Riacho Ponte: memórias de Caxias
O governo do Maranhão, juntamente com a prefeitura de Caxias realizaram a entrega da reforma e construção do novo espaço da Piscina do Riacho Ponte em Caxias.
A apesar do trabalho de revitalização e de infraestrutura realizado no local como praça, parque infantil e iluminação, moradores reclamam que esgotos domésticos e a céu aberto continuam sendo despejados no leito do corrego.
O riacho Ponte é um dos mananciais mais importantes do município.
Buscando como fonte um artigo publicado no jornal 'O Pioneiro', intitulado (Riacho Ponte), no ano de 1983 produzido pelo escritor membro da Academia Maranhense de Letras Raimundo Carvalho Guimarães.
O Riacho Ponte nasce três léguas distante de sua foz no ria Itapeauru, no lugar chamado Soledade, nas proximidades do sitio Inhamum de propriedade do Dr. Paulo Rocha Matos e seus irmãos por herança de seu pai Pedro. Depois tombado como reserva ecológica.
Francisco de Matos, grande comerciante em Caxias, na Rua do Sol canto com a praça da Matriz. Pedro Matos, jornalista, fundou com o poeta e jornalista B. Pires, o jornal semanário Belo Horizonte que circulou por vários anos em Caxias, na década de 1910. O Riacho Ponte, depois de percorrer alguns quilômetros de seu nascedouro formado por pequenos lagos, desaparece por baixo da terra, reaparecendo logo após uns duzentos metros de forma que por cima desse sumidouro forma-se uma ponte natural que é atravessada por uma estrada. Dessa ponte natural vem o derivativo — Riacho Ponte.
As belezas desse poético ribeiro de águas límpidas e transparentes, deslisando por sobre brancas areias, constituindo as suas margens verdejantes, luxuriante vegetação, em amenas e lindas paisagens sempre inspiraram os poetas da terra que tem sido um ninho de vates famosos. Num declive abrupto, nas proximidades de sua foz no itapecuru forma-se uma bela cachoeira a que chamam Roncador, onde se deliciam os banhistas. O populoso bairro Ponte aí está plantado, ligado no bairro Tresidela por ruas asfaltadas de dois quilômetros. Estas ruas tinham os seus nomes antigos de Rua dos Prazeres. Rua da Saudade, Rua dos Amores, Rua dos Encantos. Entre os dois bairros há uma ponte hoje de concreto a que se dava o nome de Ponta dos Amores. A rua junto à fonte dos banhos tinha a denominação de, Estou me Despindo e a fonte da lavanderia tinha o nome de Logo Volto. Na primeira metade do século passado [retrasado] residia nesse povoado o Coronel João Antônio Marques, espirito alegre e jovial de belas e excelentes virtudes, de inestimáveis serviços prestados à comunidade, autor dessas sugestivas e expressivas designações de logradouros públicos.
No bairro Ponte foram construídas, nos anos de 1880, fábricas têxteis da Companhia União Caxiense, denominadas a 'União' e a 'Industrial', grande empreendimento para a época, graça à vontade do Dr. Francisco Dias Carneiro. Essas fábricas foram fechadas na década de 1930. A sua maquinária antiquada e obsoleta não condizia mais com o desenvolvimento progressivo da indústria. Seus sólidos prédios construídos em estrutura metálica, em um desses terrenos da fábrica, 'União', funciona a Unidade Escolar de 2° grau Aluízio Azevedo e na antiga fábrica Industrial adquirida pela firma Francisco Castro, foi instalada à época a granda fábrica de óleo Francastro.
