segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Flávio Dino diz que novo governo acabará com acampamentos bolsonaristas em frente a quarteis 

O senador eleito pelo Maranhão e próximo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), em entrevista a Globo News, nesta segunda-feira, afirmou que o novo governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acabará com acampamentos de apoiadores do ainda presidente Jair Bolsonaro (PL) instalados em frente a quartéis das Forças Armadas.

“Não há dúvida, no governo eleito, inclusive com a orientação do presidente Lula, que a lei deve ser cumprida. Então, não se trata de uma escolha, não se trata de uma opção, se trata de uma imposição legal”, disse.

“Nós esperamos que nesta semana esse processo de ocupação ilegal em torno do Quartel General [do Exército] em Brasília cesse, ou seja, que a desocupação prossiga e, com isso, nós possamos ter um quadro de normalidade durante a posse”, completou.

Flávio Dino também afirmou que o novo governo não permitirá que se instale no País o que ele chamou de “terrorismo político”.

No sábado, 24, um militante bolsonarista foi preso por plantar uma bomba nas imediações do aeroporto de Brasília.

Dino avaliou que o homem não é um “lobo solitário” e prometeu que todas as “conexões” da tentativa de atentado serão investigadas.

”Estamos esperando o que fará, exatamente, o [atual] ministro [da Justiça, Anderson Torres], a Polícia Federal até o dia 31. Mas é certo que nós temos, inclusive, conexão com aquele inquérito policial dos atos antidemocráticos que tramita no Supremo. Então, o enquadramento criminal deve ser revisto. A Polícia Civil do DF vai continuar com as apurações, segundo informações que nós obtivemos, tendo em vista essas conexões”, disse Dino.

O futuro ministro da Justiça acredita que pode haver omissões por parte das autoridades. “Nós temos indicações de que, no mínimo, há omissões de autoridades e agentes públicos federais. Isso é muito evidente e há fatos que autorizam essa minha afirmação”, declarou.

Flávio Dino afirmou que os acampamentos bolsonaristas em frente a quartéis do Exército serão desfeitos a partir do dia 1º de janeiro. “Esperamos que ao longo dessa semana as autoridades federais tomem as providencias legais. Se eventualmente não tomarem, a partir do dia 1º a nova equipe governamental o fará”, afirmou.

O ex-governador do Maranhão afirmou que os acampamentos se tornaram uma espécie de esconderijo de pessoas com más intenções.

“A Constituição define o direito de reunião como aquele que é exercito sem armas. No momento que isso é quebrado, não estamos mais diante do uso de um direito, mas de um abuso. O próprio investigado afirma que obteve explosivos justamente nesse acampamento ao redor de um quartel”, disse.

Ao ser questionado sobre a postura de Bolsonaro, que ainda não se pronunciou sobre a tentativa de atentado, ele respondeu que a responsabilidade política do presidente está “obviamente configurada”, mas que a responsabilidade jurídica ainda precisa ser esclarecida.

Dino prometeu que todas as conexões do caso serão apuradas pelo futuro governo e voltou a criticar os decretos de Bolsonaro que facilitaram a obtenção de armas. “Nós não vamos permitir que esse terrorismo político se instale no Brasil”, disse.

Estadão