domingo, 29 de maio de 2016

Em São Luis mulheres articulam luta pelo fim da cultura do estupro  


Neste sábado (28), um grupo de mulheres da capital maranhense se organizou em prol da luta contra a banalização do estupro e machismo no Brasil. A plenária ocorreu durante a tarde na ocupação da resistência cultural, no prédio do Iphan, localizado no Centro Histórico de São Luís. Mulheres de vários grupos feministas da cidade se reúniram para dizer não ao machismo e violência sexual contra mulheres.

A ação foi organizada com o objetivo de prestar solidariedade à vítima de um estupro coletivo que ocorreu esta semana no Rio de Janeiro, quando uma jovem de apenas 16 anos foi brutalmente violentada por 33 homens em uma favela. O ato discute temas como protagonismo feminino, cultura do patriarcado, banalização do estupro e culpabilização das vítimas de violência sexual.

As discussões chamam atenção para os dados estatísticos que comprovam a grande quantidade de vítimas de estupro todos os dias no país. Segundo dados do 9º anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a cada 11 minutos uma mulher é vítima de estupro no Brasil. Só no ano de 2014 mais de 46 mil mulheres sofreram violência sexual no país.

Para Carol Fonseca, ativista do movimento feminista e integrante do Coletivo Fridas, a violência contra as mulheres é muito banalizada no Brasil. "Eu acho que quando algo se torna indignação geral, todos os olhos se voltam para aquela situação. As pessoas começam a ver que aquela situação, por mais que seja cotidiana, ela não é normal e com essa reunião de mulheres e essa união feminina para discutir essas temáticas servem para mostrar para a sociedade que não vamos nos calar. A nossa voz é muito importante para combater o machismo e o sexismo e se torna muito mais essencial num momento como esse", diz a ativista.

O evento, também, visou mobilizar e discutir as ações para a manifestação que vai ocorrer nesta sexta-feira (3). De acordo com a organização do evento, o ato com nome "Por todas elas" surgiu nacionalmente e deve ocorrer em todo o país em solidariedade à menina vítima de estupro coletivo.

A reunião contou com a presença de vários grupos feministas de São Luis, como o Coletivo Fridas, Coletivo Catirinas e Coletivo Quebradeiras de Coco. Durante as falas também foi lido o relato da vítima de violência sexual, Helena Ferreira de 16 anos.

Veja o relato na íntegra:

Hoje acordei desejando nunca mais
acordar
O sol brilha lá fora
Mas aqui dentro faz tanto frio.
Me tocaram
Da pior forma que se pode tocar uma
mulher.
Era uma noite de festa
Dança
Paixão
Juventude
Mas tudo se perdeu num copo
Num drink
Num gole.
Meu namorado me dopou
Me drogou.
Lembro das primeiras conversas
Do primeiro beijo
Do primeiro abraço.
Eu pensava que naqueles braços
Eu iria encontrar proteção.
Eu estava enganada.
O crime da noite passada não tem
perdão.
Na minha cabeça as luzes brilhavam
Tudo girava
Escutei vozes
Risadas
DEBOCHE!
Quando acordei estava pelada
Penetrada
Violada
30 bichos em cima de mim
30 monstros
30 bichos papões
30 pesadelos
30 HOMENS.
Eu me senti pequena
Indefesa
Chamava por minha mãe
Mas ninguém me escutava
Ninguém prestava atenção em mim
Eles devoravam meu corpo
Me machucavam cada vez mais
E quanto mais eu chorava
Mais eles gostavam
Meu pai não estava lá pra me defender
Eu queria correr
Fugir para embaixo da minha cama
e me esconder.
APAGUEI.
Acordei jogada num canto
Sem roupa
Sem alma
Sem vida
Apenas DOR.
Uma dor tão forte
Que eu não conseguia nem chorar.
O bicho papão tinha ido embora
O monstro não estava mais ali
A legião de demônios havia
desaparecido
Os homens foram embora.
Mas, eu ainda estava no inferno.
Abraçar minha mãe já não traz alívio
A proteção do meu pai não pode me
salvar mais.
Eu posso me esconder debaixo da cama
Eu posso me esconder em qualquer
lugar
A DOR NÃO VAI PASSAR
NÃO VAI PARAR
NÃO VAI SUMIR.
Minha alma foi estuprada naquela noite
Meu coração foi penetrado
Minha mente está cheia de gozo
Minha boca está com um gosto amargo.
Sei que a vida vai continuar
Eu vou estudar
Trabalhar
Talvez eu volte a sorrir
Meu corpo vai sarar
A ferida vai cicatrizar
Quem sabe eu volte a namorar.
Mas, a minha alma e o meu espírito
Foram levados
Foram roubados
Dilacerados
Viraram cinza.
Quando um homem estupra uma mulher
Ele está estuprando uma menina
Uma moça
Uma mãe
Uma filha
Uma irmã
Uma avó.
Eu clamei por Deus
Clamei por meus pais
Clamei por socorro
Mas os monstros não tem ouvido
Não tem alma
Não tem coração.
Eles estão por toda parte
No ônibus
No metrô
No mercado
Na escola
No trabalho
Dentro de nossa casa.
Mas, quem vai nos salvar?
Eu não sei.
Prazer, meu nome é MULHER
E eu morri aos 16.

