Catulé critica clima
antecipado das próximas eleições e diverge de posicionamento de líder do governo em relação a nota que critica a postura
de colega no legislativo de
Caxias
No espaço reservado ao grande expediente
na sessão da Câmara Municipal de Caxias (CMC), desta segunda-feira (08), dois
vereadores, Catulé (Republicanos) e Charles James (Solidariedade), usaram a
tribuna da casa.
Antes
de iniciarem, predominava no ar certa adversidade, pelo fato de Catulé não ter
concordado com uma nota que criticava a postura do vereador Daniel Barros
(PDT), que, ao lado do ex-prefeito Paulo Marinho Júnior, usaram as redes
sociais na tentativa de impedir que os camelôs venham a deixar a área central
do comércio de Caxias, como está programado, após a inauguração do Shopping da
Gente Deputado José Gentil, para onde todos sindicalizados serão transferidos
no espaço de 90 dias, inclusive com uma ajuda de custo de 500 reais por mês a
cada um, nesse período.
O
imbróglio, porém, estava além disso e revelaria fatos dos bastidores da própria
base do governo na CMC, tudo dando a entender que o vereador decano do
parlamento caxiense romperia com o prefeito Fábio Gentil durante a sessão,
situação que não ocorreu.
Falando
primeiro, em tom de desabafo, o vereador Catulé voltou a alertar a casa sobre o
fato de setores do segmento político da cidade estarem antecipando o período
eleitoral do próximo ano, refletindo que a antecipação das eleições de 2024
sairá cara em todos os aspectos e em todos sentidos para a cidade, porque os
caxienses têm ainda mais de um ano, aproximadamente um ano e seis meses, e a
lei só permite 45 dias de campanha.
Dizendo que não estava questionando
momentos de justiça e determinação, o vereador decano da CMC destacou que essa
antecipação será prejudicial à classe política local, por várias razões, entre
elas, aquele avanço substancial que sempre ocorre nos redutos eleitorais dos
políticos com mandato, que só tem a desagradar os envolvidos e prejudicados.
“Fui
a primeira vítima nesse aspecto. Na minha região (2º Distrito), apareceu uma
senhora com um caderno e um lápis, chamando todos os funcionários daquela
região, para dizer-lhes que daquele
momento em diante quem não fosse o prefeito Fábio Gentil estaria fora, e que
ela iria trazer para o município um candidato
chamado Gil Cutrim, autorizada pelo prefeito Fábio Gentil. Eu até agora
não sei se isso tem fundamento, eu não sei se isso tem verdade, até porque o
nosso prefeito sempre age de forma estranha e de forma que a gente não perceba onde
está as digitais dele”, salientou.
O
vereador deixou claro aos pares que já tinha antes vivido na casa momentos como
esse, exatamente por três vezes, e em nenhuma delas, se isso se concretizar,
lhe deixou retraído, ou lhe impediu do embate. “Muito pelo contrário. Isso
acende mais o fogo da luta e da prosperidade do vereador
Catulé. Vivi isso, colega Ximenes, por três vezes, e a primeira foi nos anos
1990, e continuo aqui nesta casa”, ressaltou.
E,
enfatizou mais: “Hoje no município de Caxias não se sabe mais o que é verdade e
o que não é, até porque os urubus ficam rodeando por onde, por ventura estiver,
cheiro de carniça. Já era plano meu, se o Catulé Júnior, meu filho, tivesse
sido eleito, essa seria a última disputa do vereador Catulé. Mas, em decorrência de nós não termos sido
satisfatórios nessa empreitada, e às flechas que são atiradas contra mim no
escuro, eu resolvi me reinventar e partir para o embate que vier, para a luta
que se precisar travar, aqui ou fora daqui. Só posso dizer aos senhores que é
uma luta muito difícil quando o inimigo não mostra a cara, quando o inimigo
está nas coxias escondido e usando incautos e subservientes para atacar os seus
adversários, simplesmente por inveja”, denunciou.
De
acordo ele, nesta terra de Santo Rei, como observou, qualquer um pode ser o que
quiser, candidato a vereador, candidato a prefeito. No entanto, foi bem claro:
“Se meu filho, que começa a carreira, for candidato a prefeito, nesta cidade ou
a qualquer cargo, eu estarei junto com ele para o que der e o que vier. Nós
somos uma família organizada. Nós não choramos no caixão daqueles que aparecem
por conta do infortúnio. Nós não batemos palma para aqueles que morrem, porque
vão deixar o local para terceiros fazerem trampolim na política. Não choro à
toa. Só choro se tiver algum sentimento dentro de mim. E meus sentimentos são
iguais aos de todos os seres humanos. Mas posso dizer que a deformação de
caráter, quando as pessoas acham que serão eternos no poder… não, aqueles que
acharam que nesta noite, nesse momento, o vereador Catulé faria um discurso
estridente, atacando quem quer que seja, errou. Neste momento, o vereador
Catulé tem de ter paciência, ouvir muito, e aguardar o tempo”, informou.
