domingo, 19 de setembro de 2021

Há exatamente um ano atrás Caxias perdia um dos símbolos do tempo áureo do progresso

*Arnaldo Rodrigues

Era noite de sábado, do dia 19 de setembro de 2020, ano de pandemia, por volta das 23:00h, começou a circular, em vários grupos de whatsapp da cidade, um vídeo mostrando a implosão e concomitantemente a derrubada da mais alta caixa d’água em formato cilíndrico da região. Uma bela construção arquitetônica, uma verdadeira torre emoldurando o céu do leste maranhense.

Pior que Caxias assistiu inerte à destruição de mais um patrimônio histórico. Tudo em nome do progresso. Atualmente, na área da antiga indústria foi instalada uma filial do bilionário grupo Mateus.

A caixa d’água foi construída ainda em fins dos anos 60, para abastecer a empresa A. Silva Óleo Vegetal, do saudoso e visionário comendador Alderico Silva. Até hoje não sabemos, se as estruturas da imponente caixa-d`água possuía alguma avaria que colocasse em risco vidas de pessoas próximas. E quais foram os reais motivo que levaram o Grupo Mateus tomar essa decisão sem um estudo prévio.

Sempre passo pelas imediações do Supermercado Mateus e tenho a sensação que um elemento que constituía a paisagem está faltando, pois desde que me entendo por gente já se encontrava encravada ali, assim, como eu, outros caxiense tiveram seu psicológico abalado. Fica um inquietante vazio no ar, que serve pra chamar atenção da sociedade, através de órgãos e entidade que cuidam do nosso patrimônio e acervo.


Olha que nossa Caxias possui um setor da Secretaria de Cultura, destinada para fiscalizar e preservar do patrimônio histórico da cidade, Caxias também conta com o Instituto Histórico e Geográfico, onde ausência do poder público poderia fazer ajudar a fiscalizar e impedir a destruição do nosso patrimônio Histórico, e cabe também ao cidadão fazer sua parte.

Já não bastasse a depredação e destruição dos casarões dos prédios centenários do centros da cidade, alguns comerciantes, sem noção do valor histórico  que possui essas edificações. acabam corroborando com destruição do nosso patrimônio. Por ocultar as belas arquiteturas  das identificações seculares, com a colocação de placas nas fachadas dos estabelecimento comerciais, à Princesa do Sertão maranhense, vê a cada dia seu patrimônio histórico, se exaurir, em nome do progresso, sem desenvolvimento sustentável, sem respeitar as heranças arquitetônicas e muito menos econômico. Um dia desse após denúncia em um blog local, um empresário do ramo farmacêutico, quis por inciativa própria transformar a calçada do Excelsior Hotel, em estacionamento privativo, pois nesse caso o órgão competente agiu de forma rápido para impedir a construção do estacionamento. Mas mesmo assim, o novo estabelecimento continuou agredindo nosso patrimônio histórico, colocando uma mega placa comercial na fachada do prédio do hotel, descaracterizando sua arquitetura original.


Nossa Caxias têm um passado glorioso, rica em história, abençoada por Deus com suas águas refrescante,  de um povo ordeiro, berço de poetas e personalidade que deram grande contribuições ao nosso país. O turista que para cá vêm, que sentir à cidade, conhecer nossa história, cultura e culinária. Não podemos mais permitir com que aconteceu no dia 19 de setembro de 2020, onde derrubaram aquela imponente caixa-d´água, que caracterizava o bairro Refinaria e simbolizava o tempo áureo da economia caxiense, pois se continuar nessa perspectiva de destruição do nosso patrimônio. Seremos lembrado: como a terra do já teve. Concluo triste este meu desabafo com o pensamento de Luiz Carlos Mathias: “Um País que não preserva seu passado e sua História, não tem futuro”

*Arnaldo Rodrigues é professor de Geografia formado pela UEMA (Universidade Estadual do Maranhão) e filiado ao PSOL