Justiça do Maranhão também quer prisão de Alberto Youssef por propina a Roseana Sarney
da Folha de São Paulo
Delator
da Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef foi um dos primeiros presos da
operação, e está detido há quase dois anos. Agora, corre o risco de ser
preso novamente: no final de setembro, a Justiça do Maranhão decidiu por
sua detenção preventiva.
O
novo decreto prisional integra as investigações sobre o pagamento de
precatórios pelo governo do Maranhão. Youssef afirmou, em delação
premiada, que viabilizou o pagamento de R$ 6 milhões em propina pela
empreiteira Constran, da UTC, para “furar” a fila dos precatórios do
Estado em 2014.
Quando
foi preso, em março daquele ano, o doleiro estava em São Luís para,
inclusive, fazer o pagamento de R$ 1,4 milhão a João Abreu, então
secretário da Casa Civil do governo de Roseana Sarney (PMDB), segundo
afirmou em delação. Abreu nega.
O
depoimento do doleiro, enviado à Justiça do Maranhão, deu início às
investigações no Estado. Ainda assim, a polícia pediu a prisão
preventiva de Youssef e de outros dois investigados, com o argumento de
garantir a ordem pública e impedir a destruição de provas.
Segundo
a Folha apurou, a defesa de Youssef contestou a decisão. Argumentou que
o decreto descumpre o acordo de delação –que estabelece que o doleiro
ficará na cadeia por três anos e, depois, passará ao regime aberto.
Na prática, com o novo decreto, Youssef iria para uma cadeia no Maranhão após ser solto em Curitiba.
Uma
das cláusulas da delação, homologada pelo STF (Supremo Tribunal
Federal), prevê que seus efeitos valem “em todo foro e instância”. A
própria Procuradoria-Geral da República foi acionada para atestar que os
fatos ocorridos no Maranhão estão abarcados no acordo.
Segundo
o argumento da defesa, Youssef não teria qualquer possibilidade ou
interesse em destruir provas do fato, uma vez que ele próprio o
denunciou.
A
prisão, porém, continua valendo: em parecer recente, o Ministério
Público do Maranhão pediu certidões que expliquem qual é a situação
prisional de Youssef, e voltou a se posicionar favoravelmente à prisão. A
defesa pediu sua revogação, mas a Justiça ainda não se manifestou.
Procurados
pela Folha, os advogados de Youssef e o Ministério Público Estadual não
quiseram se pronunciar sobre o caso, que corre em segredo de Justiça.