PT do Maranhão prepara encontro para decidir se quer evoluir ou continuar travado por disputas internas
Repórter Tempo
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Gleisi Hoffmann vai tentar unificar o PT do Maranhão |
Nos dias 29 e 30, no próximo fim de semana, portanto, o braço maranhense do PT, hoje dividido em vários grupos, se reunirá num encontro estadual, com a presença de petistas de proa do comando nacional, a começar pela presidente Gleisi Hoffmann. Com o evento, que faz parte do calendário anual do petismo, o PT pretende discutir sua posição como partido que está de volta ao poder nacional e o que precisa ser feito para ocupar um espaço maior do que o que já detém atualmente no Maranhão, a partir de um esforço pela unidade partidária. A leitura feita hoje por petistas comprometidos de fato com o futuro da agremiação a curto, médio e longo prazo, é a de que o partido estacionou, mergulhou numa devastadora disputa interna, e por isso precisa quebrar as amarras políticas que o impedem de alcançar a condição, se não de partido dominante, pelo menos como uma legenda forte no contexto estadual. A ideia-força do encontro é preparar a legenda petista para se fortalecer nas eleições municipais do ano que vem, de modo a que ele chegue turbinado para o grande confronto de 2026.
O PT tem uma base partidária expressiva no Maranhão, mas não consegue alcançar estatura representativa equivalente – tem o vice-governador, só tem um deputado federal e um deputado estadual. Bem distante de partidos como o PSB, que tem o governador, um senador, um deputado federal e 11 deputados estaduais, entre eles o presidente da Assembleia Legislativa. O PT perde feio para o PCdoB, que tem um deputado federal e cinco deputados estaduais; e para o PDT, que tem um senador e quatro deputados estaduais. No campo municipal, a fragilidade do PT pode ser exemplificada por São Luís, onde apenas uma das 31 cadeiras da Câmara Municipal é ocupada pelo Coletivo Nós.
Nas entranhas do PT maranhense ganha força a preocupação com o que acontecerá com o partido nas eleições municipais, principalmente pelo fato de que a agremiação irá para as eleições municipais como a legenda que está de volta ao poder na República. Alguns militantes do partido avaliam as próximas eleições como um termômetro do sentimento do eleitorado em relação ao Governo do presidente Lula da Silva (PT) no Maranhão. Para esses, a equação é simples: se o Governo petista estiver bem, o PT terá bom desempenho nas urnas, elegendo um bom punhado de prefeitos e vereadores. Isso em cidades de médio e pequeno porte, uma vez que, pelo menos até aqui, o partido governista não tem a menor chance em grandes centros, como em São Luís, que tem o prefeito Eduardo Braide (PSD) como favorito e o PT não tem sequer um nome na lista dos candidatáveis, o mesmo acontecendo em Imperatriz, Timon, Caxias, São José de Ribamar, Codó, Balsas, Pinheiro e Bacabal, onde o PT não arrisca lançar um candidato.
Petistas mais sóbrios, com os pés no chão, só acreditam que o PT venha a alcançar bom resultado nas eleições municipais se resolver um problema crucial: a divisão interna, ainda produto das lutas pelo controle do partido, travadas no final da década de 1990 do século passado, quando, por orientação da cúpula nacional, incluindo o próprio Lula da Silva, o PT surpreendeu o mundo ao se aliar ao Grupo Sarney. Aquela guinada ajudou a viabilizar o projeto que levou Lula da Silva à vitória em 2002, mas fez também um estrago enorme nas fileiras do PT, que perdeu nomes como Domingos Dutra, que acabou no PCdoB, e Bira do Pindaré, hoje presidente regional do PSB, crise interna que se arrasta até hoje.
Esse traumático arranjo no Maranhão, em vez de fortalecer o partido, condenou-o ao conflito interno contínuo, contaminando inclusive a nova geração de petistas. E o encontro regional deste mês poderá abrir caminho para a reunificação do partido, agora em torno do vice-governador Felipe Camarão que, se não representa exatamente o petismo ideológico e ranheta, se encaixa perfeitamente na ala que quer aproveitar o Governo Lula da Silva para transformar o PT num partido competitivo, que saia das urnas com uma representação que traduza a sua real força política.
O resultado do encontro marcado para o dia 29 dirá qual foi a escolha do PT maranhense.