'Impossível conversar com presidente da Anvisa', diz Bolsonaro
O presidente Jair Bolsonaro afirmou na quinta-feira (30) que é “impossível” conversar com o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres. Barra Torres foi indicado por Bolsonaro e já foi elogiado diversas vezes publicamente pelo presidente. No decorrer da pandemia da Covid-19, no entanto, o presidente da Anvisa passou a apresentar posições contrárias às de Bolsonaro, principalmente por defender de forma enfática a vacinação.
O atrito mais recente entre os dois envolve a decisão da agência, criticada por Bolsonaro, de autorização da imunização contra a Covid-19 de crianças entre 5 e 11 anos. Na semana passada, em entrevista ao GLOBO, Barra Torres afirmou que declarações “muito infelizes” do presidente estimularam ameaças contra servidores da Anvisa.
— Não vou falar mais de Anvisa aqui porque fechou o diálogo. Fechou o diálogo. É impossível conversar mais ali com o presidente da Anvisa. Ele tem a opinião dele, tem mandato, e continua lá. Boa sorte para ele, tomara que ele acerte. Mas, quando se fala em vacinar crianças, isso é uma coisa que mexe conosco — disse Bolsonaro, em transmissão ao vivo em redes sociais.
Na transmissão, o presidente voltou a dizer que não irá vacinar sua filha mais nova, Laura, que tem 11 anos.
— Não vou vacinar a minha filha, decisão minha. Conversei com minha esposa, ela está alinhada comigo. A minha esposa se vacinou. Ela quis se vacinar, foi se vacinar. A nossa filha nós entendemos que ela não tem quase nada a ganhar com a vacina.
Para Bolsonaro, não se pode criar um “clima de terror” na cabeça dos pais sobre a vacina:
— Você não pode, realmente, obrigado ninguém a tomar vacina. Você não pode criar um clima de terror na cabeça dos pais para vacinar seus filhos. Ou então dizer o contrário, se vacina for boa, você desestimular a vacina.
Apesar da posição de Bolsonaro, a responsável pela Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 (Secovid), Rosana Leite de Melo, afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que a versão infantil da vacina não teve “nenhuma preocupação séria de segurança” identificada nos testes clínicos.
Países como Alemanha, Argentina, Canadá, Chile, França, Estados Unidos e Israel já aplicam vacinas nessa faixa etária.