina o mais rápido possível, e tanto que também o vereador Daniel Barros fez uma indicação encaminhada também ao Executivo, pedindo a compra da vacina. Quero deixar claro a todos os vereadores que o pedido do presidente não é apenas do presidente, é um pedido dos vereadores , porque aqui a gente representa os vereadores", salientou.

Asacom/CMC