Doleiro preso pela PF no Maranhão diz que distribuía propina a mando de políticos
por Mario Coelho
A defesa
de Alberto Youssef disse ontem (28) à Justiça Federal que o doleiro não liderou
o esquema que desviou recursos da Petrobras. Segundo o advogado Antônio
Figueiredo Basto, Youssef não pode ser condenado por corrupção passiva, porque
cumpria ordens de agentes políticos para fazer o pagamento de propina. Os
desvios são investigados na Operação Lava Jato.
Em depoimentos de delação premiada, Youssef, que
está preso, apontou os nomes de políticos que receberam propina. Em fevereiro,
o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve denunciá-los ao Supremo
Tribunal Federal (STF). Os nomes são mantidos em segredo de Justiça.
Em resposta à abertura de uma das ações penais
contra Youssef, o advogado do doleiro disse que ele não atuou isoladamente, e
não tinha poderes para favorecer ninguém dentro da Petrobras. “Sua função era
fazer o dinheiro chegar aos corruptos e irrigar contas de partidos políticos,
conforme ele mesmo informou em seu interrogatório. Podemos afirmar, sem
qualquer margem de erro, que as propinas somente existiram por vontade dos
agentes políticos”, alega a defesa.
Antônio Basto também informou que os acordos entre
agentes políticos e as empreiteiras não tinham participação de Youssef, que
atuava na fase final, na distribuição da propina. Segundo a defesa, o dinheiro
desviado da Petrobras foi usado para financiar campanhas políticas “no
Legislativo e Executivo”.
“Agentes políticos das mais variadas cataduras
racionalizaram os delitos para permanecer no poder, pois sabiam que enquanto
triunfassem podiam permitir e realizar qualquer ilicitude, na certeza de que a
opinião pública os absolveria nas urnas”, diz o advogado. Na petição, a defesa
compara o esquema investigado na Lava Jato com a Ação Penal 470, o processo do
mensalão.
“Embora esse projeto de poder não seja novo, haja
vista já ter sido implementado antes em outros órgãos públicos, conforme restou
provado no julgamento da Ação Penal 470/MG, conhecido como ‘mensalão’¸ no caso
vertente foi superlativo, quer pelo requinte dos malfeitos quer pela audácia e
desmedida ganância dos agentes políticos que, incrustados no poder, fizeram
movimentar a máquina pública para atender suas exigências, desviando valores
vultosos da maior empresa do país, a Petrobras”, argumenta Basto.