PM-MA encaminha ao STF dois nomes que tiveram 'participação mais ativa' nos atos antidemocráticos em São Luis
Do G1 MA – A Polícia Militar do Maranhão (PM-MA) identificou duas pessoas que tiveram ‘participação mais ativa’ nos atos antidemocráticos, contra o resultado das eleições presidenciais de 2022, realizadas em frente ao 24º Batalhão de Infantaria de Selva (24º BIS), no bairro João Paulo, em São Luís, desde o dia 1º de novembro.
O relatório, ao qual o g1 teve acesso, foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo comandante-geral da PM-MA, coronel Emerson Bezerra da Silva. No documento não há nomes de lideranças nem de financiadores da manifestação realizada em frente ao 24º BIS, mas destaca que Marcelo Thadeu Penha Cardoso e Cláudio Rogério Silva Raposo “possuem uma participação mais ativa, e que faziam o uso da palavra de forma mais frequente”.
De acordo com o relatório, Marcelo Cardoso, de 49 anos, é servidor público estadual, trabalhando na Secretaria de Segurança Pública (SSP-MA), como investigador especial e, também, foi candidato a deputado estadual pelo partido Podemos (PODE) nas Eleições 2022, não sendo eleito.
Quanto a Cláudio Rogério Silva Raposo, conhecido como Rogério Raposo, o documento da PM-MA aponta que ele é líder do movimento Patriotas do Asfalto SLZ e, em 2022, organizou eventos de ‘motociatas’, em São Luís e Imperatriz, a favor do então candidato a reeleição à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PL). Além disso, Rogério Raposo foi candidato a deputado estadual pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) nas Eleições deste ano, não conseguindo se eleger.
Nas redes sociais, Rogério tem várias publicações dos atos realizados em frente ao 24º BIS, desde o dia 1º de novembro. Nas postagens, ele aparece na frente do grupo cantando o hino nacional, fazendo convite para outras pessoas aderirem ao movimento e, também, discursando em cima de carro de som, bem como organizando entrega de alimentos e água aos manifestantes.
O g1 MA entrou em contato com Rogério Raposo, que disse não ter conhecimento da citação da PM.
Sobre a participação do servidor público Marcelo Cardoso nos atos antidemocráticos, a Polícia Civil do Maranhão disse, por meio de nota, que, até o presente momento, não recebeu nenhuma notificação ou denúncia dos órgãos competentes, incluindo o Supremo Tribunal Federal, sobre a participação do agente de segurança Marcello Thadeu Cardoso nas manifestações.
Já o Ministério Público Federal afirmou que não recebeu denúncias sobre os atos.
Sobre o relatório
O relatório da PM-MA foi enviado ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, no dia 10 de novembro. O documento atendia a uma determinação do STF, de que as polícias dos estados enviassem todas as informações sobre os veículos que participaram ativamente dos bloqueios em rodovias estaduais e federais e nas manifestações em frente aos quartéis das Forças Armadas, assim como os dados dos proprietários, pessoas físicas ou jurídicas, além de identificar os lideres, organizadores e/ou financiadores dos atos antidemocráticos.
De acordo com as informações enviadas pela Polícia Militar do Maranhão ao STF, no estado não houve bloqueio de rodovias estaduais nem de vias urbanas ou rurais. Porém, foram registrados nove pontos de interdição nas rodovias federais que cortam o Maranhão.
Os bloqueios foram registrados em trechos das rodovias que passam pelas cidades de:
- Açailândia (BR-010, km 562)
- Bom Jesus das Selvas (BR-222, ICM 580)
- Estreito (BR-010, km 132)
- Grajaú (BR-226, km 421)
- Caxias (BR-316, km 554)
- São Domingos do Maranhão (BR 135, km 380)
- Bacabal (BR-316, km 366)
- Imperatriz (BR-010, km 05)
- Balsas (BR-230, km 407)
- São Luís (BR-135, km 6)
A PM informou que, nos locais de interdição, ela atuou como polícia ostensiva e “participou, em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal, das ações com o fim de restabelecimento da ordem pública nos locais de bloqueio, que transcorreram de forma pacífica”.
Sobre a manifestação realizada em São Luís, em frente ao 24º Batalhão de Infantaria de Selva, no bairro João Paulo, a PM destacou que o movimento teve início em 1º de novembro e foi ganhando proporções maiores. Os manifestantes, que ainda estão acampados no local, protestaram pedindo intervenção militar no país, apuração de denúncias relacionadas às urnas eletrônicas e contra o Tribunal Superior Eleitoral.
No local há alimentação, banheiros químicos, tendas, barracas e carro de som, porém, a Polícia Militar não identificou quem está financiando toda essa estrutura aos manifestantes.
Por fim, o relatório afirma que, “durante o acompanhamento das manifestações na capital maranhense não foi identificado bloqueio de trânsito, assim como não foi observado nenhum tipo de conflito. O movimento continua ativo e sem previsão de término”.
O resultado das urnas registrou o desejo da maioria dos brasileiros e não teve caso de fraude detectada, inclusive pelas Forças Armadas.