Helena Ferreira

sábado, 28 de maio de 2016

'Michel Temer terá de se ajoelhar para Eduardo Cunha', diz Dilma

O Globo  

Na primeira entrevista concedida 18 dias depois de o Senado aprovar a admissibilidade do processo de impeachment, a presidente afastada Dilma Rousseff fez duros ataques ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, a quem, segundo ela, “Temer terá de se ajoelhar”. A entrevista foi concedida na última quinta-feira ao jornal “Folha de S. Paulo”, e publicada na edição antecipada deste domingo.

“O Eduardo Cunha é a pessoa central do governo Temer. Isso ficou claríssimo agora, com a indicação do André Moura (para líder do governo na Câmara). Cunha não só manda, ele é o governo Temer. E não há governo possível nos termos do Eduardo Cunha” disse ela, completando: “Vão ter de se ajoelhar”.

Dilma disse ter sido traída por Michel Temer. Perguntada se seu vice tinha lhe traído, respondeu: “Óbvio. E não foi no dia do impeachment, foi antes, em março. Quando as coisas ficaram claríssimas”, disse ela, que emendou: “Você sempre acha que as pessoas têm caráter”.

Sobre as conversas vazadas entre o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, e líderes do PMDB, como ex-ministro Romero Jucá e o presidente do Senado, Renan Calheiros, a presidente disse que os áudios revelam que o partido de Michel Temer pretendia, ao assumir o governo, barrar as investigações da Lava-Jato.

“Eles (os áudios) mostram que a causa real para o meu impeachment era a tentativa de obstrução da operação Lava-Jato por parte de quem achava que, sem mudar o governo, a sangria continuaria”, disse ela, referindo-se principalmente à Jucá, que perdeu o cargo após ser flagrado tratando do que ele chamou de “delimitar” as investigações.

Dilma diz ainda acreditar que poderá voltar à Presidência. “Nós podemos reverter isso. Vários senadores, quando votaram pela admissibilidade, disseram que não estavam declarando (posição) pelo mérito (das acusações). Então eu acredito”.

Dilma voltou classificar de golpe o processo que levou ao seu afastamento. “Sinto muito, sabe, sinto muuuuuito se uma das características do golpe é detestar ser chamado de golpe”. Dilma, reforçou a tese de que não houve crime de responsabilidade na sua gestão.

Sobre as medidas na economia tomadas pelo novo governo, Dilma foi irônica: “O pato tá calado, sumido. O pato está impactado. Nós vamos pagar o pato do pato, é?”. Sobre a emoção quando deixou o Palácio do Planalto, disse: “Eu não choro, não. Nas dores intensas, eu não choro. Cada um é cada um, né?”.




Missa de 7º dia da morte do jornalista Paulo Polêmico será celebrada nesta segunda-feira 


Familiares, amigos e colegas de trabalho convidam todos para a missa de 7º dia em memória ao jornalista Paulo Rogério ou simplesmente Paulo Polêmico como era carinhosamente chamado, que será celebrada nesta segunda-feira (30). A celebração será realizada na Paróquia de Nossa Senhora da Conceição (Igreja da Matriz). A missa está prevista para começar às 18h.

O jornalista faleceu no inicio da noite da ultima terça-feira (24). Ele sofreu um infarto fulminante em casa. Quando começou a sentir-se mal, Paulo Rogério enviou uma mensagem via  WhatsApp relatando que não estava bem.

