Em depoimento João Abreu diz que Roseana Sarney sabia das negociações com Alberto Yousseff
Em depoimento prestado à
Polícia Civil, o ex-chefe da Casa Civil de Roseana Sarney afirmou que a
ex-governadora Roseana Sarney sabia de todas as audiências ligadas à
empresa Constran. Indiciado pelo envolvimento em suposto recebimento de
propina para liberar o pagamento do precatório devido pelo Governo do
Estado à empreiteira, João Abreu chegou a afirmar em seu testemunho às
autoridades que recebeu em diversos momentos o doleiro Alberto Yousseff e
o seu auxiliar, Rafael Ângulo, para reuniões no Palácio dos Leões.
Com exclusividade, o blog teve
acesso à íntegra do depoimento do ex-auxiliar de Roseana Sarney, que
afirmou ter mantido diversos diálogos com Marco Antonio Zieghest e o
doleiro Alberto Yousseff, que teriam se apresentado ao Governo do
Maranhão como representantes da empresa Constran. O intuito seria
negociar o pagamento do precatório devido à empresa pelo governo do
Estado.
João Abreu afirmou em seu
depoimento que “cumpria o dever protocolar de informar à governadora”
sobre seus diálogos com Youseff e Marco Antonio, a quem se refere como
“Marcão”. Ele informa em seu depoimento que o repasse constante de
informações a Roseana Sarney sobre as negociações para a liberação dos
pagamentos à Constran devia-se ao fato de que “eventual solução
dependeria da participação de outros órgãos estatais, tais como a
Fazenda e a Procuradoria, bem como a anuência da própria Governadora”.
O depoimento confirma que a
ex-governadora sabia de todo o trâmite que culminou na prisão de Alberto
Yousseff em São Luís em março de 2014, pela Polícia Federal – primeiro
passo da Operação Lava Jato, que investiga desvio de verbas públicas em
todo o Brasil. Encontrado em um hotel de São Luís, Yousseff foi
conduzido a Curitiba, onde faz delação premiada e relata o envolvimento
de políticos e empreiteiros envolvidos em propinas relacionadas à Petrobras e outras estatais.
Em outro momento de seu
depoimento, João Abreu chega a afirmar que se reportava à governadora
para saber “o que tinha que fazer, tendo esta respondido que deveria
consultar BRINGEL (ex-secretário de Planejamento), para encontrar uma
solução que fosse melhor para o Estado, caso fosse possível”.
A partir daí, as negociações
chegaram ao patamar de pagar R$ 113 milhões à empresa pelo precatório,
dividido em 24 parcelas. Após o início do pagamento, Alberto Yousseff
esteve no Maranhão para reunião na Casa Civil, mas horas antes foi
levado pela Polícia Federal. Yousseff acusa Abreu de ter recebido R$ 3
milhões em propina divididos em três parcelas, mas em juízo e em notas
oficiais, o ex-secretário negou ter recebido qualquer vantagem
financeira para realizar as transações.
Em 2014, ao tomar conhecimento
das possíveis transações ilegais, o Tribunal de Justiça cancelou o
acordo e o Estado do Maranhão não mais realiza o pagamento das parcelas
negociadas pela gestão de Roseana Sarney à Constran, empresa cujo
empreiteiro também já está preso pelas operações Lava Jato.
fonte: Blog do J. Vieira