Incêndios deixam Caxias em estado de calamidade
Incêndio destrói moradia, causando medo nos moradores, especialmente ma zona rural (foto Divulgação) |
O município de Caxias está em estado de calamidade pública. Em cerca de duas semanas 322 focos de incêndio e queimadas florestais foram registrados. Cerca de 90 famílias estão desabrigadas e 30 casas foram destruídas. Somente nas últimas 72 horas o fogo atingiu os arredores dos povoados Nazaré do Bruno, Engenho d´Água, Fortaleza, Vila Nova, Floresta, Cajazeiras e Bom Jardim. O governador Flávio Dino (PCdoB) decretou estado de emergência e medidas de combate aos focos de incêndio.
Mata seca, baixa umidade relativa do ar e fortes ventos fazem o fogo se espalhar com velocidade até alcançar casas, plantações e animais. Já está no município desde sábado (15) um helicóptero, cedido pelo Governo do Estado, para ajudar no combate aos focos de incêndio que se alastraram, principalmente, na zona rural.
Embora tenha uma unidade do Corpo de Bombeiros em Caxias, esta não tem conseguido atender o grande número de chamadas para conter novos focos de incêndios registrados nos últimos dias. Na noite de sábado, 15, por exemplo, mais um foco de incêndio foi registrado na localidade Lamego, próximo ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA).
Os moradores entram em pânico e ficam assustados com as labaredas. A Prefeitura acabou decretando estado de emergência no município e uma força tarefa coordenada pela Defesa Civil foi criada para ajudar tanto as vítimas, quanto ajudar a conter novos focos de incêndio com a ajuda de carros-pipa.
A própria população está ajudando e está lançando campanhas de arrecadação de alimentos, roupas e mobília para doar às vítimas dos incêndios. Uma dessas campanhas é liderada pela Diocese de Caxias, que começou no sábado, 15, a distribuição do material arrecadado.
Segundo o bispo dom Vilssom Basso, a equipe da Diocese percorreu as localidades atingidas, fez um levantamento dos casos mais graves e também um cadastro com as necessidades mais urgentes das vítimas dos incêndios. E em seguida distribuiu o que foi arrecadado.
Emergência
Uma força tarefa foi organizada, reunindo secretarias estaduais e órgãos de segurança. O secretário de Estado de Agricultura Familiar (SAF), Adelmo Soares; o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Célio Roberto, e o comandante do Centro Tático Aéreo, coronel Ismael Fonseca, estiveram no município, traçando estratégias emergenciais para superação dos danos.
Estão sendo distribuídas mil cestas básicas direcionadas a cerca de 100 famílias que estão desabrigadas pelo incêndio nos municípios de Caxias, Governador Luiz Rocha, Duque Bacelar, Matões e Parnarama, garantindo a alimentação por pelo menos um mês.
A Agência Estadual de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Agerp) está fazendo um levantamento de todos os animais e área agrícola que foram perdidos, os moradores estão absolutamente sem condições até para alimentar os animais que sobreviveram.
O secretário de Estado da Agricultura, Adelmo Soares informou que, a partir de um cadastro, as famílias que perderam suas casas terão novos lares construídos pela Secretaria de Estado de Cidades (Secid).
Reginaldo Gomes da Silva, 52 anos, que teve a residência destruída pelo fogo disse que é duro falar sobre o que aconteceu. “Foi muito dolorido, mas graças a Deus estamos vivos”, disse.
Combate
A estiagem potencializa outro desastre natural, que é o incêndio florestal. “Nesta região com vários focos, eles acontecem exatamente pela vegetação seca, somada a ventos fortes e baixa umidade do ar. Com isso, as queimadas passam a se propagar levando o que está na frente”, destacou coronel Célio Roberto.
O comandante disse também que o combate aéreo é necessário para fazer os combates diretos nos pontos mais distantes e de difícil acesso. “A nossa tropa que está por terra trabalha com os aceiros (técnica para impedir que o fogo se propague), garantindo segurança às comunidades que ainda estão suscetíveis de serem atingidas”, explicou.
O Corpo de Bombeiros orienta a população que, considerando o estado climático mais propenso a queimadas, para não tocar fogo em roças e terrenos. Essa prática, apesar de ser combatida, ainda é comum e é uma das principais causas de incêndio e queimada, que se espalham por longas distâncias.
Decreto
No decreto do governador consta que os órgãos que compõem o Sistema Estadual de Proteção e Defesa Civil a prestarem apoio suplementar técnico e operacional no âmbito das áreas afetadas por queimadas e incêndios florestais, mediante prévia articulação e integração com a Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil.
O documento considera que o grande número de incêndios provocados pela prolongada estiagem oferece riscos de prejuízos econômicos públicos e privados, danos humanos, materiais e principalmente ambientais incalculáveis. A partir dele, uma das medidas facilitadas é a contratação extra de aeronaves e caminhões-pipa, contratos de aquisição de bens necessários às atividades de prestação de serviços e de obras relacionadas com a reabilitação do cenário das regiões atingidas.
De acordo com o decreto, atualmente todas as regiões do Maranhão estão sendo afetadas pelas queimadas e incêndios florestais, atingido terras indígenas, biomas e áreas protegidas por legislação ambiental estadual e federal.
“Fica autorizada a convocação de voluntários para reforçar as ações de resposta e a realização de campanhas de arrecadação de recursos junto à comunidade, com o objetivo de facilitar as ações de assistência à população afetada, sob a coordenação e supervisão da Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil”, diz trecho do decreto.
Saiba mais
Focos de incêndio no Maranhão e no Brasil
O Maranhão é o quarto estado da Federação em números de queimadas e incêndios florestais com 6.508 focos registrados, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Ainda de acordo com o instituto, sobre o mapa de risco de queimadas e incêndios florestais no Brasil, o Maranhão está na seguinte situação: 159 municípios em situação de risco crítico, 19 com risco alto e 5 com risco médio. Até sexta-feira, 14, foram registrados no Brasil 73.946 focos de queimadas e incêndios florestais.
fonte: O Estado