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Fachada do prédio do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias. (foto de arquivo) |
O transeunte que passasse pela Avenida Getúlio Vargas em Caxias, infalivelmente se defrontaria com os prédios da extinta Estrada de Ferro São Luis-Teresina, no bairro da Galiana, e não conteria uma forte indignação constatando o estado de ruínas em que se encontravam: os telhados despencando, pondo em perda centenas de telhas modelo francês, importadas da Inglaterra; portas e janelas aos pedaços; paredes ameaçadas de ruir.
A noite, e até durante o dia, servia de refúgio para os viciados em drogas e para as prostitutas. Difícil entender que as autoridades responsáveis se mantivessem alheias àquela situação deplorável.
Na ampla gare da estação, escreveram-se belas paginas da historia de Caxias. Por ali passaram Governadores, Cardeais, Arcebispos e Bispos da Igreja Católica, Parlamentares, Poetas e Artisticas plásticos - filhos ilustres de Caxias.
Quase todas as famílias, se não todas, ali viveram memoráveis momentos de sua vida, ora despedindo-se saudosos dos seus filhos que demandavam estudos noutras plagas, ora emoções de alegria nos abraços com que festejavam a recepção dos seus entes queridos.
Aqueles prédios foram inaugurados em 1920, mesmo ano em que os trens da ferrovia passaram a trafegar de São Luis rumo a Teresina, pois já o Governo Federal encampara a Estrada de Ferro Caxias a Cajazeiras, primeira ferrovia maranhense, inaugurada em 1895. Sua estação, lamentavelmente, ainda hoje se encontra em deplorável esquecimento dos poderes públicos, utilizada grosseiramente para oficinas mecânicas de particulares.
O prédio central da Estação Ferroviária da Estrada de Ferro São Luis-Teresina, quando de sua inauguração, era um dos mais belos edifícios da cidade, só superado em suas linhas arquitetônicas pela majestade das igrejas seculares. Na memória dos caxienses gravaram-se os nomes: Estrada de Ferro Caxias--Cajazeiras, hoje Timon; Estrada de Ferro São Luis--Teresina (EFSLT) e Rede Ferroviária Federal (REFFESA)
Os diretores do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias, associação cientifica e cultural fundada em 12 de dezembro de 2003, com a finalidade de promover estudos, pesquisas, debates e sobretudo, difundir os conhecimentos de Historia, Geografia e Ciências afins, tomaram a decisão de resgatar aquela parte do patrimônio histórico e arquitetônico de Caxias, esquecido de todos.
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Dr. Arthur Almada Lima Filho ( presidente do IHGC) com alunos especiais no prédio da instituição. |
Em expediente dirigido à inventariança da Rede Ferroviária Federal, em meados de 2006, manifestaram o desejo de que lhe fosse concedida autorização para restaurar os prédios e neles instalar a sede do IHGC.
Depois de troca de correspondências, e com o apoio do presidente José Sarney, obteve essa instituição autorização para tomar posse dos prédios, sem qualquer ônus. Com enormes sacrifícios e ingentes esforços, conseguiu-se o apoio de um reduzido numero de empresários e uma modesta colaboração do poder publico municipal. Com tudo isso, conseguiu-se restaurar os prédios, de modo especial o edifício principal, que servira para estação de passageiros e serviços administrativos, cujo telhado foi restaurado com telhas conseguidas noutras estações ferroviárias em ruínas, de modo que foi possível, em agosto de 2008, instalar-se a Biblioteca e o Auditório do IHGC. Outras providências foram tomadas em relação aos dois outros prédios: um grande galpão outrora armazéns de cargas, e um outro menos, onde funcionava o almoxarifado e oficinas, igualmente com seus telhados restaurados, suas paredes reconstruídas, afastando-se definitivamente o mau uso até então ali observado.
O IHGC, reconhecido de utilidade publica por Leis Municipal e Estadual, é - uma maquina criativa e um acervo ambulante, - pois não pára, não cessa em prol do amor pelo registro histórico e, a cada momento desenvolve-se uma nova ideia de inspiração de seus membros.
Abriga um valioso acervo documental histórico sobre a cidade de Caxias, além de uma biblioteca com obras importantes sobre o Maranhão e o Brasil, representativos da memória coletiva. Hoje este espaço é referência de pesquisas, por parte de estudantes do Ensino Fundamental, Médio, Superior, e da comunidade em geral; não somente da população local, assim como estudantes de outras cidades maranhenses; além de outros estados. Observa-se que o IHGC organiza no momento uma Biblioteca digitalizada.
Almejando inserir os prédios da antiga REFFESA na vida social e cultural de Caxias, o IHGC cogitou a elaboração de um projeto para ocupação racional dos espaços disponíveis. Neste sentido, foi projetado, para o grande armazém, um Centro de Criatividade com Telecentro, boxes para comercialização dos produtos de artesãos locais, oficinas diversas para preparação da juventude, principalmente dos menos favorecidos.
Para o prédio que servira de almoxarifado, projetou-se um cine-teatro com uma oficina de artes dramáticas, com a finalidade de revivenciar a vida artística e cultural de que a cidade desfrutou no final do século XIX, quando funcionavam o Teatro Harmonia e o Fênix, nos quais companhias teatrais nacionais, portuguesas e italianas encenavam peças clássicas da dramaturgia universal, sem esquecer concertos musicais em que se ouviram composições dos mais diversos grandes mestres, sendo de ressaltar aqueles que foram regidos pelo grande compositor caxiense Elpidio Pereira. Caxias possuía grande orquestras.
Na grande área livre ao lado deste prédio, planejou-se um Teatro de Arena, com jardins adjacentes. Com estes objetivos, vem o IHGC desenvolvendo diuturna e incansavelmente suas atividades culturais: lançamentos de livros em noite de autógrafos, encontros de estudos e debates, bem como significativas solenidades.
O IHGC é um orgulho dos caxienses.
Por: Arthur Almada Lima Filho ( Presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias)