Flávio Dino diz que Bolsonaro apenas entrega obras de Lula e Dilma: "Não há obras iniciadas por ele. Nenhum programa novo"
A pouco mais de dois anos do primeiro turno da próxima eleição presidencial, Jair Bolsonaro (sem partido) já vestiu o uniforme de candidato à reeleição e trocou a bolha das redes sociais pelo contato com o público em inaugurações de obras pelo país.
O contexto ainda é de pandemia e a Covid-19 já matou mais de 100 mil pessoas no Brasil, mas, geralmente sem máscara e provocando aglomerações, nesta terça-feira (18) Bolsonaro chega à sua 16ª viagem oficial do ano —contabilizadas apenas aquelas que foram divulgadas à imprensa.
Dez delas foram realizadas em julho e agosto.
O número de pousos e decolagens só não foi maior porque o presidente teve de ficar trancado por cerca de 20 dias no Palácio da Alvorada após ser infectado pelo novo coronavírus.
O presidente já disse que tem a intenção de visitar pelo menos dois estados por semana.
Os focos são o Nordeste e o Sudeste. Dos sete estados visitados desde que se recuperou da Covid-19, apenas um era no Sul —Rio Grande do Sul— e outro no Norte —Pará. O Nordeste teve três estados visitados —Piaúi, Bahia e Sergipe—, enquanto o Sudeste, dois —São Paulo e Rio de Janeiro.
A participação de Bolsonaro em inaugurações pelo país era cobrança recorrente de seus novos aliados do centrão —grupo de congressistas liderado por PP, PL e Republicanos—, que reclamavam que governadores adversários capitalizavam politicamente em cima de obras feitas com recursos federais.
O presidente, então, passou a rodar o país para cortar a fita e assumir a paternidade de empreendimentos, mesmo que tenham sido iniciados em governos passados.
Os Ministérios da Infraestrutura e do Desenvolvimento Regional têm uma lista de obras apresentada ao chefe do Executivo para que ele escolha os locais que quer visitar até o fim do ano.
Opositores procuram minimizar os efeitos da ofensiva eleitoral do presidente.
“Nitidamente, ele está querendo compensar no Nordeste o que perdeu no Sudeste. Penso, contudo, que só conseguiria isso se fizesse mais do que simplesmente inaugurar obras dos governos Lula e Dilma“, disse o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B).
“Não há obras iniciadas por ele. Nenhum programa novo. Ele só está visitando obras alheias e mudando nome de programas já existentes“, disse o governador. Com informações da Folha de São Paulo.