Dois colegas de trabalho chegaram até à residencia do jornalista e uma equipe do SAMU foi acionada. Os socorristas realizaram vários procedimentos médicos, mas o coração do jornalista não reagiu a nenhum deles e, o mesmo entrou em óbito.  

Além de repórter e apresentador na TV Sinal Verde, Paulo Polêmico trabalhava como cerimonialista da  Prefeitura de Caxias. 

família de Paulo Rogério de já agradece a todos que participarem deste ato de fé e piedade cristã. 


Deputados parabenizam o Jornal Pequeno pelos 65 anos de aprovação e aprovam homenagem 


Na sessão desta quarta-feira (25) no plenário da Assembleia Legislativa, os deputados Eduardo Braide (PMN), Levi Pontes (PCdoB), Edilázio Júnior (PV), Othelino Neto (PCdoB), Rafael Leitoa (PDT), Wellington do Curso (PP) e Andrea Murad (PMDB), se congratularam com o Jornal Pequeno - conhecido popularmente como o órgão das multidões - que no próximo dia 29 completa 65 anos de fundação.
A pedido de Eduardo Braide será realizada no dia 2 de junho, uma Sessão Solene, para comemorar o aniversário do jornal – que teve como fundador o saudoso Ribamar Bogéa – e que hoje é dirigido pela matriarca Ilda Bogéa e seus filhos, Lourival, Ribinha e Gutemberg Bogéa.
Também foi aprovado um requerimento de autoria de Braide com mensagem de aplauso e congratulação aos dirigentes e grandes profissionais que fazem aquele jornal.
Durante a sua fala, Eduardo Braide destacou que o jornal – que de pequeno só tem o nome, mas é grande na sua honra, na forma de apresentar notícias ao longo desses 65 anos - é um importante instrumento de comunicação do Maranhão. “O Jornal Pequeno tem a nossa admiração pela sua forma combativa e legítima de apresentar as notícias. Parabéns a toda equipe. Tenho certeza de que só quem ganha é o nosso estado com o trabalho belíssimo que vem fazendo nos últimos 65 anos”, acentuou Eduardo Braide.
Apartes
“O Jornal Pequeno sempre foi um jornal de conduta única; sempre foi um jornal apartidário que tenta colocar as notícias à luz da verdade, por isso, que é um dos mais lidos no estado do Maranhão. Ficam aqui as nossas homenagens e parabéns a toda a sua equipe. Espero que mantenha sempre esta conduta de imparcialidade, de honestidade, de clareza e sempre com o desejo de ajudar a democracia”, enfatizou Levi Pontes.
Edilázio Júnior destacou o carinho que tem pelos dirigentes do jornal. “Eu fico muito feliz em poder apartear V. Ex.ª desse pronunciamento tão digno de nossa atenção e tenho certeza que vai ser muito prestigiada esta sessão solene da próxima semana”.
Ao fazer as saudações, Othelino Neto lembrou que todos os grandes episódios que marcaram a história do Maranhão foram devidamente registrados pelo Jornal Pequeno. Ele destacou que, ao longo dos anos, o jornal foi crescendo a importância e se afirmando na história do Maranhão e na história do jornalismo no Maranhão. Também afirmou ter uma ligação familiar com o jornal: o seu avô escreveu a coluna “Na Liça”; seu pai também trabalhou naquele matutino e, ele, por algum tempo, fez uma coluna naquele jornal.
“Sem dúvida, isso estimula ainda mais dar um depoimento sobre a historia do Jornal Pequeno. Jornal este, que foi perseguido e, algumas vezes, de forma direta ou indireta, se tentou fechar o Jornal. Até hoje ainda sofre porque vários são os processos movidos pelos antigos mandões do Maranhão que foram responsáveis por prejuízos inúmeros ao Jornal Pequeno, que teve inclusive o seu patrimônio muitas vezes comprometido por conta desses processos judiciais”, afirmou Othelino Neto.
“Presto homenagens ao Jornal Pequeno que tanto contribui para a democratização do estado do Maranhão pela informação que leva a cada cidadão e pelo serviço prestado, inclusive, para esta Casa, uma vez que as nossas ações são repercutidas naquele matutino. É um veículo importante de comunicação do nosso Estado e, com certeza, continuará da mesma forma com a dinâmica imparcial que trata os fatos e de maneira incisiva nas conquistas e nas lutas do povo maranhense”, enfatizou Rafael Leitoa.
Wellington do Curso também parabenizou a equipe do Jornal Pequeno. “Que possa permanecer viva essa história de 65 anos. A população é que agradece ao grande Jornal Pequeno”.
“Quero parabenizá-los por toda a trajetória. E, independente de lados políticos, opostos ou não, é um jornal que faz a diferença na vida dos maranhenses. Desejo toda sorte, sucesso e que tenha mais uma longa trajetória para a gente estar lendo e aplaudindo ou também ficando, às vezes, até com raiva de algumas coisas. Mas o jornalismo, a comunicação é isso. Parabéns ao Lourival, à dona Ilda, sucesso e toda felicidade”, acentuou Andrea Murad.
Bandidos explodem mais uma agência bancaria no MA 