O bairro Ponte se transformou em bela cidade de construções modernas e habitações condignas e às margens do riacho, confortáveis vivendas com nomes cheios de poesia. O grande Dias Carneiro, advogado, poeta jornalista, deputado à Assembleia Nacional e à Assembleia Provincial ali construiu a sua vivenda a que deu o nome romântico de 'Parnaso', onde viveu e morreu no dia 17 de janeiro de 1896 embalado pelo cantar da passarada, a cuja criação se dedicava, imitando o seu canto, atraindo, assim, aves e pássaros, para a alimentação costumeira. Essa vivenda pertence hoje ao Coronel Aviador José Armando Moreira Fonseca. Na área do sitio Parnaso, foram construídas outras vivendas: a Nova Friburgo do Cel. Cesário Fernandes Lima comerciante com indústria de beneficiamento de arroz, beneficiamento e prensagem de algodão atualmente pertencente a seu neto Silvestre Lima da Silva e a nova Tijuca, da família de Major Honorato Fernandes Lima fazendeiro e agricultor na fazenda São Benedito, do 3° Distrito, de Caxias. O sitio Nova Tijuca com a morte do Major Honorato coube por herança ao seu filho o engenheiro civil Dr. Benedito Viera Lima pertencente hoje à família do Desembargador Arthur de Almada Lima, seu sobrinho.
Seguem-se outros sítios. o de Camilo Guedes de Azeredo português, estabelecido com comércio em Caxias onde era Cônsul de sua pátria, o de Francisco de Moura Carvalho, prefeito Municipal de Caxias, o de Caetano de Moura Carvalho (irmão do precedente, gerente da fábricas de tecidos «Industrial». O sitio Tietê. de José Alexandre da Silva Oliveira sócio da firma comercial Guimarães & Cia. cujo chefe, o português Antônio Joaquim Ferreira Guimarães era o proprietário das fábricas de tecidos (industrial) e (Manufatura), sendo hoje a sede do Clube dos Bancários. O sitio Pitombeira, residência de João Figueiredo Bastos, figura insinuante e simpática gerente do Grupo Ferraz & Cia., de Teresina arrendante das fábricas de tecidos já pertencentes ao novo proprietário José Ferreira Guimarães Júnior. O seu filho o engenheiro Dr. Alcindo Cruz Guimarães, Prefeito de Caxias, deputado estadual, Presidente da Assembleia Legislativa do Estado, construiu a bela vivenda que denominou «Cantinho do Céu,» hoje pertencente ao deputado estadual. Tabelião do e Oficio da Comarca de Caxias Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, prefeito de Caxias em dois mandatos, Aluízio de Abreu Lobo. O sitio Belém, bem próximo ao Roncador, magnifica vivenda do comerciante Francisco Felix Costa vinda de seu pai Samuel da Silva Félix pessoa de alta respeitabilidade, de sentimentos profundamente cristãos, foi adquirida, por compra do Dr. Myron de Moura Pedreira, o humanitário médico caxiense, cuja saudosa memória é reverenciada continuadamente pelos seus conterrâneos. Ali próximo, localiza-se o sitio que pertenceu ao Sr. Alfredo Cunha, proprietário por longos anos, nos idos de 1902 a 1920, do conhecido Hotel Cunha, na rua do Sol. n° 18, em Caxias. Assim também, o sitio do Cel. Benedito Joaquim da Silva, o primeiro Prefeito de Caxias na Revolução de 1930, antigo comerciante, sócio-gerente do Grupo Roberto Wall e Cia., com comércio de importação e exportação na rua Conselheiro Sinval em Caxias e Empresa de Navegação, com diversos vapores trafegando entre São Luís e Caxias, que floresceu nas duas primeiras décadas deste século.
Caxias é servida pela melhor e mais, pura água que se conhece que é a do riacho Ponte. Do lugar Maria do Rosário, as suas águas são captadas em tubulações para o reservatório construído na fralda do Morro do Alecrim e dali distribuída para toda a cidade.
Com grande afluência é festejado Santo Antônio o Padroeiro do bairro no mês de junho de cada ano em sua igreja erigida no alto de um morro, ainda pelos Jesuítas.
Roncador
No local denominado antigamente de “Roncador”, a que o articulista se refere acima por mais de uma vez, existe hoje uma movimentadíssima piscina pública (Balneário “Sen. Clodomir Millet”, construção arrojada do prefeito-eleito de Caxias, empresário José Ferreira de Castro em sua primeira gestão na Prefeitura Municipal de Caxias, com bares, clubes de danças e uma porção de atrativos outros em derredor. Agora restabelecida pelo atual prefeito caxiense.
Texto: Alberto Pessoa, jornalista e membro do IHGC