Catulé
disse também aos pares que nunca foi subserviente na vida, enfatizando que seu
comportamento desagrada o prefeito que foi composto pelas pessoas que o
ajudaram a chegar. Segundo ele, a política em Caxias, hoje, não é a disputa
pelo poder para servir ao povo, mas um negócio onde o sujeito vende parte da
mãe, parte do pai e parte do povo caxiense, para que possa dar continuidade nos
seus planos, mesmo que sejam macabros. E acrescentou que irá aguardar os
acontecimentos para tomar uma posição, porque não quer se antecipar, muito
embora, se for uma coisa contrária contra ele, se for uma coisa maquinada,
voltará à tribuna da casa da forma que sabe fazer, que aprendeu e da forma que
deve ser feita, respeitando, inclusive, se for necessário ir para a oposição,
os nobres companheiros, a opinião de todos,
e, sobretudo, a posição da casa legislativa.
Concluindo,
ele enfatizou que teve razão de sobra para votar contra a proposição que
defenestrava o colega Daniel Barros (PDT), no caso dele interferir para os
camelôs não deixarem o centro da cidade, só por ele fazer oposição.
Como
é que eu estou convivendo aqui com os colegas... como é que eu já vi nesta casa
as coisas mais espúrias que você pode imaginar, no passado... como é que eu sei
o que essa caixa de pandora é e essa Câmara de Vereadores... e eu vou votar contra
um colega para agradar a prefeito. Eu vou votar contra um colega e isso amanhã
vem contra. Esta casa viu. Todos os senhores viram. Queriam criar uma comissão
de ética para perseguir dois vereadores. Vocês estão esquecidos! Pois o feitiço
virou contra o feiticeiro! Eu disse isso aqui. Outros colegas cometeram delitos
que poderiam estar até na cadeia, e eu aqui disse, olhe se nós tivéssemos
essa comissão de ética! Mas um erro qualquer pessoa pode incorrer. Quem tá na
oposição não tem as benesses do governo. Aí o sujeito tem que se virar nos 30,
tem que correr atrás e a gente tem de saber também para onde está indo o povo”,
acrescentou.
Catulé
disse ainda que na Câmara é muito difícil um amigo dar a mão para outro, porque
ninguém é de ninguém na casa, infelizmente. No seu entendimento, se houvesse
união dentro do legislativo, o mais forte grupo da história de Caxias, uma casa
que tem poder para tudo e que funciona da mesma forma da assembleia estadual,
pois segue as mesmas leis do congresso nacional, o que é preciso fazer é
aglutinar forças e não por trás os parlamentares ficarem se matando uns aos
outros.
“Nem
a gente se certificou, se o trem vai, se o trem fica, e já tinha gente aqui
pedindo os meus cargos com o prefeito. Quem me disse foi ele! Não vou dar nome
por respeito aos colegas, cada um faça o que quiser. Eu nasci para legislar.
Deus e o povo desta cidade me deram todos esses mandatos. E quando a gente
pensa em tomar outro rumo, em deixar esta casa do povo, acontece alguma coisa
para lhe estimular muito… Por isso é que se diz que só tem a porta de entrada
na política”, admitiu.
E,
finalizando: “E agora, vereador Charles James, eu tive razões de sobra para me
reinventar agora, pra poder trabalhar com mais gás. Não sou mais homem nem mais
sabido do ninguém nesta casa. Eu sou um aprendiz, porque eu nunca na vida
entendi o que é a política, porque todo dia eu penso que sei uma coisa e
aparece um fato novo, e só fato ordinário, só apunhalada, porque só os
bandidos, senhor presidente, apunhalam pelas costas. E eu, se alguém pensar, o
passou pela cabeça que eu teria um discurso estridente, se frustou, errou. Eu
preciso aguardar para ver os acontecimentos, porque o disse não disse e o
incentivo daqueles que querem ver o circo pegar fogo é imenso. Então, o tempo é
o senhor da razão, e quem sabe que pode
esperar, nada perde”.
Sucedendo
o vereador Catulé, o líder do governo Charles James não fez contraposições às
argumentações do colega, preferindo ater-se à defesa da nota de repúdio e
esclarecimentos sobre a conduta do vereador Daniel Barros em relação à retirada
dos camelôs do centro de Caxias para acomodá-los no novo shopping popular recém
inaugurado pela prefeitura na avenida Otávio Passos. Para James, a nota assinada por muitos
vereadores e vereadoras da base do governo não é contra a opinião que o
vereador oposicionista tem da questão, mas porque desrespeitou decisões que
foram votadas até por ele mesmo na casa.
O
líder do governo, então, deu prosseguimento à sua fala, ressaltando homenagem a
sua avó, D. Teresinha, que faleceu aos 90 anos de idade no fim de semana, no
povoado Cabeceira dos Cavalos. Segundo James, D. Teresinha foi uma pessoa
exemplar, religiosa fervorosa desde a juventude, que, como poucas, guardou e
seguiu os ensinamentos de Deus e de Jesus Cristo, além de muito ter colaborado
para educar toda a família, por curiosidade, a partir de seu trabalho como
ambulante nos mercados de Caxias e feiras da região.
Em
aparte a Charles James, o vereador Antônio Ramos (Republicanos) se solidarizou com
o colega, louvando o trabalho do prefeito Fábio Gentil de ter construído um
local especial e confortável a todos os ambulantes da área central de Caxias.
Para ele, o trabalho escolhido pela avó da
liderança e com o qual pode até formar filhos e netos, foi uma coisa das mais
dignas nesta vida. E disse que sabia do que estava falando, porque lembrava do
seu passado nos idos dos anos 1970, quando chegou a Caxias vindo do interior, e
ser camelô foi a sua primeira profissão ao lado de seus familiares. (Ascom/CMC)