Na madrugada deste sábado (28), por volta das 3h, mais uma agência bancária foi explodida no Maranhão. Desta vez os bandidos explodiram a agência do Bradesco na cidade de São Luiz Gonzaga.
Os bandidos agiram novamente com violência, pois além de terem explodido a agência bancária, ainda crivaram de bala o carro da Polícia Militar. Segundo informações da própria PM, foram cerca de seis bandidos que praticaram o assalto.
Os criminosos estavam em três motos e no local foram encontrados estojos de munição de ponto 40 e calibre 12. Apesar da violência, ninguém ficou ferido. Os bandidos fugiram tomando rumo ignorado.
Essa foi a segunda vez que criminosos explodem agências bancárias em São Luz Gonzaga neste ano. No dia 29 de abril, bandidos explodiram a agência do Banco do Brasil.
Após mais esse assalto em São Luiz Gonzaga, a situação para os moradores que precisarem de serviços bancários ficou extremamente delicada. Já que tanto a agência do Banco do Brasil e a Casa Lotérica da cidade não estão funcionando por conta de assaltos anteriores.
Com mais essa ação na cidade de São Luiz Gonzaga, sobe para 27, o número de explosões/assaltos a caixas eletrônicos/bancos no Maranhão, durante o ano de 2016. Depois de uma queda no mês de março, a prática criminosa voltou a crescer em abril e maio. Somente neste mês, essa é a sexta ação criminosa no interior. Veja abaixo a relação completa das agências bancárias que foram alvos de bandidos neste ano.
Relação dos caixas eletrônicos/bancos explodidos/assaltados em 2016
Dia 04 de janeiro – Alto Alegre do Pindaré – Banco Bradesco
Dia 06 de janeiro – Igarapé Grande – Banco do Brasil
Dia 06 de janeiro – Igarapé Grande – Banco Bradesco
Dia 08 de janeiro – Bacuri – Banco do Brasil
Dia 10 de janeiro – Maracaçumé – Banco Bradesco
Dia 12 de janeiro – Grajaú – Banco do Brasil
Dia 12 de janeiro – Icatu – Banco Bradesco
Dia 18 de janeiro – Alcântara – Banco Bradesco
Dia 18 de janeiro – Paulo Ramos – Banco Bradesco
Dia 19 de janeiro – Paraibano – Banco Bradesco
Dia 25 de janeiro – Araguanã – Banco Bradesco
Dia 26 de janeiro – Paraibano – Banco do Brasil
Dia 29 de janeiro – Duque Bacelar – Bradesco
Dia 01 de fevereiro – Tufilândia – Bradesco
Dia 03 de fevereiro – Peri Mirim – Bradesco
Dia 15 de fevereiro – Colinas – Banco do Brasil
Dia 06 de março – Nova Olinda – Banco do Brasil
Dia 06 de abril – Santa Luzia do Tide – Banco do Brasil
Dia 10 de abril – Imperatriz – Banco do Brasil
Dia 15 de abril – Mata Roma – Bradesco
Dia 29 de abril – São Luís Gonzaga – Banco do Brasil
Dia 01 de maio – Satubinha – Bradesco
Dia 02 de maio – Amapá do Maranhão – Bradesco
Dia 10 de maio – São Benedito do Rio Preto – Bradesco
Dia 11 de maio – São João dos Patos – Bradesco
Dia 17 de maio – Olho D’Água das Cunhãs – Banco do Brasil
Dia 28 de maio – São Luiz Gonzaga – Bradesco

PM prende envolvido em sequestro, estupro e assalto 


Polícia Militar prendeu homem, identificado como Paulo Moura da Silva (foto), de 22 anos, acusado de sequestro, estupro e envolvimento em assalto a uma jovem. O fato ocorreu no dia 19 de maio. Paulinho como é mais conhecido, juntamente com um comparsa menor de idade, que já está apreendido, sequestrou, estuprou e assaltou  a jovem quando a mesma chegava em sua residencia. 

