Resultado das eleições municipais levou até Lula reconhecer que o PT envelheceu
Agora foi o próprio presidente Lula da Silva que, ao avaliar, ontem, numa entrevista, o resultado das eleições municipais, reconheceu que o seu partido, o PT, fracassou, está ultrapassado e por isso tudo precisa urgentemente se rediscutir. No Brasil, o PT elegeu 248 prefeitos, menos de 5% das 5.484 cuja eleição foi definida no dia 6, tendo perdido feio para as legendas de centro – PSD, que elegeu mais de 882 prefeitos, entre eles o de São Luís, Eduardo Braide, e o MDB, que venceu em 852 municípios oitocentos, entre eles o de Bacabal, elegendo Roberto Costa, e para a direita. O partido perdeu feio para o PL que elegeu 512 mandatários. No Maranhão, o desempenho do PT foi pífio: dois prefeitos eleitos: Chiquinho da CF, que nada tem de petista, em Codó, e Thamara Castro, em Brejo, enquanto o PL elegeu 40 prefeitos.
Essa realidade não é novidade, que vem há tempos observando a decadência e o consequente emagrecimento do PT. Nas eleições gerais de 2022, o partido de Lula da Silva elegeu um deputado federal e nenhum deputado estadual, só amenizando o tropeço com a eleição do vice-governador Felipe Camarão, um cristão novo no petismo. As eleições municipais mostraram, com clareza absoluta, que o partido do presidente Lula da Silva embicou de vez na zona cinzenta da decadência. A começar pelo fato de não ter quadros com estatura política e potencial eleitoral para disputar, por exemplo, prefeituras como a de São Luís e a de Caxias, preferindo a humilhante condição de “apoiador” de candidatos de alguns outros partidos.
A participação do PT na corrida eleitoral em São Luís, envolvendo a Prefeitura e 31 vagas de vereador na Câmara Municipal, foi um desastre. O partido elegeu apenas o Coletivo Nós – que na verdade se reelegeu – para uma vaga de vereador, quando uma série de partidos de aluguel, sem qualquer expressão, emplacou vereadores na Capital. Creuzamar Pinto, que foi escalada para ser vice do socialista Duarte Jr. (PSB), era o púnico nome que poderia se eleger vareadora, foi derrotada, seguindo o presidente do PT em São Luís, Horonato Fernandes, que tentou voltar à Câmara Municipal, mas não conseguiu nem suplência. Lembrando que o PSB, por exemplo, fez cinco e o PSD, do prefeito Eduardo Braide.
A leitura do presidente Lula da Silva de que o PT precisa se repensar está correta. A situação do Maranhão é exemplar nesse sentido, uma vez que o partido não preparou nenhuma liderança nova, saída dos seus quadros. O vice-governador Felipe Camarão é quadro de excelência, atuante e competente, tem se esforçado para dar novo gás ao esquadrão petista, mas os donos do partido no estado não acompanham esse projeto. Por outro lado, embalado por uma contradição monumental, o PT abraçou a imprevista e espantosa conversão do empresário Chiquinho da FC ao petismo, que o levou a conquistar a Prefeitura de Codó. Num rasgo de pragmatismo fora dos padrões da política, o neopetista codoense chegou a dizer em comícios que só se filiou ao PT para poder “bajular” o presidente Lula e, assim, “conseguir as coisas para Codó”.
O PT do Maranhão já não representa, por exemplo, os estudantes das universidades públicas, os comerciários de São Luís, os bancários, os professores e servidores da Capital, como nos anos 80 e 90, quando mantinha uma disputa ferrenha com o PDT. Hoje, o partido se limita a uma cúpula burocrática, encastelada no poder, enquanto a direita vai ocupando os espaços políticos, com ânimo para levar às ruas milhares de militantes, numa tarde de segunda-feira, para massagear o ego de um líder que sonha em ser ditador.
É tempo de quadros como o vice-governador Felipe Camarão, o deputado federal Rubens Júnior, o deputado estadual Zé Inácio e o ideólogo-mor do braço maranhense do partido, professor Chico Gonçalves, aproveitarem a preocupação do presidente Lula da Silva motivarem a cúpula petista para traçar novos rumos para o partido no Maranhão. (Repórter Tempo)