COVID-19: Uma reflexão do momento em que vivemos
Rosângela dá Cruz
Terapeuta e Acupunturista
Ac. de Farmácia
A pandemia repercute no modelo de economia capitalista neoliberal orientado para
privatização e lei do mercado, expondo que os países que mais privatizaram a saúde são
aqueles que enfrentam mais dificuldades de contingenciamento da pandemia, como os
Estados Unidos, nesse cenário, a pandemia assume função alegórica à medida que traz à tona
possibilidades de interpretação da realidade ou de pensamentos que sustentam as relações
sociais e que, até então, estavam no campo da invisibilidade, especialmente as formas
articuladas de dominação dos três unicórnios sociais: Capitalismo, Colonialismo e Patriarcado.
Em conjunto, eles formam uma tríade poderosa que atua sobre a lógica de organização e
funcionamento das sociedades. O cenário da pandemia torna transparente a visão binária
capitalista (Superiores e Inferiores) que reforça as disparidades sociais, legitimando a má
distribuição de riquezas, a manipulação de pensamentos, a dominação cultural, a exploração
capitalista, a existência de desigualdades sociais e dos modos de vida que colocam em risco a
sobrevivência da humanidade e do planeta.
Atrelado a essa perspectiva do campo político, o que chama atenção, é que a pandemia revela
o esvaziamento da mediação dos intelectuais no que tange à produção de suas teorias e de
suas teorizações e o alcance destas em relação aos anseios e necessidades dos cidadãos em
suas vidas cotidianas, visto que a maioria dos intelectuais pensa e produz sobre o mundo, mas
não pensa e produz com o mundo, o Isolamento Social, discute a experiência de uma
quarentena imposta pela pandemia do novo coronavírus, em que aqueles grupos
vulnerabilizados pela discriminação racial, sexual e pela exploração capitalista, já vivem em
detrimento das suas condições de vida. Para o autor, toda quarentena é difícil, e
discriminatória para alguns e impossível para outros e, por isso, se propõe a analisá-la a partir
da perspectiva de, idosos, crianças, grupos de riscos, pessoas em situação de rua, imigrantes
sem documentos, trabalhadores precários e informais, moradores de periferias e deficientes.
analisarmos a quarentena sob a ótica desses grupos, propõe-se uma reflexão sobre as
recomendações de autoisolamento e distanciamento social proposta pela Organização
Mundial da Saúde (OMS). Embora essas recomendações possam ser efetivas para a classe
média, não contemplam os cidadãos submetidos a condições de discriminação, injustiça social
e sofrimento, de modo que as ausências de suas liberdades individuais, de direito à cidadania,
ao cuidado de si, à cidade e ao trabalho formal que lhes garantam renda para a manutenção
das mínimas condições de higiene e alimentação lhes expõem diariamente ao maior risco de
contaminação pelo vírus.
A medida em que alguns grupos têm permanecido à margem de direitos básicos, eles já
vivenciam historicamente quarentenas em seus cotidianos e também propõe reflexões sobre
esses períodos que representam os seus modos de vida. Por fim, chama atenção para o fato de
que, contrariamente ao que é evidenciado pela mídia e organismos internacionais, o
isolamento, não somente evidencia esses grupos, como agudiza a injustiça e o sofrimento que
vivem. Diante da Intensa Pedagogia do Vírus: Temos vários aprendizados que, extraídos do cenário da pandemia como aprendizagens tais como: O tempo político e “mediático”
condiciona o modo como a sociedade contemporânea se apercebe dos riscos que corre; As
pandemias não matam tão indiscriminadamente quanto se julga; Enquanto modelo social, o
capitalismo não tem futuro. A extrema-direita e a direita hiper-neoliberal ficam
definitivamente descreditadas; O colonialismo e o patriarcado estão vivos e reforçam-se nos
momentos de crise aguda; O regresso do Estado e da comunidade. Então por meio uma
abordagem sobre o “Aprender com a Pandemia”. Também se aborda a articulação entre a
pandemia e os problemas mais antigos (como sociais e ecológicos) que a humanidade
enfrenta e que se tornam acirrados e visíveis em tempos de crise, especialmente devido aos
limites impostos ao Estado pelo capitalismo neoliberal advindo da política de privatização dos
serviços de saúde, a busca por respostas a momentos e situações de crise se dá de formas
diferentes, conforme os interesses econômicos e políticos que sustentam os modelos de
sociedades neoliberais, cuja hegemonia social e política está fundamentada em concepções
de extrema-direita e da direita hiper-neoliberal. Essas concepções têm passado por processos
de descrédito à medida que as pessoas têm tomado consciência de seus objetivos financeiros
e suas trágicas consequências globais, ao passo que o colonialismo e o patriarcado continuam
exercendo poder e encontram terreno fértil para se fortalecerem em crises agudas. Em tese
essa questão coloca, como fatores culturais, políticos, econômicos, sociais e ideológicos
atuam como determinantes sociais da saúde e podem colocar populações em risco. Então a
necessidade de discute-se, que as sociedades terão de se adaptar ao futuro, a fim de evitar
que surjam novas pandemias tão ou mais letais quanto a atual. Ênfase especial é dada à
reflexão sobre quais alternativas serão encontradas: se aquelas que buscam o retorno ao
antigo normal ou aquelas que buscam a promoção do bem-estar, a partir de mudanças nos
modos de produção e consumo.
REFERÊNCIAS:
1. Sousa Santos B. A cruel pedagogia do vírus. Coimbra: Almedina; 2020.
2. Scielosp.org