De acordo com informações da PM, o acusado foi preso na manhã desta sexta-feira (27) às margens da MA-034, próximo a entrada do Balneário Veneza, tentando fugir. Ele estava com todas as características de quê iria empreender fuga, carregava uma mochila com todos os pertences, aguardava somente um carro de lotação para escapar da PM.

Paulinho foi apresentado no Plantão Central da Policia Civil para as devidas providencias cabíveis. 

  





sexta-feira, 27 de maio de 2016

Todos perguntam: como José Sarney, com quase 60 anos na politica, caiu na cilada de um ex-senador de segunda classe como Sergio Machado 

Sarney caiu numa cilada armada por um politico mequetrefe 
Não é confortável a situação do ex-presidente José Sarney (PMDB) face à revelação do teor das conversas com o ex-senador e ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Por mais que se use o argumento de que foram conversas “privadas”, que elas não revelam uma ação efetiva, e que no geral foram manifestações de opinião e avaliações sobre o cenário político, não dá para o cidadão comum não se surpreender e não afundar na perplexidade com algumas declarações do ex-chefe da Nação. Mais ainda falando abertamente e trocando impressões sobre temas gravíssimos com um político do baixo clero, que foi um senador apagado e que só ganhou alguma projeção como presidente da Transpetro e, nessa condição, agora se sabe, operou  somas milionárias para as campanhas do PMDB.
Para quem conhece os meandros da política e tem noção clara de quanto é pesada a guerra pelo poder é possível compreender algumas frases que soam fortemente para a maioria. O ex-presidente da República trocava com um amigo (que amigo canalha, heim?!) impressões sobre o rolo-compressor que é a Operação Lava Jato e tentavam alinhavar caminhos para “ajudar” parceiros apanhados pela rede das delações. As sugestões vão de simples manobras até planos mirabolantes de “amolecer” ministro do Supremo Tribunal Federal, especialmente o relator da Operação, Teori Zavaski, um magistrado de reputação irretocável. Outros diálogos revelam um Sarney ora inseguro, ora irritado e ora meio atordoado, insistentemente provocado por Sérgio Machado e respondendo com monossílabos, às vezes parecendo incomodado. O mais chocante, até mesmo para quem o conhece, é ouvi-lo, preocupado, como se estivesse amedrontado.
Mesmo considerando o fato de que foram conversas fechadas, nas quais os interlocutores falam mais abertamente, é absolutamente desapontador ouvir José Sarney se referir de maneira tão inadequada a ministros do Supremo Tribunal Federal, sugerindo que o Brasil caminha para uma ditadura do Judiciário, avaliando que essa será, se vingar, a pior das ditaduras.
A bombástica e surpreendente revelação sugere uma série de indagações. Como pôde José Sarney, aos 86 anos e quase 60 anos de praia, cair numa cilada armada por um político mequetrefe como Sérgio Machado? Onde estava o faro da raposa experiente, que construiu uma carreira que inclui cinco anos de Presidência da República, três anos e meio como governador do Estado e oito anos de presidência do Senado e Congresso Nacional? Como se explica que um az da política que conviveu os mais importantes líderes da segunda metade do século passado para cá, como Carlos Lacerda, Juscelino Kubitschek, Tancredo Neves, se bateu com Leonel Brizola e Neiva Moreira, para citar alguns exemplos se encontra agora constrangido por um golpe tão primário? Enfim, como o político consagrado como comandante da transição da ditadura para a democracia, e que tinha até agora a fama de ouvir muito e falar pouco, caiu numa cilada dessas?
São indagações difíceis de responder, porque tudo o que está acontecendo no momento com um dos mais experientes políticos da República parece ser uma recomendação um tanto enfática de que está na hora de ele se recolher e mergulhar nas suas memórias e esperar que a História o julgue. Afinal, Os Renans, os Jucás e os Machados da vida podem, e devem, responder pelos seus malfeitos e acertar suas contas com a Justiça.
fonte: Repórter Tempo